Fevereiro de 2014, só mais um dia normal de volta as aulas como em todos os outros: alunos pelos corredores procurando sua sala, reencontrando os amigos e outros implorando a coordenadora para mudar de sala porque não querem ficar separados dos amigos.
E no meio de toda essa bagunça, estou eu - Laila, 13 anos, com aparência de 15, nada de interessante ou atraente - sem nenhum ânimo para a nova série, nem mesmo para rever os amigos do ano passado, me dirigindo a sala de aula, ansiosa para pegar uma mesa no final da fila do meio, famoso ''cantinho do isolamento'' onde ninguém quer se sentar. O meu preferido.
- Todos em seus lugares! - Diz a nova professora de artes. Com uma voz suave, empolgada e aparentemente amigável. - Hoje é dia de apresentações, então vou começar! - diz ela, olhando para a turma por cima dos óculos enquanto escreve algo em seu diário escolar. - Meu nome é Elisa, sou professora de artes e vocês ão começar a ler sobre o assunto, o tempo de pintar e colar papel laminado em peixinhos acabou! Tenho 34 anos, uma memória muito boa e não dou ''só meio pontinho, professora!'' Comigo os pontinhos são conquistados! Mas não se preocupem, os meus métodos são menos rigorosos!
- Agora, quero conhecê-los! E vamos começar pela lista de chamada. Ninguém é obrigado a falar, mas eu já sei como funciona: esses que ficam caladinhos nas apresentações são os que mais conversam no decorrer dos dias.
Enquanto isso, rabisco algumas palavras, sem prestar muita atenção no que acontece quando alguém pede licença para entrar. Ouço os burburinhos, mas continuo concentrada em meus rabiscos.
- Temos um atrasadinho... Entra, rapaz! Aproveita que está em pé e já se apresenta para a turma. - Diz Elisa ajeitando o cabelo atrás das orelhas e novamente, olhando por cima dos óculos e dando um sorriso sarcástico.
Todos pararam para o olhar o rapaz, como um cordeiro indo para o abate, exceto eu, que continuei rabiscando meu caderno, certamente escrevendo algum poema. Quando de repente, vi o vulto de uma mão que tentava chamar minha atenção e ainda de cabeça baixa, ergui os olhos de cara fechada e quase tive um infarto. Era o sorriso mais lindo que eu já tinha visto na vida.
- Oi! Meu nome é Jessie e o seu?
- Hummm, legal! - disse demonstrando frustração por ter sido interrompida e por ter um intruso invadindo meu cantinho preferido.
- Você está escrevendo alguma cartinha de amor? - insistiu ele.
- Cartinhas de amor são coisa de mulherzinha! - Demonstrei irritação, falando em um tom áspero.
- E você é o que?
- Não é da sua conta. - disse quando a professora chamou para me apresentar.
- E você, mocinha. Parece que já fez amizade com o atrasadinho. Se apresente!
- Laila, professora!
- Hummmm... Laila Professora? Que sobrenome diferente!
Nesse momento todos riam da piada mais sem graça de todos os tempos. Eu olhei rapidamente para o Jessie. Não sei explicar, mas naquele momento eu só conseguia lembrar do seu sorriso lindo e não queria imaginar que ele pudesse sorrir com deboche de mim. Respirei fundo e respondi:
- Laila Rodrigues. 13 anos. Amo ler, odeio esportes e piadas sem graça!
Antes que a professora pudesse dizer algo, o sino tocou e era hora do intervalo.
- Laila! Laila! - Gritava minha amiga Vivi vindo em minha direção. - Laila! Que bom que você vai estudar a tarde. Parece que a maioria da galera passou para de manhã, aqueles traidores! Uma pena a gente não sair na mesma sala. Mas pelo menos vamos poder ficar juntas na hora do intervalo. Me fala, como foi de férias, como você está? Já perdeu o bv? Tem um menino lindo na minha sala, você precisa ver!
Eu amava a Vivi, mas não prestei a mínima atenção em nada do que ela disse. Eu estava estática olhando para o Jessie que sentou no banco de espera da biblioteca conversando com alguns garotos, que certamente eram seus amigos, um inclusive, estava em nossa sala.
- Laila? Laila? LAILA?! - Menina, você tá bem? Disse Vivi me chacoalhando!
- Oi! Oi! Eu tô bem sim! Não precisa gritar nem me fazer chocalho.
- Então responde, ora. Como foi de férias? Já deu seu primeiro bei... antes que ela pudesse terminar, eu interrompi.
- Shhhhh! Não precisamos falar disso! As férias foram ótimas!
- Que foi que você olha tanto para a biblioteca? Não me diga que já está querendo pegar um livro, a nerd?
- É, é isso mesmo. Vamos lá comigo? - Vivi sem querer me deu uma ideia para me aproximar de onde Jessie estava e poder observar de perto mais uma vez aquele sorriso lindo.
Se arrependimento matasse, jamais teria saído do meu lugar!
Quando nos aproximamos da biblioteca um dos meninos da roda de Jessie mexeu nos cumprimentou:
- Ooooiii, meninas! Tudo bem?
O nome dele era Emanuel e tinha um jeito de maloqueiro. Mas parecia ser gente boa.
- Cuidado, a de blusa cinza é bem brava! - Disse Jessie olhando para mim e sorrindo.
Minha vontade era dar uma resposta grosseira, mas o sorriso dele era tão lindo e o olhar tão encantador que só consegui sorrir de volta e dizer: - Nem sou assim, você que interrompeu meu momento de paz.
- Oh, me desculpa então, não vai mais acontecer! Vou até mudar de lugar!
Senti tanto ódio de mim mesma por ter dito aquilo. Na verdade, eu queria mesmo era que ele se sentasse ao meu lado e me contasse tudo sobre sua vida, seus sonhos, seus medos. Eu passaria horas e horas ouvindo.
Bateu o sino, voltamos para a sala, os professores se apresentaram, assim terminou o primeiro dia de aula e nada de especial aconteceu até o final da primeira semana de aula.
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Jessie - a história de amor que só existiu em meu coração
RomanceLaila entra n ginásio e está prestes a dar o seu tão sonhado primeiro beijo. Mas não imagina como isso irá causar uma verdadeira tempestade em sua vida por 10 anos. Seu primeiro amor tem tudo para ser único e eterno, mas o universo parece não cons...