O primeiro beijo dos sonhos - Ou não!

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Eu não conseguia entender o que estava acontecendo comigo. Não podia ouvir ninguém dizer o nome do Jessie, que eu já me tremia toda e se fosse voz de menina, eu já fechava a cara e ardia em ciúmes. 

Já nem queria ir para casa, queria que as aulas fossem em período integral. 

A professora de história havia passado um trabalho em dupla e eu aproveitei a oportunidade para convidar a Rose e assim falar sobre o Emanuel. Por incrível que pareça, estávamos em sintonia. A Rose também tinha interesse. A única diferença entre nós quatro é que eu era a B.V (boca virgem). 

Os dias seguiram, fiquei muito próxima da Rose. E então chegou uma sexta-feira, dia 20 de fevereiro. Um dia comum, normal como os outros, exceto por um detalhe: 

Emanuel chegou em mim e disse: 

- Hey! Hoje é aniversário do Jessie, ele disse que queria um beijo de presente! 

Dei de ombros, balançado a cabeça e saí andando. Eu queria MUITO beijar o Jessie, mas não conseguia ter uma iniciativa e ele também não tinha. 

Passou os dias e Jessie não estava indo para escola. Eu ficava inquieta, nervosa e sentia saudades mesmo sem nunca ter rolado nada. Então numa sexta-feira, dia 27 de fevereiro de 2004, perguntei a Emanuel se ele sabia de Jessie, ao que ele respondeu: 

- Ele está doente, mas disse que vem na escola hoje e que quer ficar com você! 

- Hoje? Comigo? Claro que não! - eu disse nervosa e querendo chorar de desespero. 

- Hoje sim! Você não quer? Coitado do cara! - Emanuel me olhou com uma cara de tristeza que dava impressão que eu estava sendo a pior pessoa do mundo. 

E logo em seguida a Rose pegou em minhas mãos e disse: 

- Vamos? Por favor! É minha chance de ficar com ele! - Fez uma carinha de gato esperando leite. 

- Tudo bem! - eu disse sem certeza de nada. 

Então Emanuel disse que na hora do intervalo iria pular o muro da escola pra avisar o Jessie. 

Assim o fez. E para meu desespero maior, fomos liberados mais cedo naquele dia. 

Eu tremia, minhas mãos suavam. Já tinha chupado umas 564 balinhas com medo de estar com bafo. 

Então os meninos se aproximaram e nos chamaram para ir ao fundo do anfiteatro da escola. Emanuel saiu segurando a Rose pela cintura e Jessie me perguntou se podia. Com os olhos arregalados de medo e nervosismo, assenti com a cabeça. E saímos abraçados. 

Foi o dia mais engraçado e mais difícil de toda a minha vida. 

Eu só pensava na minha mãe, em como iria contar pra ela. Parecia que ia perder a virgindade. 

Enquanto nosso casal de amigos já foi logo se pegando (o que me deixou mais nervosa), Jessie tentou duas vezes me beijar e eu me afastei. Então ele me abraçou apertado, com uma mão segurou meu rosto, com a outra me acarinhava me olhando no fundo dos olhos e disse: 

- Se acalma! Não quero que você se sinta pressionada. Quando você se sentir a vontade vai acontecer !

Meu mundo parou nesse momento. O olhar dele era tão doce, tão cheio de ternura, transmitia uma segurança e muita verdade em tudo o que ele dizia. 

Parecia coisa de cinema, tirando a parte dos nossos amigos estarem ali do lado muito empolgados por sinal, nem pareciam ser apenas dois adolescentes! 

Então eu disse: 

- Eu tô nervosa, mas vou contar até 3 e a gente se beija. 

Ele revirou os olhos sorrindo e disse: 

- Tudo bem, mas só se você quiser! 

Contei até três e a gente foi se aproximando lentamente, olhando fixamente um nos olhos do outro. Esse momento jamais sairá do meu coração. Até que nossas bocas se encontraram. 

Aquele era meu primeiro beijo dos sonhos - só que não! - Não durou mais que 10 segundos! 

Me afastei rapidamente, olhei para o Jessie e me desculpei. 

- Desculpa! - eu disse com cara de choro - Não posso continuar. E saí correndo. 

A sensação que eu tive era que o primeiro beijo era algo muito nojento e invasivo. Eu saí cuspindo para todo lado e morrendo de nojo. Jessie deve ter me achado uma louca! 

Depois desse dia ele saiu da escola e eu levei alguns meses até vê-lo novamente. 

Não queria beijá-lo de novo, mas queria ter ele por perto. Sentir todo aquele carinho, poder olhar por horas e horas em seu olhar e abraçá-lo infinitas vezes. 

Ficamos exatamente seis meses sem nos ver. Eu não sabia absolutamente nada sobre ele. Não sabia onde encontrá-lo. Foram os seis meses mais angustiantes da minha vida. 

Até me interessei por um garoto, o Yago do sétimo ano. E tivemos um namorico daqueles que só pegava na mão e dava selindo. Mas não foi nada demais. E em todo lugar que eu ia, sempre procurava o Jessie no meio da multidão. 

Mesmo em um curto espaço de tempo e um beijo de menos de 10 segundos, eu sentia que meu coração jamais pertenceria a outra pessoa se não a ele.  

Jessie - a história de amor que só existiu em meu coraçãoWhere stories live. Discover now