Capítulo 1 - Carta Final

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*Aviso: o primeiro capítulo retrata uma cena de suicídio, principalmente a 3 parte das divisões de ***, por favor se vc for muito sensível ou estiver passando  por algum momento difícil, pule essa parte.

*E gostaria d  pedir Desculpas se eu ofender alguem, nao tenho essa inteçao, muito pelo contrário. Mas tmb é muito difícil de retratar um tema tão sério desses, então peço desculpas e compreensão. Pelos erros de escrita, tmb sorry!

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         Tec, tec, tec... O som das gotas vem de uma pia quebrada na cozinha. O ambiente está tão quieto que harmonizo as gotas com as batidas da minha caneta, criando uma sinfonia simples, com o restante dos instrumentos na minha imaginação mesmo. As vozes dos vizinhos a gritos fazem a ópera acontecer, de sopranos a tenores, as vezes uns baixos dos roncos e peidos do velho John fazem um acompanhamento para enriquecer a obra. Tudo quieto no meu quarto? Sim, não falei que estava silencioso.

       Um prédio de 6 andares na região mais pobre e distante do coração de Nova York, não sei como ainda consegue se manter em pé, o que é um alívio para os desabrigados e desempregados, os dignos moradores do local, eu um deles, ilegal no país. Mas não por muito tempo, para coisinhas assim tenho uma bela solução, algo que comecei a desejar depois de muitos anos sem sentir absolutamente nada, realizar a vontade de não existir mais. Já que sou um fantasma para qualquer lugar desse mundo, vou concretizar o fato. Se não tem como apagar o passado então paramos o presente e impedimos que no futuro aconteça e seja lembrado... simples, simples.

      Algumas semanas vim planejando sem muitos critérios, apenas juntei o que me lembrava de um dia ter gostado: altura e adrenalina, com o objetivo de que seja algo certo. Lugar foi fácil pensar, não queria uma ponte, muito visível, queria ao menos uma vez ter o momento para me sentir única. Logo uns dias depois, ouvi o Dick - apelido carinhoso que dei ao Davies, um idiota que vivia coçando o saco e a bunda, cheirava a mão com se ali estivesse a resposta da cura da gonorreia que devia ter (sim, o cara não era nem um pouco agradável), e surpresa! O único empregado no prédio. Quando dopado de tanto whisky barato e outras coisas injetáveis e muito duvidosas, vivia gritando e resmungando sobre ser o filho bastardo de algum ricaço e por isso trabalhava no 432 Park Avenue, que era o manda chuva da área. Claro, todos estavam pouco se ferrando para se isso era verdade ou não, no entanto era uma chance para mim. Tenha um vizinho de ego distorcido e bêbado fofoqueiro, mais redes sociais (e uns conhecimentos de hacker) e você pode desenterrar toda vida de uma pessoa.

        Olha só! O Sir Dick é realmente um dos seguranças noturnos do 432 Park Avenue, o edifício residencial mais alto do mundo, dos ricaços para os podres de ricos. Filho de uma socialite e um multimilionário, pelos poucos registros e comentários, Dick e a mãe dele infernizaram tanto o pai, que o cara recebe pensão até hoje, aos 34 anos, só para se manter calado e longe das mídias, além de lhe garantir um emprego e permanência nele (deve ter sido o maior posto que aguentaram colocar o cara). O respeitável segurança prefere viver por aqui e usar o dinheiro da pensão para negócios ilegais, e se drogar, administrador nato esse ai! E claro que ele é o chefão da área, no entanto é de ser um pau mandado dos poderosos e suas questões ilícitas. Para caras assim mostre o osso e o chicote, deixa-o escolher, que de uma forma ou de outra leva para o mesmo caminho.

          Quatro dias atrás fui negociar com Dick, sai do meu quarto e caminhei por aqueles corredores de paredes descascadas, pedaços faltando, fiações e canos a mostra emitindo zumbidos de energia e pressão da água. Enquanto caminhava para o primeiro andar o fedor de mofo e umidade ficava mais intenso, as luzes iluminavam fracamente, ratos e baratas me acompanhavam na procissão ou só davam suas saudações ligeiras. Bati na porta descamada número 100 do meu vizinho em questão, a podridão de lixo e rato em decomposição era pungente, bati na porta até ele abrir. Com a cara amassada e remelenta, fedor de álcool e bafo de defunto, me recebeu com desgosto.

Cinzas - Trilogia Fênix vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora