Perdido - Part I

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-- Max? Quando tempo. Senti sua falta.

-- Nick?! Como você... o que você está fazendo aqui? - Não estávamos no meu quarto, era uma espécie de corredor... estava coberto de folhas, pareciam nascentes dessa parede, era estreita e tinham outras paredes, com a vista de cima, devia parecer um labirinto.

-- Não importa. - A voz dele falhou nessas duas palavras. - Eu não posso ficar aqui. Esta vindo Max, está vindo.

-- O que esta vindo? Nick? - Num piscar de olhos, ele desapareceu.

Resolvi começar a andar, minhas pernas estavam doendo, tinha andando bastante, e não cheguei a lugar nenhum; esse lugar não acaba mais... Estou com frio e faminto. Não sei o que fazer... Comecei a chorar, pedindo socorro bem baixo...

...

-- Maxi... eu não devia ter falado daquele jeito com você. - Não é possível, meus olhos ainda estão fechados, mas consigo sentir o ar frio e sem graça do manicômio. - Acorda. - Me sacudiu, me fazendo acordar por completo.

-- Grace?! - Gritei, com uma expressão de susto. - Como eu vim parar aqui? Como você veio parar aqui?

-- Eu vim à pé. E quando cheguei você estava dormindo.- A expressão no rosto dela mudou, e logo após colocou a mão no meu rosto. - O que é isso? - A mão dela estava manchada de sangue.

-- Eu não sei. - Me virei para o travesseiro e também estava manchado de sangue. Fui até o banheiro e limpei meu rosto. Era um corte. Quando voltei ao quarto Grace estava olhando minha escrivaninha:

-- Você que desenhou?

-- Não olha isso. - Eu tinha vergonha, eu sempre gostei muito de ler, então desenhava os lugares conforme minha imaginação, para não esquece-los, de fato.

-- Me fala. São lindos... com tanta vida, tanta... não dá para explicar. - Ela puxou a folha da minha mão, quando tentei pega-lá.

-- Sim, fui eu que fiz. - A imagem retratava o corpo de uma menina num beco, e uma luz azul subindo para o céu. - É a 'Pequena Vendedora de Fósforos', sempre adorei essa história.- Ela sorriu.

-- Srta. Clow? - Grace olhou para porta, era uma das coordenadoras daqui.- O horário de visita acabou.

-- Já vou. - A moça saiu para esperá-lá do lado de fora. Se virou para mim. - Eu volto assim que puder, e você me mostra o resto dos desenhos, se cuida. - Sorri. Ela já estava na porta e acenou com a mão. - Até mais, gracinha.

...

Achei melhor não comentar mais com ela sobre esse assunto, daquele senhor ser pai dela, por falar nele, nunca mais o vi por aqui. E achei melhor também não comentar com ela sobre o labirinto, e sobre o que Richard me falou, da última vez em que nos vimos. Esta escurecendo, melhor eu ir para o quarto. Logo que atravessei a porta estava num novo lugar, era uma floresta, não a antiga floresta do Richard; outra. Era mais iluminada e tinha uma fogueira no centro, estava frio. Quando olhei para trás, a porta não estava mais lá, era só mais uma árvore. Fui para perto da fogueira, estava quase caindo no sono, quando começou a chover. Dormi assim mesmo.

...

Acordei, e estava sentindo um cheiro horrível, parecia alguma coisa morta. Segui o cheiro. Era um lobo. Estava dilacerado, nunca mais quero me lembrar daquela imagem. Pensei que já estaria em meu quarto quando acordasse.

Fui caminhando sem rumo. Um barulho absurdamente alto invande minha mente. Acho que desmaiei, dessa vez estou num lugar, num... lu... É minha casa. Mas tudo está tão, tão cinzento, como se fossem aqueles ''flashbacks'' de filmes de suspense. Besteira. Bom, já que estou aqui, vou andar um pouco, a cidade deve estar lá fora, ou talvez não. Quando cheguei no jardim, não acreditei na imagem que vi. Eramos eu, e meu pai. Aquele pequeno eu, deveria ter uns 5 ou 6 anos. Meu pai estava o ensinando, quer dizer, ME ensinando a jogar futebol. Aquela cena... não me lembro dela. Acho que, nunca vivenciei aquela cena. Talvez seja só minha imaginação, é, talvez tudo isso seja só minha imaginação, ou talvez não seja.

Mensagem SubliminarOnde histórias criam vida. Descubra agora