Pôr do Sol

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Amanheceu, sem dar uma palavra, fui até lá fora e me sentei no balanço, era um único banco bem extenso. O sol parecia gigantesco daqui, era lindo.

-- Você é o Max? - Era uma menina. Tinha os olhos castanhos e os cabelos loiros, aparentava ter a minha idade. Devia ser a neta da Sra. May.

-- Sim, você é a... - Ela estava segurando a barra do balanço, quase se escondendo.

-- Lizzy. Minha avó já te falou de mim. - Então esse é o nome dela, por um momento, me esqueci.

-- Tudo bem. Não vou te machucar. - Ela sorriu e se sentou no balanço perto de mim; perto até de mais...

Continuei olhando para o sol, sem dizer uma palavra. Virei-me para ela.

-- Max. - Me beijou. Isso mesmo. E-L-A me beijou. Vocês sabem o que é isso? Eu acabei de descobrir. Uns segundos depois afastou seu rosto do meu.   - Me perdoa. - Saiu correndo antes que eu pudesse dizer sequer uma palavra. Depois de tudo que vem acontecendo, não consigo pensar nesse tipo de coisa. Acho que está na hora de ir embora, não foi por causa do beijo, foi porque... Eu não queria causar problemas para eles. Antes de ir, escrevi dois bilhetes, um para Sra. May:

Gostaria de agradecer por tudo que fez por mim. Por ter me ajudado, me acolhido. Estou indo embora, e nunca fui muito bom em  despedidas, então... Até algum dia.

E outro para Lizzy:

Lizzy, eu... estou indo embora, talvez para sempre e... saiba que aquele beijo significou muito para mim. Sei que não tivemos tempo para nos conhecermos, mais, tenho certeza que gostaria muito de você, muito mesmo. Espero que não se esqueça de mim. Adeus.

........

Desta vez fui para a direção do bosque, ainda estava claro. Me sentei perto de uma árvore e fechei meus olhos.

-- Porque você fugiu? - Richard, quando abri os olhos, estava sentado do meu lado, não olhava para mim, olhava para o céu. -  Não devia ter feito isso. Te avisei para tomar cuidado.

-- E o que vai fazer? Me matar? - Não, não falei em tom irônico. Tenho certeza que seria capaz de fazer isso. Não. Sim. Espera, não sei bem. - Responde.- Ele tinha se calado, por uns 5 minutos.

-- Soube que fez novas amizades... Hum?

-- Isso não te interessa. Onde está a Grace?

-- Perdida. Naquela floresta, a ultima em que você esteve.

-- Porque?

-- O porque, eu não posso dizer. Mas se quiser posso te levar para lá.

-- Como?

-- Fecha seus olhos.

Fiz o que ele mandou. Quando os abri, estava na floresta, mas Grace não estava lá. Comecei a caminhar, mas nenhum sinal de vida, ate que vi uma coisa brilhante no chão, era da Grace, uma pulseira, era prateada e tinha um pingente de guitarra.

-- GRACE! - Comecei a gritar, é o único jeito de encontra-lá, se ela realmente estiver aqui.

-- Max... - Era um gemido, mais prum sussurro, mas era a voz dela, quando segui o som de sua voz, a vi recostada em uma pedra, coberta de sangue.

-- O que aconteceu? - Cheguei perto dela, estava com 3 marcas de garras nas costelas e no pescoço, estava ofegante, mas não desesperada.

-- Um tigre aconteceu. Diz que eu não vou morrer... Max, diz, eu não vou morrer né?- Começou a chorar, como eu. Queria poder ajuda-lá, mas o que eu iria fazer? Estamos sozinhos no meio do mato, sem socorro, sem ajuda, sem nada.

-- Você... você não vai morrer, eu não vou deixar... - Abracei-a.

-- Não... - Ela sussurrou, e depois olhos nos meus olhos. - Não tem mais jeito. - Seus olhos estavam perdendo o brilho. - Venho escondendo uma coisa de você Max, todo esse tempo.

-- Não, não importa. O que importa é salvarmos você.

-- Cala a boca. - Irônica, como sempre. - A "grande revelação do dia" é... Max, nós dois, nós... somos irmãos, irmãos de sangue. Eu não vou te explicar como nem porque; mas tudo que eu posso dizer, meu pequeno, é... que eu te amo.

-- Eu também te amo. - Seus pequenos olhos se fecharam,  peguei a pulseira e coloquei em seu pulso, e com umas flores junto ao seu corpo, me afastei dali, ,e afastei para bem longe, não queria me lembrar daquela cena. NUNCA MAIS.

Não estou indignado pelo fato de sermos irmãos, mas pelo fato, de que, como isso pode acontecer em menos de 2 dias? Eu poderia me considerar "feliz" entre aspas, na casa da Sra. May, logo após, minha melhor amiga, ou devo dizer, minha irmã, morre. Isso não pode estar acontecendo, não pode, não pode.

Mensagem SubliminarOnde histórias criam vida. Descubra agora