Queria ter nascido em primeiro de abril

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Leon saiu do bar, se sentindo vitorioso por conseguir dar sua provocação do mês; mas sua felicidade durou pouco, porque lembrou que não tinha nada para fazer o dia inteiro.  

Não praticava nenhum hobbie, nem tinha com quem conversar sobre coisas aleatórias. Nos dias de manutenção, normalmente, ficava mais tempo olhando para as pessoas, e depois, saía para bolar estratégias. Nos dias de trabalho, ficava mostrando quem seria o craque da partida, mas as vezes ficava com preguiça e colocava qualquer um, porque assistir é muito chato.

Para ele, boa mesmo era a época em que podia usar os dias de folga para brincar de matar as pessoas, fazendo-as renascer em um lugar muito longe e ficarem com raiva, assim iniciando uma ''caça ao Leon'', que o entretinha na Caverna Convulsiva. A época acabou quando os brawlers se cansaram e reclamaram com a Supercell, que o ameaçou de abaixar seu salário. A empresa também disse que se continuasse teimando iria ser excluído do jogo, algo que ele temia muito, mas acho uma possibilidade irreal (porque muitos fãs gostam do personagem e, se ele sumisse, seria pior para a empresa). 

 Continuou andando, sem rumo, até sentir que estava sendo observado. Tirou a shuriken do bolso da blusa, pronto para se defender, e virou seu rosto para trás. Bastou apenas o ''CRÁ!'' de um certo corvo pousando em seu lado para que se acalmasse.

 O Crow não gostava dele pelas antigas traiçoeiras, assim como os outros, mas nunca sentiu um ódio profundo ao ponto de querer assassiná-lo no beco da esquina. E o Leon o devia lealdade, porque sem ele, provavelmente não se tornaria um lendário.

Ignorou a presença do pássaro e continuou prosseguindo. Crow, se sentindo um tanto ofendido, foi atrás, perguntando de modo sarcástico:

– Vi que não pegou o pirulito hoje... aprendeu que é errado tirar doce de criança?

– Vi que pousou muito perto de mim hoje... continua naquela ideia de tirar minha touca? – Respondeu, seguindo o caminho da ironia.

– Nossa, como pode se lembrar disso? – Questionou, com um pouco de nostalgia, mas não queria ficar feliz com a lembrança, já que sua marca registrada é nunca ter sorrido.

– ''Se um jogador não se lembra de suas melhores vitórias, não vale a pena jogar''. – Repetiu uma frase do Bo, que tem umas falas bem famosas por aqui...

– Puff, eu era muito imaturo nessa década. – Crow se defendeu e voltou ao seu tom normal de seriedade. – Mas eu mudei... você continua a mesma coisa. Queria conversar sobre isso, mas você mudou de assunto.

– Primeiro: você não tinha começado o assunto. Segundo: Eu mudei sim! Só porque eu não troquei o visual, não quer dizer que eu não seja um adulto agora! – Leon respondeu, incomodado.

– Percebeu como fica alterado fácil? – Perguntou o pássaro, ainda sério. – Eu só te chamei de imaturo de forma indireta.

– E-Eu não me altero fácil! É-É que... você... – Leon gaguejou, indefeso. Já havia perdido o controle do tom da sua voz. – EU SÓ NÃO GOSTO, DE SER CHAMADO DE CRIANÇA, TÁ BOM?!

Essa, com certeza, é uma coisa que ele não iria expor. Até ficou surpreso com a última frase saindo de sua boca. Tinha ficado confuso, e sua parte mais sensível dominou. Talvez por estar com anos sem um diálogo verdadeiro, agiu mais por impulso.   

– Nossa, achei que não tivesse ''sentimentos''. – Disse o Crow, fazendo o sinal de aspas com as mãos.

– Desculpa, o que eu falei? – Disfarçou o outro, voltando ao seu estado normal. – Aconteceu um bug no sistema e eu fui trocado pelo meu bot por um tempo.

O Kagome que Errou o Chute (Brawl Stars)Onde histórias criam vida. Descubra agora