Capítulo 6 - Cover do Bob Dylan e cupcake de morango

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Depois de ser resgatado por um Jason, e de chegar em casa e de chorar trancado em seu quarto até eventualmente pegar no sono, Nico agora estava fitando o teto, da última que olhará no relógio eram por volta das 2 da tarde, Bianca havia passado em seu quarto e lhe deixado comida, da qual Nico tentará comer, porém havia falhado miseravelmente, sua irmã carragava com sigo um olhar de um misto de pena e culpa, Nico odiava esse tipo de olhar. Di Ângelo estava com um humor péssimo.

Nico se sentia mal, e não era somente pelo fato de ter tido mais um surto sem propósito, e sim pelo fato de talvez ter magoado Will.

Ah, Will.

Will.

Will.

Will.

Assim que acordou Nico havia mandando uma mensagens enorme para o loiro, se desculpando e se explicando por conta do dia anterior.

Não foram trocadas muitas palavras entre os dois, pelo menos não pessoalmente, mas também não é como se Nico trocasse muitas palavras com alguém, porém mesmo assim todas as vezes em que Nico fechava os olhos era o sorriso de Solace que ele via, por causa do loiro ele havia lido Orgulho e preconceito, e agora estava tentando tomar coragem para pedir para seu pai lhe comprar Razão e sensibilidade, tudo isso porque Will amava a Jane Austen, e Nico queria tentar amar tudo que Will amava, para que assim, talvez Will pudesse o amar também.

Mas depois de toda a merda que acontecerá no dia anterior, Di Ângelo achava que provavelmente agora Solace estaria pensando que ele era um aberação. Portanto o plano de Nico era ficar em seu quarto tendo um breve descanso da humanidade, enquanto tentava não surtar. Planos esses que foram interrompidos por uma batida na porta.

Nico com muito esforço se arastou até a porta, a abrindo, e assim que viu aquele loiro diante dele, Di Ângelo achou que podia morrer.

-Oi - Will disse meio tímido.

Ele estava usando uma calça jens, uma blusa branca com a estampa da banda Arctic Monkeys, e o seu típico all-star vermelho. Em uma das mãos ele carregava um violão e na outra uma caixinha.

-Posso entrar?

-Ca-claro.

Nico saiu do caminho, dando passagem para o outro entrar no quarto.

-Hoje, depois do meu ensaio com a banda, eu fui em uma padaria que gosto muito - Will começou a falar enquanto entrava no quarto, seus olhos azuis e curiosos olhavam ao redor - lá, eles vendem o melhor cupcake da cidade, e como imaginei que você ainda estava triste por ontem, então resolvi trazer para você - Solace estende a caixinha que está em suas mãos e Di Ângelo a pega - como não sei qual sabor você gosta, eu te trouxe o meu preferido, que no caso é morango, e bem, doce sempre melhora o meu humor, pensei que talvez funcionasse com você.

Nico não deixou de notar que Will falou aquilo tudo com uma certa rapidez, e que isso talvez significasse que ele estava nervoso, mais porque Will Solace teria algum motivo para ficar nervoso?

-Desculpa - o loiro disse enquanto mexia em seu cabelo - eu falo demais.

-Tudo bem - Nico disse enquanto colocava a caixinha em sua mesa de cabeceira - obrigada.

-De nada - Will mordeu o lábio inferior como se pensasse no que dizer asseguir - ham... eu também resolvi te trazer outra c-coisa.

Ok, Will havia gagueijado oque definitivamente indicava que ele estava nervoso, oque para Nico não fazia o menor sentido.

-Bom, ontem eu iria fazer um cover do Bob Dylan para você, mais acabei não fazendo, afinal você havia ido embora então a ideia de fazer o cover havia perdido o sentido - ele agora havia voltado a falar mais rapido que o normal - e bem, me pareceu uma boa ideia vim aqui e fazer o cover para você, isso claro se você quiser ouvir, mais tudo bem se não quiser também foi uma coisa que eu pensei de ultima hora e talvez pareça meio bobo mas...

-Eu quero ouvir - Di Ângelo o interrompeu assim que percebeu que o loiro estava se perdendo nas palavras.

-Ham... ok - Will deu um daqueles sorrisos genuínos que só ele tinha.

Nico se sentou no tapete com as costas apoidas na cama e Solace se sentou de frente para ele com as pernas cruzadas como um índio e o violão apoiada nelas.

-Posso começar? - ele perguntou e Nico fez um sinal afirmativo com a cabeça.

O loiro respirou fundo e então as primeiras notas da canção começaram a soar.

-Ainda não está escuro - ele começou com a voz melodiosa - sombras estão caindo e eu estive aqui o dia todo.

Nico reconhecia aquela música, era Not dark yet, Di Ângelo havia comentado com Solace que aquela era uma das suas preferidas.

-É muito quente para dormir o tempo está fugindo. Sinto que minha alma se transformou em aço. Eu ainda tenho as cicatrizes que o sol não curou. Não há sequer espaço suficiente para estar em qualquer lugar. Não está escuro ainda, mas está chegando lá - Solace continuava a cantar com a sua voz melodiosa, e puta que pariu, aquela era a voz mais linda que Nico já havia ouvido - bem, meu senso de humanidade se foi pelo ralo. Atrás de cada rosto bonito houve algum tipo de dor.

Ela me escreveu uma carta, e ela escreveu tão gentilmente, ela colocou por escrito o que estava em sua mente, eu só não vejo porque deveria cuidar. Não está escuro ainda, mas está chegando lá - que Bob Dylan o perdoe, mas querendo ou não Nico achava que aquela música ficava bem melhor na voz de Will do que na de Bob - bem, ontem eu fui para Londres e eu fui à alegre Paris, eu segui o rio e eu vou para o mar, eu já estive no fundo de um mundo cheio de mentiras, eu não estou procurando nada nos olhos de ninguém. As vezes o meu fardo parece mais do que posso suportar. Não está escuro ainda, mas está chegando lá - Will cantava como falava, algo natural, que vinha de dentro, era nitida a paixão que o loiro nutria pela música, e Di Ângelo estava achando aquilo ainda mais lindo do que a própria letra da música - eu nasci aqui e vou morrer aqui contra a minha vontade, eu sei que parece que me mexo, mas estou parado, cada nervo do meu corpo é tão vago e medonho, eu nem me lembro por que foi que eu vim aqui para fugir, nem sequer ouço o murmúrio de uma oração. Não está escuro ainda, mas está chegando lá.

A música havia acabado, o havia caido no mais profundo silêncio, os dois garotos estavam se encarando e as bochechas de Will carregavam um tom rosado, que Nico ainda achava a coisa mais adorável que já tinha visto.

-Ham... eu achei pertinente cantar essa música - Will disse quebrando o silêncio - bem, pelo menos foi oque me pareceu depois da mensagem que você me enviou ontem - ele umideceu os lábios secos e então prosseguiu - e bem, o trecho Atrás de cada rosto bonito houve algum tipo de dor, me lembrou você.

Naquele momento foi a vez de Nico corar. Isso que dizer que Will o achava bonito?

-Você gostou? - ele perguntou.

-Sim, v-você tem uma voz muito linda - Nico disse, oque fez Will abrir um sorriso enquanto suas bochechas ficavam mais rosadas ainda.

-Obrigado.

Depois de mais alguns minutos de silêncio, até que Will avista o livro encima da cama.

-Ah, você anda lendo Jane Austen? - Will pergunta apontando para o livro - achei que não gostasse de ler.

-É que eu descidi ser um pouco mais culto. E não é como se eu odiasse ler, eu já li Harry Potter, sabia?

Will abriu mais um de seus sorrisos genuínos e então disse:

-Qual sua casa?

-Covirnal

-Eu sou da lufa-lufa, ainda bem que você não é da sonserina, se não a nossa recente amizade teria sido aruinada.

Ambos deram risada e então entram em uma conversa sobre Harry Potter, e por mais que Solace falasse bem mais do que Di Ângelo eles não se importavam, e então Nico entendeu que Will não estava bravo consigo e que, e derrepente aquele dia sem cor havia se tornado vivo, e naquele dia quando Will foi embora Nico comeu o seu cupcake de morango enquanto ouvia as músicas do Bob Dylan e sorria igual a um idiota olhando para a parede.

Os Pequenos Momentos (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora