Prólogo

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— Quero que você feche os olhos, e me conte como tudo começou.

— Tudo começou em outubro 2008...

03 de outubro de 2008

Eu estava muito feliz naquele dia, finalmente havia conseguido juntar dinheiro o bastante, para comprar um anel, e, pedir a menina que eu gostava em namoro.

Vesti meu uniforme, e peguei o saquinho com as moedas que eu havia conseguido juntar. Todos os dias eu colocava moedas lá dentro — isso durante um ano.

Coloquei as moedas em minha bolsa, e desci apressada. Acordei cedo naquele dia, antes mesmo de meus pais. Peguei uma maçã na cozinha, e sai de casa comendo-a.

A escola ficava bem perto de uma loja de jóias, o que era bom, pois, se eu demorasse muito lá, não teria de correr muito para chegar.

Quando entrei, fiquei olhando os belos anéis, e percebendo que não poderia comprar nenhum deles, já que o dinheiro era escasso.

— Olá, está interessada em algum desse anéis? — A moça foi até mim sorrindo.

— Sim, mas tenho pouco dinheiro.

— Quanto tem aí? — Abri o pequeno bolso da frente, e retirei as várias moedas.

— 40,00.

— Ok, para quem é o anel? É para pedir alguém em namoro?

— Uma menina que eu gosto.

— Que fofo — Ela foi até um pouco mais na frente, e trouxe uma caixinha preta — Olha esse — Ela abriu, e me mostrou. Ele era lindo, banhado a ouro, e tinha um coração vazado ao meio —

— É lindo. Quanto custa?

— 39,00

— Vou levar — Eu havia jogado as moedas no balcão, e ela me olhou assustada.

— Quantas moedas! — Ela começa a contar, mas no meio desiste — Tem 40?

— Sim.

— Então está bem — ela me devolveu uma das moedas, e colocou a caixinha numa sacolinha.

Coloquei na minha bolsa, e fui andando feliz até a escola. Tudo que me faltava, era a coragem.

Quando eu entrei na escola, fui até a sala, e me sentei. Ela já estava lá, e conversava com as melhores amigas dela, Jennie e Joy. Jennie era filha do CEO de uma empresa muito famosa. Já Joy, era uma patricinha, que era lerda, e ao mesmo tempo bonita. Seus pais tinham uma boa condição, mas riqueza não faz você ser inteligente, o que ela não era nem um pouquinho.

"— E como você via elas?"

"— Elas eram metidas, insuportáveis, mimadas, riquinhas, exibidas".

"— Por que achava isso delas? Elas já haviam lhe feito algo?"

"—No sexto ano. Elas falaram pra todas as meninas que eu era suja, que eu não era uma criança comum".

"— Porque?"

"— Eu era diferente... Eu não parecia com elas. Minha puberdade havia chegado mais cedo que a delas. Elas tinham corpo de menina, o meu era... Mais adulto".

"— Isso é normal. Algumas meninas se desenvolvem mais rápido que outras".

"— Sim, mas elas não ligavam. Me chamavam de estranha, gorda, feia, diziam que meus seios eram grandes demais, que eu parecia uma aberração".

"— E como você se sentia ao escutar isso?"

"— Eu me sentia com raiva — Fecho as mãos com força — E isso fez, com que eu me sentisse feia".

"— Você contava isso aos seus pais?"

"— Sim. Eles me disseram que eu era linda do meu jeito, e que não poderia deixar elas me afetarem".

"— E você escutou o que eles disseram?"

"— Não. Tentei ser como elas. Mas elas não me aceitaram."

"— E a menina que você gostava? Ela lhe fazia mal?"

"— Não, nesse tempo ela não estava na escola ainda".

"— Pode me falar um pouco sobre ela?"

"— Sim".

O nome dela era Joohyun, a garota que aquele estupido do cupido, fez com que eu me apaixonasse. Me apaixonasse perdidamente, ao ponto de me fazer comprar o anel para ela. Mas ele ao invés de fazer o trabalho completo, não, me deixou extremamente apaixonada, e ela sem saber ao menos que eu existia.

Mas voltando, Joohyun, também era chamada de Irene pelas amigas, só não gostava que mais ninguém a chamasse assim. Ela era extremamente linda, a garota mais popular do colégio, uns a admiravam, outros a odiavam, e outros a amavam. — esse era meu caso — Era a "líder" das garotas, que faziam tudo que ela mandava, viviam aos pés dela.

Podia parecer clichê, — não podia, era clichê — eu, que era a idiota que ninguém notava, me sentava no final da sala, todos me achavam estranha, gostar da garota popular, linda, que nem sabia que eu existia. Mas a vida era, e é assim não é? Clichê.

"— E como foi quando você deu o anel a ela?"

"— Bem..."

Passei as primeiras aulas inteiras tentando tomar coragem para pedir ela em namoro, mas só consegui na hora do intervalo.

Peguei a caixinha, e foi a procura dela, ela estava com as amigas perto dos armários conversando. Nervosa fui para perto delas, e tentei falar algo.

— J-Joohyun...

— Ahn... Eu te conheço? — Ela me perguntou com um tom de nojo.

— Eu acho que sim... É, eu sempre te observei... E... Eu...

— Fala logo o que você quer...

— Você... — Eu a mostrei anel — namoraria comigo?

Ela me olhou como se eu estivesse brincando. E aquele foi o momento que tudo começou, Joohyun pegou o anel, e riu de mim.

— Eu namorar você? Uma esquisitona? Você tem problema garota? Eu nunca namoraria você, se enxerga — Ela jogou o anel no chão, e saiu com suas amigas rindo —

Eu me senti horrível naquele momento. Peguei o anel do chão, e corri para casa. Eu estava aos prantos, completamente destruída, meu coração foi reduzido a pedaços.

Quando eu cheguei em casa, me lembro de ter jogado a bolsa na sala, e subido correndo para meu quarto, me trancando lá. Me sentei no chão, e fiquei observando o anel enquanto chorava horrores.

Passei o resto do dia lá - acho que das 9:00 AM, até as 17:00 PM - meu rosto havia ficado inchado de tanto chorar. Meus pais haviam ido no meu quarto, queriam conversar comigo, mas eu não abri. Eu achava que se eu abrisse e contasse o que aconteceu naquele dia, eles me expulsariam de casa.

"— E o que eles fizeram?"

"—Eles me disseram que eu não deveria ficar assim, que eu iria achar alguém que me amasse de verdade".

"— Mas você nunca desistiu, não é?"

"— Não, e eu prometi para eu mesma naquele dia, que eu teria Joohyun só para mim. Por bem, ou por mal".

Stupid cupid - SeulreneOnde histórias criam vida. Descubra agora