~Victor~
Jennifer saiu às pressas com as malas e o cachorro sem olhar para trás. Era melhor assim, estava fora de si, como pode ela me dizer que não estava beijando o filho da puta se eu mesmo vi! Claro que eles se soltaram assim que eu cheguei e por isso ela estava com essa desculpa de que tentou se soltar. Eu via como eles se olhavam. Bem, na verdade eu via como ele a olhava. Ela, pelo que parece, disfarçava bem quando eu estava por perto. Só não conseguia entender o que ela tinha visto naquele idiota de cabelo amarelo.
Não aguentava mais ficar em casa, mesmo que eu estivesse ali apenas por alguns minutos.
- Senhor Victinho, eu sinto muito pela Jennifer.
- Não sinta, Salete, ela estava errada e agora acabou. Simples.
- Ela não parece esse tipo de mulher que...
- Eu também achei que ela não fosse, mas está aí.
- Tem certeza?
Suspirei. Eu estava puto, mas não queria descontar na mulher que me ajudava há anos com tanto amor e dedicação, então apenas confirmei com a cabeça fechando os punhos para me segurar. A verdade é que eu não queria acreditar no que vi, queria conseguir ver que ela não estava agarrada com outro, mas eu precisava de mais.
- Quer que eu prepare alguma coisa para o senhor?
- Não precisa, tenho que passar em um lugar e como alguma coisa pela rua mesmo. Vá para casa, está quase na sua hora, nos vemos na quarta.
Dona Salete aceitou sem discutir. Ela me conhecia bem, eu precisava apenas ficar sozinho. Tinha que fazer o que levei o dia todo enrolando porque tentei não demostrar, mas estava sendo muito difícil. Nunca fui muito sentimental, mas todo homem tem seu momento de fraqueza.
A minha fraqueza se chamava "Jennifer".
Peguei a chave do carro e sai para a brisa fresca vinda do mar. Mal olhei para o lado quando entrei no carro e dei partida. Saí decidido a não amarelar como fiz mais cedo. Eu precisava desfazer tudo, mas não achei que teria estômago então fiquei a manhã toda andando de carro, peguei uma reta para que pudesse colocar os pensamentos no lugar e com a música alta no rádio do carro, pensar ficou mais fácil.
Quando acordei achei que devia dar pelo menos uma chance dela se explicar e então liguei, mas cada vez que ela ignorava minhas ligações eu jogava o celular longe e prometia não ligar novamente. Claro que isso se repetiu por algumas vezes até ela finalmente me atender.
Acordei do transe quando ouvi uma buzina e alguém gritando palavrões.
O sinal. Abriu. Prestei mais atenção na rua e tentei tirá-la da minha cabeça, foi até fácil comparado ao que eu precisava fazer em seguida.
Tirá-la do meu coração.
Cheguei no Iate Club mais rápido do que imaginei.
- Boa tarde Senhor Rodrigues. Sua acompanhante virá?
- Não, apenas eu, Pablo.
Vi curiosidade em seu olhar, mas simplesmente coloquei minha digital na roleta de entrada só para sócios e segui o caminho já conhecido até minha mais nova aquisição.
Andei pela ponte de madeira passando por jet-skis, lanchas, até chegar onde se encontravam os barcos de maior porte. O meu não era tão grande comparado aos barcos mais à frente, mas serviria perfeitamente para o que eu tinha planejado.
Sempre tive um desejo interno de ter um barco. Seja para pescar, para fazer festas, praticar esporte, não importa. Eu sempre me senti muito ligado ao mar, fiz algumas aulas de surf na adolescência, mas naquela época eu pensava apenas em festas e curtir a noite. Acordar cedo e ter paciência para pegar boas ondas se tornou cansativo e até entediante então deixei para lá. Pensei que futuramente tentaria comprar um barco legal para levar alguma mulher e fazer sexo. Pronto. Simples assim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Retratos de Uma Vida - Parte II
RomancePassaram-se seis meses desde que Jennifer passou por todo aquele sofrimento e enfim aceitou firmar ainda mais seu relacionamento com Victor. Mas com o tempo, os problemas do casal começam a aparecer como pessoas que querem acabar com a felicidade do...