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|w e n d y|

A bola do chiclete estoura na minha boca e espero que Phoebe olhe para mim, o que não acontece, ela continua focada no seu computador. A platinada decidiu que queria saber mais sobre o traficante que Day virou e começou a pesquisar, vendo matérias de jornais, listas de procurados, etc. Pela sua frustração nítida em seu rosto, o nosso ex-companheiro de orfanato é bem cauteloso com seus negócios. Bom, nem tanto já que o Homem-Aranha o encontrou.

Peter não tocou no assunto daquela tarde. Coloquei na minha cabeça que ele desconfiou de algo, apesar de não demonstrar. Phoebe e Hill reclamaram mil vezes por eu ainda estar remoendo essa historia. Se ele sabe uma hora vai acabar comentando, disse Phoebe. Talvez ele ache que aquilo foi obra de mais um herói desconhecido.  

Acabei me afastando tanto dele quanto dos outros esses últimos dias, por pura estupidez. Se eu contar o que realmente sou, como será que vão reagir? Ned, com certeza, amaria isso tudo e me daria um codinome bobo. MJ ficaria curiosa, mas não daria tanta bola. Não sei como Peter reagiria, ele  é louco pelo Tony Stark, talvez ficasse magoado por  não ter contado antes. Parker não pareceu chateado comigo.

– Para quem quer deixar seus poderes em segredos, você não é muito discreta, Yohe. – uma voz conhecida ecoa pelo quarto de Phoebe, paro de encarar o teto levando minha atenção ao mascarado sentado na janela. 

– O que leva você a acreditar que fui eu? – pergunto.

– Não conheço ninguém com esse tipo de habilidade. 

– Você não conhece muita coisa, garoto. – resmunga Phoebe voltando sua atenção ao que fazia antes. – O que diabos você está fazendo aqui? – sua voz parece desinteressada. Sei que não estar. Acabo percebendo uma coisa.

– Como você sabe onde a Phoebe mora? 

O mascaro demora com sua resposta. Olho para minha amiga que estava observando o Aranha tão desconfiada quanto. Anotação numero um sobre a identidade do herói, ele é próximo o suficiente da gente 'pra saber o endereço de alguma de nós.

– Não é  tão difícil invadir o sistema da escola. – diz. Não sei se o que ele fala é verdade. Ele olha para a platinada esperando confirmação, ela acaba tanto por convencida.

– Você não respondeu minha pergunta. – reclama a garota encostando na cadeira.

– Vim pagar minha promessa. – fala simples.

Sinto um frio na barriga em imaginar entrar na base dos vingadores - bom, base dos aliados do governo. Pensar que vou está cercada de de câmeras e pessoas contratadas pela SHIELD e pelo governo, me dar nos nervos. Eles podem muito bem saber quem sou, saber quem Phoebe é, saber como fomos criadas. Com  muita má sorte, algum vingador pode estar na base na hora.

– Não 'tá muito em cima da hora, não? – indago, sabendo que estou procurando um desculpar para adiar esse passeio. – Essa base não é do outro lado do estado? 

– Podemos arrumar um carona. – diz o herói cruzando os braços.

– Com o Visão? Algum carrão da base? – minha amiga pergunta animada e o Aranha solta um risada. 

– Não tenho essa moral lá, vamos de táxi.

Antes que eu possa contestar algo, procurar alguma desculpa meia boca, lembro da dificuldade de Phoebe em procurar os outros. Sem material adequado, vamos acabar perdendo essas pessoas, Day pode encontra-las primeiro. Respiro fundo, jogo todo o meu medo e descontentamento de lado.

– É bom que seu charme de herói funcione, eu não vou dar um centavo.

×××

A base é meio longe do prédio mais perto dele. É  enorme, digno a pessoa que pagou por ele. Phoebe olha o edifício com um sorriso animado no rosto, já o mascarado conversa com taxista ao seu lado. Eu me seguro ao máximo para não me embelezar  com toda aquela estrutura, só daria gostinho para Phoebe e o Aranha. Pensar que todos os vingadores já estiveram ali é impressionante, pensar todos juntos.  É muito poder e influencia em um lugar só.  

Nunca perguntei ao Peter onde ele trabalhava para o Tony Stark, será que é nessa base?  Sem poder dizer em que realmente trabalha. Duvido muito, se ele trabalhasse na base dos Vingadores, o Ned saberia e estaria surtando com isso. O Homem-Aranha olha para trás, não dá para ver sua expressão, por motivos óbvios, mas tenho impressão que estar sorrindo. Seu olhar passa de Phoebe para mim, ele balança a cabeça quando  ver que eu estava observando sem notar, desvio o olhar. 

Descemos do veiculo e o mascarado nos guia até a  entrada da base. Tento não parecer um turista, mas acaba sendo difícil. Vários funcionários andam de um lado para o outro, entrando e saindo de portas e corredores diferentes. Imagino se o Falcão estaria em algum lugar daquele lugar, claro que não estar é um traidor de guerra do país. Minha pequena animação acaba quando vejo um homem de terno parado na nossa frente com um cara não muito boa.

– Happy! Amigão! – exclama o herói indo em direção ao homem e colocando seu braço ao redor dos ombros dele. – Como você vai?

– O que você está fazendo aqui, garoto? – pergunta o tal de Happy. – E por que você trouxe essa garotas 'pra cá? – o tom de voz parecia com um pai dando uma bronca. Abro um sorriso pequeno.

– Então, eu tenho que falar contigo, Hap. – como sua mascara se mexe deduzo que está abrindo um sorriso torto. – Esperem aqui e não façam nada. – diz enquanto puxa Happy para longe da gente.

– Eu acho que o Homem-Aranha não tem tanta moral com esse cara. – comenta Phoebe.

– E eu acho que a gente deu viagem perdida. 


mutations • peter parkerOnde histórias criam vida. Descubra agora