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na multimídia: fitinha que simboliza o autismo!

na wiki "A fita feita de peças de quebra-cabeça coloridas, representa o mistério e a complexidade do autismo, é um símbolo mundial da conscientização em relação a esta patologia [...]"


deixe aquele voto e comentário! voltaremos em breve.


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Por que você está correndo? — Fabiana diz, em libras. Seu cabelo gruda demais em sua testa, não pela oleosidade, mas pela espessura extremamente fina deles. — Não sabe que é perigoso e pode cair?

Não estou correndo. Só andando rápido.

Apenas um detalhe.

O terceiro ano tem camisas diversificadas, mas apenas ela preferiu deixá-la mais próxima do padrão, se não fosse a palavra "terceirão" em preto na lateral de seu corpo.

Não é apenas um detalhe. Muda completamente o cenário andar rápido e correr, pensei que você, logo você, soubesse.

Por que logo eu? — Após a pergunta, Aninha coloca sua mão em seu peito e a outra fecha e abre, fecha e abre. Seus olhos não demoram mais do que uma fração de segundo em Valentina.

Porque você é autista! Vocês não sabem os detalhes de tudo?; pensa em dizer, mas apenas pensa.

Você não sabe tantas línguas? — é o que de fato Val diz. — Deveria saber que uma palavra fora do lugar muda tudo.

O que isso tem a ver com correr? — Fabiana é uma das poucas pessoas no colégio que não é surda e sabe libras, por isso, mesmo que seja um pé no saco, Val às vezes para, para cumprimentá-la.

Agora, é obrigada a parar, no meio do corredor e antes que possa responder, alguém lhe cutuca no ombro.

— Valentina! — Alan aparece e mesmo que a menina não ouça, ela sabe que ele está gritando. Ele sempre grita quando Fabiana está ao redor e Fabiana, é claro, já reclamou disso, tanto para ele quanto para Val.

Pare de gritar — Tina diz antes que Fabiana coloque suas mãos em seus ouvidos, tampando os sons. Alan não sabe muito de libras, mas Valentina tenta mexer seus lábios como as palavras para ele entender.

Irônico, uma não pode ouvir; a outra, não quer ouvir. Val respeita a dor da outra menina, talvez seja tão incomodo quanto o período que ela usava o aparelho auditivo.

— Como você sabe que eu estou gritando? — Ela lê os lábios dele.

Sei porque sei.

A menina começa a andar, deixando Fabiana no lugar.

— Por que toda essa pressa?

Se estivessem em um colégio americano, Alan seria o quarterback, como não estão, ele, na verdade, é um jogador de futebol. Está cotado para ser um dos próximos grandes sucessos de um time da cidade quando terminar o ensino médio e completar dezoito anos.

É o chamo de sorteado.

Ou talvez seja Valentina que chame assim.

Não sei se é um pensamento primeiro dela ou primeiro meu.

Mas é isso que Alan é: sorteado. Alto, musculoso mesmo para um menino de dezessete anos, loiro demais para um brasileiro e de boa família; entende-se, família rica.

Val sabe que ele terá tudo do mundo, ninguém o olhará da cabeça aos pés duvidando da capacidade dele sobre nada. Ele será amado. Aceito. Respeitado.

A menina vira sua cabeça, notando que Aninha ainda está no mesmo lugar, com suas mãos em seus ouvidos. Engole em seco, mas não dá meia volta. Continua a passos rápidos naquele longo corredor a procura de um menino que ela não deveria buscar.

— Procurando uma pessoa — responde a Alan que aproveita qualquer oportunidade para encarar a boca da jovem.

É verdade que eles já se beijaram. É verdade que foi bom. E é verdade que apesar de todos os estereótipos sobre Alan, ele foi gentil, principalmente quando ela disse que não queria continuar. Não fez mais do que a obrigação dele, eu diria. Porém, é verdade também que fugiu do estereotipo quando a respeitou e não fez qualquer comentário sobre seus beijos no dia seguinte.

Na verdade, nunca fez comentário nenhum. Mesmo que ainda quisesse beijá-la. Mesmo que quisesse falar para os amigos.

Será que eu posso ajudar? — Essa frase diz em libras, porque é uma das poucas prontas que sabe.

Você conhece algum Ethan?

— Como ele é? — fala e Valentina se divide entre olhar para frente e para ele.

Alto, magro, branco — faz mimica básica ao mexer seus lábios.

— Você é péssima em descrição.

São as características principais. — Ela não tem certeza se Alan entende o que diz. — E é cego.

Franze o cenho.

— Cego? Sério? Nem sabia que aqui tinha cego.

Ela acena e dá meia volta. Pode sentir Alan fazer o mesmo antes que pergunte, em uma mistura de libras e fala:

— Onde você vai?

— Resolver isso, depois te encontro. — Acena com sua mão para ele que, em vez de ir embora, a segura em seu pulso enquanto tira seu celular de seu bolso digitando em uma velocidade impressionante.

Vira a tela do celular em direção ao rosto dela, com a mensagem enorme, para não ter nenhum tipo de confusão da linguagem.

Pq vc precisa encontrar um cego?

Afasta seu pulso do toque dele e agarra o celular, digitando em resposta.

N é da sua conta!

Dá as costas e segue em direção a Aninha — quer dizer, Fabiana! Dessa vez, Alan não a segue, mas a jovem sente seu celular vibrar em seu bolso traseiro. Antes mesmo de pegá-lo, já sabe que é uma mensagem de Alan, mas está curiosa para saber o que ele a mandou.

Depois me conte como vc conseguiu falar com um cego.

Val bufa e digita uma rápida resposta antes de guardar seu celular.

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cadê aquele votinho e comentário? <3


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