Durante toda a viagem tento me manter o mais quieta possível. Não sei o que estava escrito naquela mensagem para deixar Zander alterado, mas pude ver o nome Hilary antes de ele guardar o aparelho. Eu sei que não devia ter tentado ler, ainda mais depois que Zander notou o que eu estava fazendo, porém não consegui evitar. Eu não sei absolutamente nada sobre Zander e a mensagem de texto talvez me desse alguma dica de quem ele é.
Ele diminui o volume da música perto da pequena entrada para o estacionamento de um dos restaurantes do centro. Ao reconhecer o letreiro amarelo do Constatini's solto uma risada e Zander vira para me encarar.
— Eu tive uma queda pelo filho do dono desse restaurante no primeiro ano do colegial. — Ainda rindo, reviro meus olhos e tento não lembrar do quanto eu era tola naquela época.
— O filho do dono? — Ele franze as sobrancelhas. — Você está falando do Valentin?
— Sim. Você sabe quem ele é?
Dessa vez é Zander quem ri, mas ele não parece animado. Se possível, está ainda mais irritado do que quando entrei no carro. Eu me repreendo mentalmente porque sei que isso tem a ver com o que eu acabei de contar.
— Mas eu não gosto mais dele. Na verdade, eu só fiquei interessada pelo Valentin durante uns vinte dias, até perceber o quanto ele é infantil.
— Mesmo? O que te fez perceber isso? — Ele não soa convencido, mas ao menos volta a respirar normalmente e estaciona o carro.
— Ah, ele zombou das minhas roupas e jogou feijão verde no meu cabelo. — Vejo Zander segurar uma risada. — É que na época eu me vestia de um jeito bem diferente e eu tinha umas mechas verdes no cabelo...
— E ele achou que seria engraçado combinar o cabelo verde com o feijão verde.
Faço que sim e percebo que a postura de Zander fica ainda mais incomodada. Ao invés de continuar conversando, ele dá a volta no carro e abre a minha porta antes que eu o faça, o que me surpreende. Ninguém nunca antes abriu portas para mim.
— Agora fiquei curioso... — Ele gentilmente toca na parte baixa de minhas costas, fazendo minha pele queimar no mesmo segundo. — Se seu cabelo tinha mechas verdes, ele não era laranja.
— Não. Eu ainda estava mantendo a cor natural.
— E qual seria? — Ele me segura na porta do restaurante e me encara como se a minha resposta fosse bem mais importante do que realmente é.
— Castanho claro.
— Por que você pintou? — Zander abre a porta para que eu entre, mas continuo o encarando.
— Por que isso te interessa?
— Estou tentando te conhecer melhor. — Ele dá de ombros e, vendo que não vou me mover, volta a encostar sua mão em minhas costas para me guiar.
— Por que você descoloriu seu cabelo? — Eu o pergunto com o mesmo tom de voz preocupado, mas só para o provocar.
— Eu queria mostrar para meus pais que não sou igual aos meus irmãos. — Ele não olha para mim e tenho a impressão de que o relacionamento de Zander com os pais não é algo que ele gosta de falar.
— Olha só quem resolveu aparecer!
Uma voz doce me faz desviar os olhos do rosto de Zander. Ergo a cabeça a tempo de ver uma mulher se aproximar de nós com o sorriso mais gentil que já vi.
— Esse lugar não é o mesmo sem meus dois garotos, mas fico feliz que você tenha lembrado da gente. — Ela envolve Zander em um abraço que o deixa meio sem jeito e eu acho isso totalmente adorável.
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Um amor fora do comum
Teen FictionSer o filho mais novo sempre fez com que Zander se sentisse deslocado na família. Seus pais esperam que ele siga o exemplo do irmão mais velho e se torne um grande homem, porém o que Zander realmente deseja é ser livre. Para piorar, sua mãe está tão...