Quando voltei para casa na noite passada não encontrei ninguém acordado. Hoje de manhã foi a mesma coisa, acabei dormindo demais e tive que sair às pressas de casa. Foi bom não ter tido que conversar com minha mãe pela minha reação durante o jantar.
Meu celular vibra no bolso da calça, mas nem isso faz com que eu deixe de encarar a porta do Java J. Desde que comecei meu turno hoje que não tiro os olhos da entrada. Barbara prometeu que passaria aqui após o trabalho e toda vez que o sino preso na porta toca eu ergo a cabeça para ver se é ela quem está entrando, só que nunca é.
Frustrado ao ver três garotas entrando no café lanço um olhar gélido para elas, no entanto sinto Mo ao meu lado e rapidamente mudo a postura. Elas têm aparecido quase toda tarde durante o verão e a cada dia ficam mais irritantes.
— Bem vindas. O que posso fazer por vocês? — Tento soar animado como Mo me ensinou, mas minha voz acaba saindo como um lamurio.
As três garotas soltam risadinhas e se encaram. Uma delas até aponta para minhas tatuagens antes de se voltar para as amigas.
— Não estou vendo ninguém aqui para me atender. E vocês? — A loira que está mais perto do balcão pergunta e as outras duas balançam a cabeça.
Elas estão fingindo que não me veem, o que não é nem um pouco original.
— Eu estava querendo um frapuccino de caramelo e canela, mas acho que vamos ter que ir embora. — Ela continua e as outras duas seguem rindo.
— Mo, você pode cuidar disso? — Viro para meu chefe sem paciência alguma para lidar com as três hoje.
— Vocês não estão escutando ele perguntar? — A morena pergunta. Diferente das outras duas, essa se sente mal pelas brincadeiras que fazem. Outro dia ela chegou a pedir desculpas quando as duas amigas não estavam vendo.
— Você está vendo alguém Brit? — A líder se vira para a terceira delas e a garota balança a cabeça em negativa. Eu nunca ouvi a voz dela, mas seus olhos dizem tudo que eu preciso saber. Ela é tão má quanto June, a loira que a está encarando.
— Muito bem... — Mo me empurra para o lado com a voz cansada e eu acho que ele também não tem muita paciência para aturá-las. — O que vocês querem hoje?
— Eu quero que ele prepare minha bebida, — June aponta para mim e alarga o sorriso. — Mas cuidado para não infectar meu pedido.
— Olha só isso, Mo. — Comento mais relaxado do que me sinto e as três erguem as sobrencelhas. — Ela finalmente admitiu que consegue me ver e ouvir.
— Não! Eu não fiz nada disso, eu só... — June fecha a boca abruptamente e revira os olhos. — Tanto faz.
Vejo a morena, Nicky, sorrir disfarçadamente enquanto June e Brit fazem seu melhor para não perderem a pose. Eu realmente não sei o que acontece entre elas, mas para mim está claro que Nicky não é muito amiga das outras duas. June me fuzila com os olhos quando eu entrego seu pedido e em seguida as três marcham para fora do café.
Escuto o sino tocar e me arrependo no minuto em que ergo a cabeça. Eu preferia que June tivesse voltado para me irritar, mas ao invés disso minha mãe e Hilary entram sorridentes. Chega a ser engraçado o modo como as duas destoam do cenário.
— Zander, finalmente consegui te encontrar. — Minha mãe se aproxima do balcão. — Eu liguei para seu celular várias vezes, por que não atendeu?
— Eu estou trabalhando. Não posso atender o celular. — Lanço um olhar para Mo, mas assim que ele vê minha mãe vira para o outro lado.
— Não importa mais. Eu trouxe a Hilary até aqui porque ela estava parecendo tão triste lá em casa sozinha. Sua irmã e Oliver saíram para passear.
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Um amor fora do comum
Fiksi RemajaSer o filho mais novo sempre fez com que Zander se sentisse deslocado na família. Seus pais esperam que ele siga o exemplo do irmão mais velho e se torne um grande homem, porém o que Zander realmente deseja é ser livre. Para piorar, sua mãe está tão...