Prólogo

18 2 0
                                    


Contam as histórias, que os deuses criaram nove reinos acima das nuvens após a vida ser criada sobre o mundo:

O nono reino é descrito pelas criaturas dos céus como algo divino e inalcançável, desligado dos outros oito e que nem mesmo eles, seres mágicos e dotados de grande poder, força e imortalidade jamais conseguiram adentrar: O Oásis Celestial, onde vivem os quatro deuses lunares. Para nós, terrenos, eles são divindades criadoras da vida no mundo, e que por alguma ideia maldosa, criaram os "celestes inferiores" com pequenas doses de poderes para fazer a vida dos mortais, um pouco mais difícil, ou para tornas suas existências eternas, menos tediosa.

Os Primeiro e Segundo Céus, reinos habitados por Solaris, criaturas místicas com a pele dourada ou bronze escuro e olhos de sol, alguns deles extremamente habilidosos, capazes de controlar os ciclos da vida abaixo deles e também as mentes dos outros celestes. Estes, governados pelo imperador de Solar, Sarki, que dizem ser apenas menos poderoso que os deuses lunares.

Os Terceiro e Quarto Céus, habitados por Ventus, criaturas dotadas de beleza sobrenatural, asas semelhantes as das libélulas, mas tão grandes quanto os próprios Ventus e se vistas contra a luz, criam espectros coloridos e brilham conforme se movimentam com graciosidade. Eles possuem grandes olhos cinzentos e são capazes de dominar os ventos e as mudanças outonais, são estes as criaturas mais pacíficas dos Céus.

Os Quinto e Sexto Céus, habitados por Tenebris, criaturas das sombras, que podem assumir a forma que desejarem, mas são sempre escuros, cercados de trevas, levam dor e destruição para onde vão e tem a estranha habilidade de neutralizar o poder dos Vernuns, consumir sua luz com um simples toque. Os Tenebris porém, sob ordens dos Solaris, se tornaram bons aliados e já não interferem mais de forma ruim nas vidas daqueles acima ou abaixo dos céus, ou é o que acreditamos.

E por fim, os dois mais perto da terra, o Oitavo e o Sétimo Céus, governados por Vernuns, favoritos dos deuses depois dos Tenebris, são criaturas nascidas das tormentas das tempestades, manipuladores de energia, alguns deles, criados da mais pura energia. Porém, seus corpos de luz eram inconstantes, e muitos deles morriam ao se desfazer em tempestades sobre o mundo mortal.

As lendas contam que um mago Ventus habitante do Quarto Céu, deu forma física constante aos Vernuns, transformando-os em criaturas semelhantes aos humanos, suas peles ficaram num tom pálido brilhante, os cabelos em vários tons de chumbo a prateado, como se fossem as cores das nuvens em tormenta. Dessas criaturas corpóreas emanava intenso poder, eles tornaram-se mais fortes, já não morriam ao invocar as tempestades e podiam andar livremente sobre o solo do mundo humano sem serem absorvidos por ele.

Aos Vernuns, o Imperador do Primeiro Céu deu-lhes a missão de proteger a entrada dos reinos acima das nuvens, impedindo que os terrestres entrassem sem permissão, então, essa era a ordem dos céus, ou pelo menos, era assim que contavam essa história.

Outra história conta que, no início, quando os Vernuns se apresentaram aos povos do mundo mortal, eles vieram como nossos aliados, estendendo sua proteção a todos sobre a terra, mandando as chuvas nas horas certas para favorecer nossas plantações e manter a terra sempre viva e em troca, eles levavam uma parte mais do que justa das colheitas e dos animais, uma vez que os Oitavo e Sétimo Céus eram desprovidos de solos férteis para o plantio e os corpos físicos dos Vernuns precisava de alimento comum, pois antes seus corpos de luz, criavam a própria energia.

Nós os considerávamos bênçãos dos céus no início, mas com o passar do tempo, o Rei Drascius III, ficou ganancioso em relação ao que os Vernuns tinham nas cidades acima das nuvens. Ele pediu para ser levado para conhecer as cidades, e quando voltou, exigiu um palácio sobre as nuvens para manter o tratado com os Vernuns.

Eles aceitaram o pedido do rei, cheios de boas intenções, mas não satisfeito em ter apenas o castelo acima das nuvens, quis ter uma aliança mais "firme" e tomou como esposa a filha do rei do Sétimo Céu, porém, a jovem princesa, sem saber lidar com um humano, o levou à morte em sua noite de núpcias, e assim, a relação do mundo mortal com os reinos acima das nuvens, ficou tenso.

O herdeiro de Drascius, príncipe Meriles, filho mais velho do rei e de sua falecida esposa humana, Flarines, não aceitou a morte do pai como acidental, então declarou guerra aos Vernuns.

Não preciso contar o terrível fim dessa história, já que os Vernuns tinham poderes e força sobre-humana. Na verdade, não foi tão terrível, pois os Tenebris intercederam em favor dos humanos, fazendo o jovem rei Meriles assinar um acordo de paz e manter as relações com os Vernuns, que claro, nunca mais foi como era antes.

Ouvi essa história diversas vezes, contadas hora uma, hora outra, com muitas variações, desde nomes a datas, mas sempre as mesmas histórias e o mesmo aviso: "Nunca se aproxime das entradas dos Céus, ou você pode nunca voltar! "

Mas e quando não somos nós a tentar entrar no reino deles? E quando um deles desce até nós e muda completamente o nosso destino, ou até mesmo o destino de todos acima do reino humano?


A canção dos nove céus - degustaçãoWhere stories live. Discover now