Yoru Asterath o príncipe sobrevivente do Oitavo... meu nome, aquele título parecia um abismo escuro e deserto para mim enquanto caminhava pela segunda vez naquele dia entre os escombros do Castelo Azul, meu antigo lar, a casa de nuvens e de sonhos. Um jovem agora sem lar, observando a destruição atentamente do que um dia foi meu lugar favorito no mundo inteiro. Ninguém havia tocado ali, ninguém havia caminhado sobre aquele lugar após a queda do Oitavo.
Por ser o único Tormentador sobrevivente da nobre casa Asterath, e agora, general do exército Retalhador do Sétimo Céu, havia deixado minha exigência antes de aceitar o cargo: ninguém entraria nas ruínas do Oitavo sem minha permissão, e assim foi... só não sabia até quando essa exigência seria cumprida. Talvez, até Sarki reivindicar oficialmente o local, mesmo tendo certeza que ele já o considerava seu.
Ênya me acompanhava de perto, observando atentamente cada nova expressão que eu fazia enquanto andava analisando mais uma vez as ruínas. Ah! Ela estava irada com isso! Não queria minha atenção em algo que já não "existia" mais. Ela enrolou uma mecha de cabelo nos dedos e ficou brincando, mantendo a expressão vazia com o mais puro tédio.
Desviei o olhar das ruinas por um instante para encará-la, estava profundamente irritado com a presença dela aqui, mas Ênya não me largava desde os treinamentos em Quarto Céu, onde fomos transformados em guerreiros pelos mestres das armas nos Campos do Vento Negro, onde eu ia, a Solaris ruiva me seguia como uma sombra, nem parecia uma Solaris, ou era uma Solaris com alma de Tenebris. Eu nunca neguei que ela era incrivelmente bela, com sua pele brilhante cor de bronze e olhos avermelhados como o pôr do sol, coisa que os outros guerreiros ignoravam por conta do "PROBLEMA" estampado nas feições delicadas e um tanto esnobes de Ênya. Mas ser sempre gentil com ela e ignorar aquele aviso que só faltava saltar de seu rosto, me custou um pouco caro.
Se Ênya sentia algo em relação ao que havia acontecido aqui dias atrás, não demonstrava nada. Afinal, ela era do Segundo Céu, uma Solaris de uma casa nobre, não se importava com aqueles abaixo dela, exceto comigo, o que me deixava ainda mais frustrado.
Respirei fundo e ignorei a presença dela, enquanto mais uma vez, analisava a destruição. Os corpos que não foram destruídos pela explosão, foram removidos no dia seguinte e tiveram seus lacres removidos, para que eles pudessem assim, voltar às suas formas de energia e se desfazerem para esperar por uma próxima vida. Por mais que tivesse procurado, não consegui encontrar os corpos dos meus pais nos destroços do castelo, uma dor me consumia aos poucos junto com a dúvida:
"Será que se eu estivesse aqui na hora do ataque, poderia tê-lo evitado ou pelo menos salvo alguém? " Essa era a questão que não saía de minha cabeça.
Algo estava muito errado naquelas ruínas, os destroços pareciam ter se projetado de um único ponto, como se toda aquela destruição tivesse um único ponto início, como se o ataque tivesse acontecido de apenas um lugar, pois os destroços seguiam a mesma linha e em um ponto, estava tudo limpo, como se a destruição tivesse iniciado ali. Mas quando se tinha um ataque desse nível, não deveriam haver mais pontos de onde partiriam as explosões? Quem iniciaria um ataque a um dos reinos sobre as nuvens e só atacaria o castelo? O pior era pensar em quem tinha tal poder para causar todos aqueles danos!
Fazia todo sentido atacarem inicialmente o castelo se o objetivo fosse destruir a família que controlava aquele lugar para tomar o poder, mas quem quer que tenha feito aquilo, não parecia querer tomar o Oitavo, e sim destruir tudo! E foi bem-sucedido nisso. Olhei novamente para o chão, para as marcas que riscavam o que sobrou do piso azul-céu do castelo e percebi que quem havia feito tal coisa, só podia ter um poder semelhante aos nossos.
Apenas um Tormentador poderia ter destruído o Oitavo! Ou talvez, um Solar, afinal, os raios dos Solaris podiam ser semelhantes aos nossos, caso fossem muito bem treinados.
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A canção dos nove céus - degustação
FantasyApenas um dos galhos da árvore dos doze, crias das tempestades, eles são luz e escuridão. Luyen vivia uma vida tranquila na floresta de Peregris, isolada de outros humanos, mas sempre acreditou que isso fosse por causa da profissão dos pais: um lenh...