Depois do funeral eu não consegui mais ficar ali, eu quase não conseguia viver. A caminho de casa do Joel trouxe uma dor muito maior do que a que levei para o funeral. Ele não podia ter partido, não sem eu lhe poder dizer tudo o que tinha a dizer e deixei guardado. Não é justo. A morte não é justa. A morte leva aqueles que mais importam, aquele que são mais amados e esquece-se de levar os que realmente deviam der levados.
- Princesa, eu sei que ele era importante para ti. Para mim também, acredita. Mas eu odeio ver-te assim. - as palavras de Joel saíram com sinceridade dos seus belos lábios.
- Desculpa Joel, eu só não acho correto. Ele era um homem extraordinário, com uma certa idade, admito mas era um homem que ainda tinha muito para ensinar ao mundo. - as minhas lágrimas voltaram e eu bem me dei ao trabalho de as esconder.
- Aisha, a vida é mesmo assim. A vida nem sempre é justa, princesa mas nós temos de aprender a viver com isso. - a mão livre de Joel pousa na minha perna enquanto este mantém os olhos na estrada.
Automaticamente, pouso a minha mão sobre a dele e entrelaço os nossos dedos.
- Eu vou estar sempre aqui para ti, princesa. Não interessa o que aconteça, eu vou estar sempre aqui. - a sua mão acariciou a minha e a sua voz transmitia uma segurança que eu há muito não sentia.
- Obrigada, Joel. - disse e logo depois plantei um beijo na sua face.
Ele fazia-me bem, por muito que eu nunca tivesse pensado em ter uma relação com ele sinto que é correto.
Quando chegamos a casa de Joel faltava muito pouco para o meio dia então decidimos cozinhar alguma coisa. Claro que acabamos por ter de ir buscar almoço a outro lado qualquer devido à escassez de alimentos em casa dele. "Nunca como em casa." desculpava-se.
Enquanto eu pus a mesa, Joel saiu de casa para ir a um restaurante ali perto buscar comida. Quando acabei tive de esperar por ele então fui ao seu quarto e deitei-me um pouco na cama. Os meus olhos percorreram todo o teto e quando se tornou aborrecido logo começaram a percorrer as paredes. Uma fotografia emoldurada na parede em frente à cama chamou a minha atenção. Levantei-me e aproximei-me dela. Tratava-se de uma foto de Joel acompanhado por mim, na nossa infância. Estávamos de mãos dadas e vestidos de forma desleixada, como era habitual. Sorri ao ver que ele guardara algo que eu nem me lembrava que existia, será que ele se sente atraído por mim à algum tempo e nunca me disse?
Os meus pensamentos foram, como sempre, interrompidos por Joel que tinha acabado de chegar. Saí do quarto e desci as escadas em direção à cozinha.
- Tens uma foto nossa no teu quarto. - disse assim que entrei na cozinha.
Quando olhei para Joel quase entrei em pânico. A sua cara estava coberta de cortes e sangue dos mesmos, ele estava curvado com a mão na barriga e reparei no inchaço que se formava perto do seu olho esquerdo. A sua gravata estava desapertada e a sua camisa continha várias pingas de sangue.
- Sempre a tive. - respondeu calmo, ainda conseguindo dar um pequeno sorriso.
- Alá, o que é que te aconteceu? - Ele.sentou-se e eu ajoelhei-me em frente a ele.
Segurei-lhe o rosto, fazendo-o olhar para mim e examinei os seus cortes a pormenor.
- Encontro de velhos amigos. - ele riu e eu juro que se tivesse coragem lhe batia por estar tão calmo - Se achas que estou mal devias ter visto o outro.
- Quem e porque é que te fizeram isto? - perguntei, resmungona.
- Digamos que o passado sempre volta para te apanhar. - falou encolhendo os ombros.
- Não sei como é que consegues estar tão calmo mas depois de eu tratar desses cortes vais ter de responder em condições às minhas perguntas. - resmunguei e logo sai da cozinha para ir procurar curativos.
Ouvi Joel gritar "segunda gaveta do lado direito" e assim que entrei na casa de banho dirigi-me à mesma. Havia várias coisas por ali espalhadas: escovas de dentes, lâminas de barbear e todos os apetrechos necessários. Peguei em algodão, água oxigenada e betadine e voltei para o pé de Joel.
- Tens de lavar todo esse sangue primeiro. - avisei-o preparando as coisas.
Ele rapidamente passou a cara por água, limpando assim o sangue em excesso. Depois disso voltou a sentar-se na cadeira à minha frente e eu comecei a desinfetar-lhe todos aqueles cortes. Não era nada muito grave mas era o suficiente para derramar algum sangue. Enquanto o curava estávamos ambos em silêncio, Joel apenas sussurrou um "obrigado" ao qual eu não respondi. Assim que acabei o que estava encareio em silêncio.
- Não foi nada, não precisas de te preocupar. - ele rolou os olhos e levantou-se.
- Preciso sim! - respondi levantando-me com ele - Imagina que volta a acontecer e que calha de ser pior?
- Não se vai voltar a repetir. - as mãos dele pousaram nos meus ombros - Foi uma vez sem exemplo. Agora, vamos comer?
Suspirei, cedendo e acabei por concordar. A comida estava divina e por alguns segundos esqueci-me da imagem inapropriada de Joel coberto de sangue.
- Vou mudar de roupa p ir trabalhar.
Com todo este alarido perdi a noção das horas e faltava agora meia hora para as 3h.
- Vai lá então. - disse beijando-o de leve os lábios que também continham um pequeno corte e nos quais eu o aconselhei a pôr um penso.
Ele subiu as escadas e depois de arrumar a cozinha fui-me sentar no sofá da sala. Liguei a televisão e fiquei a ver alguns programas dos quais eu não percebia nada da história. Um tempo depois ouvi Joel descer as escadas, quando passou na sala deu-me um beijo na bochecha e, depois de um apressado "até logo", saiu.
Quando estava finalmente a começar a perceber a história do programa que estava a passar ouvi tocarem à campainha. Levantei-me e ao chegar à porta deparei-me com um papel, provavelmente passado por debaixo da mesma, com o nome de Joel nele. Apanhei o papel e abri a porta. Não se encontrava ninguém do outro lado. Fechei a porta calmamente e lembrando-me de todos os filmes de terror que começariam daquela maneira. Com a porta já fechada e num momento de pura curiosidade abri o tal papel.
// Olá outra vez ✌ só para dizer que vou tentar publicar dentro de 5 dias, no máximo e para lembrar que se houver alguma dúvida estou aqui para responder. Amo-vos ❤//
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Only You - Niall Horan Fanfiction
FanfictionComo reagirias se a pessoa que mais amasses usasse o teu passado contra ti de uma forma que ninguém poderia perdoar? Quando Aisha Reed, uma jovem de 22 anos, se encontra nesta situação a sua primeira reação é isolar-se do mundo até que um "amigo" a...