[2] "Ele se foi, mamãe!"

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   Boa leitura! ❤️

[...]


                         Pronto! Eu já estava preparando-me mentalmente para o início de uma provável discussão com Archie. Dentro da caixa, armazenava as cartas que andei escrevendo nas noites e nos dias que pude ficar sozinha junto aos meus pensamentos sobre Jughead. Escrevi-as no intuito de eliminar as lembranças mais profundas que tinha relacionadas a dele, mas foi vão.

Deixei-as sujeitas a descoberta. Precisava elaborar uma desculpa depressa, só não transparecer meu nervosismo. Então estaria tudo bem.

— Como assim "o que é esta caixa"? São fotos antigas das crianças! – menti, me dirigi até ele e apanhei a caixa em imediato para guardá-la em um lugar mais seguro.

— Então deixe-me ver. Gosto quando vemos as fotos deles. – ele pediu, sorridente.

— Não! – neguei com urgência, em seguida engolindo o seco e pensando vertiginosamente numa desculpa convincente — Está tudo bagunçado. Quem sabe outra hora?

Simulei um sorriso largo em meus lábios, o qual se desmanchou no instante que virei-me de costas e estive na ponta do pé para pôr aquela caixa na parte de cima do meu closet. Me permiti respirar fundo.

Eu vesti uma roupa específica para dormir. Penteie meus fios de cabelos e mantive-os úmidos. Receava virar-me para atrás e encontrá-lo me encarando daquela forma tão penetrante e pesada. Um clima estranho havia se espalhado pelo quarto.

— Pare de me encarar dessa forma e diga logo o que você está pensando – emanei inusitadamente através de uma voz grave e acravei meus olhos nele — O quê, Archie? Diz logo.

— Eu acho que precisamos conversar. – o ruivo propôs logo após, e sentou-se na cama.

— Sobre...? – caminhei até a cama e sentei-me no colchão confortável.

Acomodei minhas costas nos travesseiros, posicionei meus óculos de grau no meu rosto e apanhei o meu livro, folheando-o na página em que parei.

— Tudo, Veronica. Você sabe o quê. – ele replicou com uma circunspecção que fora capaz de provocar-me arrepios internos, enquanto tirava o livro da minha mão.

Eu, sinceramente, não me apresentava preparada o suficiente para abordar essa conversa. Nós conversamos sobre esse assunto por tantos anos. No entanto, depois dos problemas que vieram à tona, essa temeridade sumiu. Nós só desejamos esquecer. Mas não há como. É algo que me consome, e Archie sabe disso. Acho que este é o motivo d'ele ansiar desnecessariamente por esta conversa. Eu notava que aquilo estava prejudicando tanto ele quanto à mim.

Retirei os óculos do meu rosto e o olhei, hesitante.

— Archie, eu não...

— Eu sei. Sei que você não pretende nada disso. Mas sempre que lhe vejo lembrando dele, é algo à mais para me preocupar. Prometemos superar isso juntos. Para onde foram esses doze anos que juramos isso, Veronica? Eu também sinto falta dele, Ronnie, ele era o meu melhor amigo. Parece que você insiste em me torturar por eu ter feito aquilo. – relatou o que aparentava estar entalado em sua garganta há muito tempo. Não receie me sentir mal por essa pressuposição que criei em minha mente.

— É, Archie... Você ficou o observando morrer sabendo que eu mal tinha ideia de que o perderia daquela forma. Ele era o seu melhor amigo? Tudo bem! Mas ele, Archie... era o meu marido. Eu segui com a minha vida sem ele, fiz planos sem ele e me apaixonei de novo sem ele. Mas quem disse que eu superaria? Por causa disso, eu tenho raiva, medo e uma insegurança ainda maior para carregar. – comentei, exaltada, porém sem elevar a voz mais que o necessário para as crianças não terem capacidade de escutar aquela discussão.

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