02 • Flores de enfeite e outras mais pessoais

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𝔼, como previsto, lá estava ela.

Era sábado, e nos sábados ela vinha perto do meio dia. 11:30. Tínhamos sete clientes ao todo, cada um em uma extremidade do estabelecimento. Uma mulher bebendo um café preto enquanto folheava uma revista de moda junto de uma menina de, prováveis, seis anos comendo uma rosquinha junto de um chocolate quente. Um senhor de idade com um latte e um jornal cobrindo-lhe o rosto. Duas garotas ocupando uma cadeira extra para apoiar as várias bolsas de lojas famosas — e caras — enquanto a da direita degustava uma batida de maçã e a outra um chá gelado. Um garoto com um livro de "jornada do herói" talvez, junto de um expresso e um brownie. E, por último, lá estava ela. Na mesma mesa de sempre, dessa vez com um livro — ela o avia pego no nosso nem tão modesto acervo quando chegou, a cafeteria possuía generosas estantes repletas dos mais variados gêneros, desde livros infantis até clássicos, onde os clientes poderiam simplesmente escolher um e ler enquanto bebiam um bom café. Nosso público alvo: ratos de biblioteca e pseudo-cults. Mas, por incrível que pareça, Rosely não parecia se encaixar em nenhuma das duas opções. Ela avia desistido dos óculos grandes e redondos na segunda vez em que o vapor quente do cappuccino os embaçou. A leitura parecia interessante já que ela mal piscava e levava inconscientemente alguns fios que escapavam do coque para trás da orelha, mas pelo seu juntar de sobrancelhas e a testa franzida deveria ser uma história complicada de se entender.

— Bailey. — escuto meu nome ser chamado e me viro para a sua direção, era a gerente — A floricultura já entregou o pedido, ajude o Alex a colocar os vasos nas mesas.

Assenti e fui para os fundos. Lá o único outro empregado da minha idade fazia o serviço de terminar de ajustar os arranjos de rosas amarelas nos vasos de cerâmica branca.

— Valeu pela ajuda, cara — ele diz quando me abaixo para pegar dois vasos.

— Agradeça a gerente que não me deu opção de dizer "Não, obrigado" — digo sincero, e ele ri mesmo com toda minha expressão de que estava ali por obrigação e mais medo daquela mulher do que de perder o emprego. Perdi bons pontos de energia por culpa dessas flores.

— Não se preocupa, a gente termina de colocar isso nas mesas em dois minutos — diz dando tapinhas em meu ombro para logo se reerguer com um adorno em cada mão.

— Tudo bem, consigo reclamar mesmo que demore só trinta segundos. — o vejo sorrir enquanto nega com a cabeça o que acabou de escutar.

Faço o mesmo que ele, começamos pelas várias mesas desocupadas, meio que já avisando os clientes "Vai chegar a hora de vocês", pelo menos era isso que eu lhes dizia mentalmente.

Entre várias idas e vindas do deposito para pegar mais vasos só consegui variar entre amaldiçoar a gerente e o Alex.

— Dois minutos, né? — murmuro para ele em uma das vezes que nos encontramos para buscar mais.

A doença das floresOnde histórias criam vida. Descubra agora