Prólogo

84 7 1
                                    

Charles respirou fundo, tentou juntar um pouco de força mental e física, fechou os olhos e começou a escrever no espaço em branco de sua mente.
         Talvez, quando eles acordarem, se arrependam de toda a dor e do sofrimento...
         Talvez, quando eles acordarem, percebam que a distância é a única cura, longe de tudo que nos machuca lentamente.
         Eu espero que sejam capazes de me entender e perdoar.
         Parou sua escrita por alguns segundos, sentindo uma leve pontada em sua nuca.
         Ele então sorriu, olhando seu reflexo nas vidraças da larga janela: o mesmo Charles. Com olhos fundos e cansados, talvez, com olheiras fundas e arroxeadas em baixo de cada um deles, mas que ainda possuíam o brilho de quem anseia viver por pelo menos um pouco mais de tempo. Tempo, pensou, sempre precisamos trabalhar com ele, e nunca contra ele. Tempo, fixou outra vez no fundo de sua mente, queria ter dito a oportunidade de tê-lo como um aliado e não como um inimigo.
         Charles estreitou os olhos através da janela, sentindo como se o mundo lá fora começasse gradativamente a encolher. Havia neve, uma brisa suave e fria, e um brilho pálido que crescia no céu engolindo as nuvens cinzas.
         Espero que sejam capazes de me perdoar.

ANTES DO ETERNO AGORAWhere stories live. Discover now