Capítulo 5 - Emergência

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O despertador. Dulce não conseguira dormir todo o tempo necessário para se sentir descansada, mas tampouco se sentia sonolenta depois de ouvir o som insistente que começava o dia. A reunião da noite anterior renovou as expectativas em relação ao Exílio e à possível fuga do grupo. As coisas pareciam mais coloridas nesse dia, apesar de recordar que ainda deveriam passar por algumas provas e alguns momentos ruins antes de finalmente poder sair desse lugar. Hoje provavelmente receberiam a punição pelos delitos cometidos por ela e Christopher, mas não estava tão preocupada dessa vez. Passariam por isso juntos.

Chegou à cozinha acompanhada de Christian, quem tentava convencê-la de fazer as tarefas do dia em seu lugar, já que os dois teriam folga pela tarde. Ela ria dos argumentos do amigo enquanto se sentava ao lado de Poncho e se servia de algumas torradas que vieram da caixa desse dia. Pode-se ouvir porta da sala abrindo e o rotineiro "Bom dia!" de Andrés encheu o lugar.

- Pessoal, tenho algumas notícias pra vocês. - Andrés chamou atenção de todos para si antes de prosseguir. - Em primeiro lugar, vocês sabem que o Controle estava avaliando qual punição aplicar na casa devido aos recentes acontecimentos. Espero que vocês tenham conversado sobre isso e se resolvido, porque o que eu tenho que dizer a vocês é muito sério.

"O Controle esteve todo esse tempo reunido porque nada assim tinha acontecido antes, e uma das primeiras regras que foi passada a vocês foi quebrada. Tiveram que chegar num consenso e digo a vocês que eles ainda não estão felizes com a decisão, então é possível que eles mudem de ideia e atualizem a punição no meio do caminho".

Andrés respirou fundo.

- Olhem, eu sei que é difícil estar longe da família, mas vocês precisam entender que estão lidando com gente poderosa. Se eles colocaram regras, não vão permitir que sejam quebradas assim; eles têm convicção de que vocês precisam aprender por bem ou por mal. E é por isso que ficou decidido que a partir de hoje vocês ficam por tempo indeterminado proibidos de sair da casa.

Os moradores da casa 14 tentaram protestar, mas com um gesto de Andrés se calaram.

- As únicas pessoas que têm permissão, e apenas em horários pré-estabelecidos, são Maite e Artur, devido aos atendimentos médicos. Fora isso, todos em casa. O Controle quer ficar de olho em vocês vinte e quatro por dia, para que os erros não se repitam. Além disso, a segurança aí fora está reforçada, tem mais fiscais na sua rua e aí na porta.

- Então ficaremos isentos das atividades de atuação? - Perguntou Poncho.

- Sim. Não tem que gravar mais nada e as crianças não irão à escola. Em relação à comida, espero que vocês tenham aproveitado essa caixa. A próxima só virá no café da manhã daqui dois dias.

- E isso que não sabemos qual foi o delito, imagina se soubéssemos... - Comentou Anahí, cabisbaixa.

- Gente, o caso é sério. Fiquem espertos para remediar tudo isso que aconteceu e não piorar mais a situação.

Christopher riu.

- Como piorar mais? Pior que está, não fica!

- Fica, meu amigo. - Respondeu Andrés. - Eles estavam considerando colocar câmeras nos quartos também. Então tratem de se comportar direitinho, porque o Controle não brinca quando o assunto é vigilância. Bom, como hoje vocês não têm nenhuma tarefa fora deixar a casa em ordem e não se meterem em mais encrenca, me despeço. Boa sorte, pessoal.

Andrés se foi, dando lugar a um silêncio incômodo que fez com que Dulce se levantasse e fosse devagar a seu quarto. Pelas janelas da casa podia ver sombras dos fiscais perambulando em volta da casa, mantendo o isolamento. Fechou a porta do quarto e respirou fundo. Esses dias seriam complicados, já que, além de não poder se distrair com os roteiros dos programas estranhos do Controle, ainda teria que passar todo o dia debaixo do mesmo teto que Christopher. Isso sim seria tortura. E seguramente era esse o plano: mantê-los próximos e vulneráveis a qualquer erro.

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