"ᴀᴄʜᴀᴍᴏs ϙᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ̂ ᴇ́ ɴᴏssᴀ ғɪʟʜᴀ", o rei acabara de dizer. Quem diria que o grande monarca falaria tamanha barbaridade.— Oque? — Falei e involuntariamente soltei uma gargalhada. O homem que havia me entregado os papéis que estavam em minhas mãos limpou a garganta, chamando minha atenção.
— Venha, vamos conversar. — O rei disse se levantando, quase arrastando seu longo manto no chão enquanto caminhava até uma porta a sua direita.
Olhei para o meu companheiro, o guarda, que estava na grande porta, e ele fez um sinal com a cabeça como se dissesse "pode ir". Ele me passava segurança, então eu fui. Não que eu tivesse outra escolha.
O rei abriu a porta, mostrando uma sala com grandes janelas parcialmente cobertas por cortinas brancas, e uma grande mesa. Nas paredes dos lados, grandes estantes de livros.
Ele pegou um livro de uma das estantes, um livro que eu conhecia muito bem, como a palma da minha mão. A rainha puxou uma cadeira para que eu me sentasse, e eu o fiz. Os dois se sentaram, o rei na ponta da grande mesa e a rainha de frente pra mim.
Ele folheou as páginas e quando parou pude ver oque estava escrito: "Capítulo VII".
— "Muitos anos atrás, o rei e a rainha de Waterfort decidiram que era hora de ter um filho." — Ele começou, mas o interrompi.
— Conheço esse conto, Majestade.
— Não é um conto, é a verdade. — A rainha se pronunciou pela primeira vez.
Então é verdade mesmo..., pensei.
— Bom, como você já sabe, tentamos ter um filho. Mas só conseguimos quando eu fiz um pacto com os Deuses. — Ele explicou.
— Que consistia basicamente em ter dois filhos, e sacrificar um. — Falei, com um pouco de desprezo na língua. A rainha percebeu e estreitou os olhos.
— Sim... — A voz do rei embargou um pouco. — Era necessário.
— E decidiram matar a garota.
— Sim, apenas porque ela tinha nascido depois. Bem, você sabe oque aconteceu no final. — A rainha disse, meio abalada também.
Não posso negar que desse jeito eles pareciam as vítimas.
Eles são, em partes, minha consciência me disse. Não, não são, querida consciência.
— Conhece o festival de março? — O rei perguntou a mim.
— O festival dos Lírios D'água? Já ouvi falar.
— Bem, todo mês de março, fazemos um festival e no último dia todos colocamos lírios d'água no lago Bitterness, esse que leva ao Rio Elementary Union, que passa por todos os Quatro Reinos. — A rainha explicou.
— Espera, espera! Oque tudo isso tem a ver comigo? E, com todo respeito Vossa Majestade, porque falar algo tão impossível e estranho, como eu ser sua filha!? — Eu falei, me segurando para não gritar. Eu estava confusa, muito confusa.
— Acalme-se. — O rei falou. — Sabe, o dia em que meus filhos nasceram, foi dia sete de março, é o dia do festival em que convido as famílias reais dos outros três reinos para que desfrutem de um delicioso banquete aqui.
Dia sete?
— Agora me diga, que dia é mesmo seu aniversário?
— Di... dia sete de março... — Hesitei antes de falar.
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Os Quatro Reinos: Trono Perdido. [sendo reescrito]
FantasyCom poderes sobrenaturais, quatro poderosas famílias mantinham seus reinados acima de qualquer outro. Estes eram clãs dos quatro elementos da natureza. Mas ao passar dos muitos anos, o poder que corria nas veias dos privilegiados e no mundo ao seu r...