IV. A Verdade

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   "ᴀᴄʜᴀᴍᴏs ϙᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ̂ ᴇ́ ɴᴏssᴀ ғɪʟʜᴀ", o rei acabara de dizer. Quem diria que o grande monarca falaria tamanha barbaridade.

   — Oque? — Falei e involuntariamente soltei uma gargalhada. O homem que havia me entregado os papéis que estavam em minhas mãos limpou a garganta, chamando minha atenção.

   — Venha, vamos conversar. — O rei disse se levantando, quase arrastando seu longo manto no chão enquanto caminhava até uma porta a sua direita.

   Olhei para o meu companheiro, o guarda, que estava na grande porta, e ele fez um sinal com a cabeça como se dissesse "pode ir". Ele me passava segurança, então eu fui. Não que eu tivesse outra escolha.

   O rei abriu a porta, mostrando uma sala com grandes janelas parcialmente cobertas por cortinas brancas, e uma grande mesa. Nas paredes dos lados, grandes estantes de livros.

   Ele pegou um livro de uma das estantes, um livro que eu conhecia muito bem, como a palma da minha mão. A rainha puxou uma cadeira para que eu me sentasse, e eu o fiz. Os dois se sentaram, o rei na ponta da grande mesa e a rainha de frente pra mim.

   Ele folheou as páginas e quando parou pude ver oque estava escrito: "Capítulo VII".

   — "Muitos anos atrás, o rei e a rainha de Waterfort decidiram que era hora de ter um filho." — Ele começou, mas o interrompi.

   — Conheço esse conto, Majestade.

   — Não é um conto, é a verdade. — A rainha se pronunciou pela primeira vez.

   Então é verdade mesmo..., pensei.

   — Bom, como você já sabe, tentamos ter um filho. Mas só conseguimos quando eu fiz um pacto com os Deuses. — Ele explicou.

   — Que consistia basicamente em ter dois filhos, e sacrificar um. — Falei, com um pouco de desprezo na língua. A rainha percebeu e estreitou os olhos.

   — Sim... — A voz do rei embargou um pouco. — Era necessário.

   — E decidiram matar a garota.

   — Sim, apenas porque ela tinha nascido depois. Bem, você sabe oque aconteceu no final. — A rainha disse, meio abalada também.

   Não posso negar que desse jeito eles pareciam as vítimas.

   Eles são, em partes, minha consciência me disse. Não, não são, querida consciência.

   — Conhece o festival de março? — O rei perguntou a mim.

   — O festival dos Lírios D'água? Já ouvi falar.

   — Bem, todo mês de março, fazemos um festival e no último dia todos colocamos lírios d'água no lago Bitterness, esse que leva ao Rio Elementary Union, que passa por todos os Quatro Reinos. — A rainha explicou.

   — Espera, espera! Oque tudo isso tem a ver comigo? E, com todo respeito Vossa Majestade, porque falar algo tão impossível e estranho, como eu ser sua filha!? — Eu falei, me segurando para não gritar. Eu estava confusa, muito confusa.

   — Acalme-se. — O rei falou. — Sabe, o dia em que meus filhos nasceram, foi dia sete de março, é o dia do festival em que convido as famílias reais dos outros três reinos para que desfrutem de um delicioso banquete aqui.

   Dia sete?

   — Agora me diga, que dia é mesmo seu aniversário?

   — Di... dia sete de março... — Hesitei antes de falar.

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⏰ Última atualização: Jul 19, 2019 ⏰

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Os Quatro Reinos: Trono Perdido.  [sendo reescrito]Onde histórias criam vida. Descubra agora