I. A herdeira de Waterfort | Parte 2

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   sᴇɴᴛɪ ᴜᴍᴀ ᴘᴏɴᴛᴀᴅᴀ ɴᴀ ᴄᴀʙᴇçᴀ ᴇ ᴀᴄᴏʀᴅᴇɪ. Sentia uma dor imensa. Forcei meus olhos a se abrirem - com certa dificuldade - mas mesmo assim não vi nada além de uma mistura de borrões pretos e cinza. Eu havia ficado cega?

   Mesmo sem enxergar nada, tentei me levantar. Apoiei-me nas minhas mãos e tentei dar impulso com o joelho, mas me desequilibrei e fui de encontro ao chão. Merda.

   Me sentei, e olhei para os lados na esperança de encontrar algum sinal de vida ou sequer algum objeto, oque não aconteceu. Onde eu estou, afinal?

   Tentei me levantar outra vez, dessa vez com sucesso. Passei os braços por todo lugar, em busca de algum objeto ou, quem sabe, um interruptor.

   Hesitante, andei alguns passos para frente. Nada. Andei mas um pouco e de repente senti meu pé pisar em um piso que estava mais alto que os outros. De repente, ele se abaixou. Mal sinal.

   O cômodo começou a tremer e senti o chão abaixo de mim começar a criar rachaduras e fendas. Me desesperei e tentei correr, meu pé se agarrou em uma das rachaduras e fui ao chão. Logo o chão que estava abaixo de mim de desmontou completamente. Senti meu corpo cair e tentei segurar nos restos de piso mas eles se soltaram também. Minha mão escorregou e eu senti os machucados serem feitos em sua palma.

   Cai junto aos pedaços de piso na imensidão do escuro. Fechei meus olhos esperando o encontro com o chão.

   Quando a colisão veio, a dor foi tão forte que durou só alguns milésimos de segundo. Não pude sentir mais nada quando meu corpo foi ao chão, fiquei dormente. Não conseguia me mover nem sentir nada. Estava morrendo?

   Tentei gritar mas o grito saiu sem força. Meus olhos queriam se fechar e eu lutava contra isso. Lutei até não poder mais, mas infelizmente meus eles se fecharam e minha consciência se desvanesceu.
  
      
  
   Ouvi um chiado. Demoro um tempo para voltar a raciocinar, eu não morri, então? Abro meus olhos e minha visão está turva. Minha cabeça lateja, mas não sinto a dor que senti antes, ao cair. Levo a mão até minha nuca, sinto um líquido quente escorrer de um corte não muito profundo. É sangue. Foi apenas um pequeno corte então?

   Olho pra baixo, estou descalça, mas uso um vestido branco, com rendas e pérolas. Eu estava usando isso antes?

   Me levantei, só ai vi que estava em um cômodo diferente. As paredes eram prata e o chão, branco. No teto, um lustre dourado enorme cheio de pedras preciosas e luzes.

   À minha direta, um pequeno sofá branco, com duas almofadas azul-bebê. De frente p'ra ele, um tapete felpudo cinza e uma pequena estante beje com livros e alguns vasos de flores prata. As flores eram todas do mesmo tipo, variadas em vários tipos de azul. Era uma flor que eu já tinha visto em algum lugar, mas não consigo me recordar.

   À minha esquerda, um grande guarda-roupa beje com alguns detalhes prata. De frente p'ra ele, um pequeno banco com estofado azul cobalto e pés dourados. Do lado do guarda-roupa, um pequeno baú azul claro com várias flores e Sois em dourado e um vaso de flor consideravelmente grande com rosas brancas.

   Atrás de mim, diversos quadros em moldura dourada. Neles, fotos de pessoas que eu não conhecia. Pareciam ser importantes.

   Estranho, não tem nenhuma porta.

   Me pergunto porque vim parar aqui, aliás. Acordar em dois lugares diferentes no mesmo dia não é para qualquer um. Se é que se passou apenas um dia.

   Ao olhar para minha frente pude ver dois berços brancos. Caminhei até eles e me assustei. Dentro, haviam dois bebês, um menino muito bem vestido no primeiro, e uma garota linda também no segundo. Os dois tinham poucos e lisos cabelos negros, mas olhando bem se asemelhavam a um azul escuro. A pele dos dois era meio pálida, apenas o nariz e as bochechas eram mais rosadas. Os dois tinha olhos azuis intensos, que me deixaram hipnotizada por alguns segundos.

   Ouvi a menina dar uma risada fofa e a encarei. Cheguei mais perto e passei minha mão cuidadosamente sobre seus cabelos macios. Ela me encarou profundamente e senti um arrepio gelado percorrer minha espinha.

   Para minha desgraça, a neném começou a chorar. Seu rosto começou a tomar uma coloração vermelha, e ela gritava alto enquanto se mechia no berço. Eu tentava a acalmar quando lágrimas de sangue começaram a descer de seus olhos.

   Assustada, fechei os olhos com força e o choro parou. Abri-os novamente e a bebê não chorava mais. Lágrimas brotaram em meus olhos quando vi seu corpo sem vida e cheio de sangue. Olhei pra baixo e meu vestido também estava muito ensanguentado. De repente o outro bebê começou a chorar também.

   Cai no chão, sem forças. As lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto não me deixavam enxergar direito. Fechei os olhos com força, pedindo para tudo isso parar. O chão tremeu de novo e, quando vi, estava caindo novamente no vasto escuro.

   Olhei pra baixo e vi água. Uma água diferente, que brilhava. Meu corpo caiu e afundou. A água estava gelada e eu fui bem fundo.

   Tentei nadar para cima, mas meu corpo parecia chumbo, mais pesado do que nunca foi. O ar começou a faltar em meus pulmões e o desespero tomou conta de mim. Comecei a me mecher compulsivamente, tentado subir, o vestido branco e longo não ajudava.

  Meus pulmões começaram a queimar, implorando para que eu soltasse o resto de ar que segurava e respirasse normalmente. Sei que seria meu fim se fizesse isso, mas era muito tentador, realmente tentador. Minha garganta doía, como se alguém a apertasse para que eu soltasse o ar. Eu ia morrer. De novo.

   Quando o último fio de oxigênio estava se desvanescendo junto ao meu raciocínio, eu vi o vulto de um homem me tomando em seus braços e me levando pra cima.

   Como se estivesse na superfície, soltei o ar que me restava deixando ir junto minha consciência.
     
     
     
   Acordei, tossindo e soando. Levantei depressa e minha cabeça latejava e doía. Minha garganta e peito queimavam, como se eu tivesse me afogando realmente.

   As imagens recém-vistas ainda passavam como um filme em minha mente. Mesmo com a sensação de ter um martelo me acertando em cheio na cabeça, tentava entender o propósito de tudo aquilo. O quarto escuro, os bebês, a água e o homem. Quando vi, meus olhos estranhamente estavam marejados.

   Merda, tinha sido tudo um sonho.
  
   
 

    

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Oi brotinhos! Tudo beleza com vocês?

Esse capítulo nem existia nos meus planos até hoje de manhã hahahaha. Não era para ele ter saído, mas é um tipo de bônus enquanto eu não escrevo o capítulo dois.

Peço desculpas por não ter falado com vocês no primeiro capítulo, eu estou acostumada com um espaço apenas para falar com os leitores ( coisa do Spirit Fanfics ).

Enfim, me digam oque estão achando nos comentários! O capítulo dois ainda vai demorar um pouco k.

É isso meus anjos, até mais! ♡

Os Quatro Reinos: Trono Perdido.  [sendo reescrito]Onde histórias criam vida. Descubra agora