Capítulo 22 - Estrelas

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"É quando temos a oportunidade de brilhar."


ESTRELAS SEMPRE MORREM. Informação dolorosa para quem tinha apenas sete anos e começava a desenvolver um amor imensurável pelas coisas do céu. Talvez pelo fato de seu ciclo de vida ser tão parecido com o dos seres humanos o baque tenha sido tão forte.

As estrelas brilham, talvez para dar exemplo para nós e nos encorajar a fazer o mesmo durante nosso tempo de vida. Foi essa a explicação nada científica que eu havia encontrado para amenizar a minha dor com a notícia, e, desde então, resolvi que brilharia em todos os aspectos da minha vida. Eu me agarrei a isso com unhas e dentes.

Era bom voltar a pensar dessa forma após um bom tempo pensando o contrário. Isso significava que a garotinha de sete anos que carregava várias constelações de sonhos consigo havia voltado a existir em algum lugar dentro de mim. Sorri ao constatar que eu realmente havia voltado a sonhar e fazer planos para meu futuro, enquanto observava o céu noturno.

— Estrelinha, o filme vai começar! — Jorge gritou do andar de baixo, fazendo-me saltar imediatamente da cama e correr até lá.

Ao chegar à sala, sorri com a cena: Jorge, que estava sentado ao lado de Cléo no sofá, sussurrava algo no ouvido da sua namorada enquanto ela lhe beijava todo o rosto; Guilherme, por outro lado, segurava o grande recipiente com pipoca, o mais distante possível do casal, enquanto fazia várias caretas, incapaz de desviar os olhos.

— Que filme vocês escolheram? — perguntei ao me sentar ao lado de Guilherme e pegar um pouco de pipoca.

Star Wars. — Guilherme respondeu, com um sorriso animado no rosto, já que Jorge e Cléo pareciam alheios a tudo o que acontecia ao redor deles.

— Nunca vi. — admiti, para seu espanto e desapontamento.

— Puxa, por essa eu não esperava... Pensava que você assistia a tudo que tenha a palavra estrela no meio. — havia um certo deboche em sua fala e, em resposta, revirei os olhos e desviei minha atenção para o casal que estava se agarrando no outro sofá.

Peguei um pouco de pipoca e joguei em Cléo e Jorge, que pararam com o agarramento imediatamente.

— Deixem para se agarrar depois, de preferência em um lugar que eu não tenha acesso. — Cléo riu, enquanto Jorge apenas fez uma careta — Vamos assistir ao filme e não me façam estragar mais pipoca.

— Você ouviu sua irmã, Jorgito. — Cléo sorriu sem nenhuma vergonha de culpar unicamente meu irmão pelo agarramento mútuo — Nada de me agarrar durante o filme. Comporte-se.

Guilherme e eu apenas rimos da cara de pau da minha cunhada e da careta que Jorge fez. Finalmente começamos a assistir ao filme e relaxamos. 

No período de seis anos em que eu havia me perdido, achava que meu sofrimento afetaria as pessoas que eu amava mais que a mim mesma

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No período de seis anos em que eu havia me perdido, achava que meu sofrimento afetaria as pessoas que eu amava mais que a mim mesma. Entretanto, a verdade é que sempre foi sobre mim, sobre a minha vida e o peso de um fardo que eu carregava sozinha com medo de magoar quem era importante para mim. O fato é que eu nunca havia considerado que ser protagonista da própria vida requer muito mais do que carregar fardos pesados sem qualquer ajuda ou se trancar em uma muralha de isolamento, com medo de sofrer com o que o outro poderia fazer.

Eu vi a minha vida passar em branco durante tanto tempo, muito mais marcada pelos erros dos outros do que pelos meus próprios.

Suspirei, contente com o fato de ter escolhido derrubar as muralhas de ferro que havia erguido e decidido, ainda que com ajuda, viver.

Continuei a observar o céu enquanto um sentimento de felicidade me invadia. Meus olhos estavam marejados e havia um sorriso grudado em meus lábios. Guilherme e eu estávamos deitados na grama do mesmo parque em que eu havia contado toda a verdade para ele. O céu estava repleto de pontinhos brilhantes, e a lua começava a minguar. Comecei a rir ao lembrar de algo que meu amigo havia dito no dia em que conheceu o lugar em que eu havia passado grande parte da minha infância.

— Do que você está rindo, Estrelinha? — indagou ele, curioso.

— Jamais vou esquecer que você tem medo de fantasmas. — respondi, ainda rindo dele.

— Mas eu não tenho! Eu só disse que acredito em fantasmas, é diferente. — protestou ele.

Gargalhei.

— Vou fingir que acredito. — continuei a fitar o céu, enquanto ouvia Guilherme resmungar sobre a minha acusação.

Um silêncio confortável nos abraçou, como se aquele fosse um momento sagrado para nós dois. Eu ainda achava estranha a forma como o meu coração já não se apertava em angústia quando observava o céu estrelado. Achava mais estranho ainda o fato de que eu havia voltado a ser uma pessoa feliz. Mas era um estranho bom, o tipo de sentimento que logo nos acostumamos a ter.

— Você está contando? — Guilherme sussurrou após algum tempo.

Sorri e meus olhos voltaram e ficar marejados.

— Estou. — sussurrei de volta, sentindo a paz invadir o meu peito — E eu nunca mais vou deixar de contá-las.

Então lembrei novamente dos meus versos preferidos e que definiam o meu amor pelas estrelas.

"E eu vos direi: 'Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas'."


Sorri. Eu realmente gostava de viver.

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O ÚLTIMO CAPÍTULO E EU TÔ AQUI NUMA MESCLA DOIDA DE SENTIMENTOS.

Espero muito que vocês gostem e comentem e votem <3

Notas finais no próximo capítulo <3

Quando Eu Contava EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora