Capítulo 16 - Segredos

23 9 31
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


"[...] A minha bússola estava quebrada e o meu Norte parecia ser todos os caminhos ao meu redor, confundindo-me quanto a direção que eu deveria seguir."


TODO MUNDO TEM SEGREDOS. Essa é uma verdade universal, por mais que, algumas vezes, queiramos acreditar no contrário. O fato é que ninguém é um livro aberto. Por menor ou maior que seja o segredo, ninguém quer expor totalmente quem é de verdade. Os segredos são parte de nossa essência, aquela que queremos manter apenas para nós mesmos até que nos sintamos seguros para compartilhá-la. São o conjunto que forma a parcela de nossas almas que não compreendemos e, por isso, a mantemos calada, silenciosa, até que consigamos decifrá-la. Talvez nunca aconteça. Muitos segredos são carregados para o túmulo, intactos, como se nunca houvessem existido.

Afinal, os seres humanos são como o universo: quanto mais desvendamos a sua complexidade, mais temos a descobrir. É o tipo de pensamento que minha mãe tinha quando era viva... um dos poucos pensamentos daquela época que eu mantive intacto depois do fatídico dia. Logo eu, alguém que carregava tantos segredos que não queria que fossem revelados, desejava quase insanamente descobrir o que está por trás da complexidade do universo... o que está por trás da complexidade das pessoas. Entretanto, de certa forma, eu queria continuar uma incógnita, mesmo que doesse guardar alguns dos meus mais profundos segredos.

A verdade é que eu tinha medo de compartilhar com alguém o que estava trancado a sete chaves em meu passado. O motivo de eu ter parado de sonhar com um futuro brilhante... A razão para eu ter perdido a confiança nas pessoas. O medo se tornou mais pungente à medida que eu me aproximava da mesa do meu irmão. Eu tinha segredos, muitos, mas o pior deles, o que assassinou a garotinha de sete anos que ansiava um mundo de sonhos e acreditava em si mesma, também era o segredo de outra pessoa... a mesma pessoa que meu irmão chamava de amigo. A mesma que aparecia em meus pesadelos.

— Senhores, em que posso ajudar? — indaguei, solícita, fitando meu irmão, que revirou os olhos em completo desagrado com o tom formal.

— Que chatice, Estrelinha... — resmungou ele, mas logo sorriu animado, apontando para Vinícius — Olha quem está aqui!

Desviei meus olhos em direção a Vinícius por um segundo e percebi que ele me fitava fixamente com aqueles olhos azuis frios, que faziam tudo no meu estômago revirar. Foi o suficiente para sentir um arrepio subir pela minha espinha. Tentei respirar fundo e manter a pose formal. Aquela seria a minha desculpa perfeita para escapar de um diálogo que eu não queria manter.

— Jorge, estou trabalhando. Você vai fazer o pedido ou não? — indaguei, cansada.

— Poxa, Estrelinha... é nosso amigo! — exclamou ele, um tanto surpreso com minha reação.

— Jorgito, ela tem razão. Você sabe disso. — Cléo interferiu, fazendo-me sorrir em agradecimento. Passei a gostar um pouco mais dela.

— É, Jorge. Depois eu converso direito com a Estrelinha. — fitei Vinícius novamente, sustentando seu olhar por poucos segundos. A perspectiva de conversar com ele me dava calafrios de intensidades assustadoras.

Quando Eu Contava EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora