Prestes a ser descoberta

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Estava aos berros. As horas se passavam e nenhuma notícia vinha até ao palácio. Ninguém queria ser recompensado? Precisava encontrar a princesa, para a rainha ela já estaria conspirando contra si, mesmo sem saber.

Era estranha sua mania de pressentir o pior. A rainha, desde a morte do rei, via seus dias de glória decrescendo em largos passos.

Devia ser Lídia, era ela que apresentava perigo constante. Devia estar tramando algo, onde quer que estivesse sempre dava um jeito de triunfar mesmo sonolenta. Isso lhe
fazia arrancar os cabelos tamanha a ansiedade de por um ponto final naquela história.

Se dentre os pobres nenhum fosse capaz de trazer a princesa de volta, apelaria para os deuses. Usaria todas as armas a seu favor.

Lúcio, seu mordomo, presenciava sua impetuosa maneira de liderar os trâmites do reino, desesperançoso já imaginava que o fim da rainha era breve.

E tantas vezes ele pensou que pudesse mudar aquela fúria em calmaria. Devotava a ela o amor imerecido que havia surgido de repente, sem que muitos soubessem.

Para si era a falta do fogo da paixão que fazia com que a rainha perdesse seu brilho de antigamente. Outrora com o rei, ela pipocava alegria. Mas isso também passou rápido como um relâmpago.

Sentia ser capaz de recobrir o ânimo que faltava a ela. Pouco a pouco ele se aproximava sem que ela atinasse o intuito principal. Bem sabia que aqueles olhos flamejantes rastreavam qualquer insinuação que ameaçava seu poder. Era bem provável que a rainha julgasse ser golpe até mesmo seu amor sincero. E o que faria Ficaria em silêncio por quanto tempo?

XXX

- Aqui não vejo nenhuma donzela diferente. – o alfaiate bisbilhoteiro da rua era sua fonte mais segura, assim dizia sua mente. Ele de tudo sabia sobre o viver do povo.

- Onde a encontraria? Ela tem que estar em algum lugar...

- Talvez tenha sido raptada por algum malfeitor. – sugeriu.

- E os guardas não notariam algum movimento estranho lá pelo palácio? Isso está muito mal contado! – estava fadigado de tanto pensar no sumiço de Lídia, mas tinha que a encontrar.

- Isso não sei te responder, Isaac. Já que quer tanto a recompensa, é melhor ir procurar. Mas não perca seu tempo aqui no vilarejo. – e para o alfaiate o assunto estava encerrado.
Reuniu seus objetos pronto para dar uma pausa no trabalho, o sol apontava meio dia.

- Se me ajudar, serei generoso contigo! Qual é o preço de sua informação? – não tinha nada a perder. Pela expressão de seu rosto e a pressa de se livrar de si, alguma coisa sabia.

- Lembraria de mim quando cheio de glória? – seu olhar reluzia como ouro.

- Então tenho chances de ter a recompensa da rainha? – encurralou o alfaiate olhando fixamente. Captava sua ironia, mas sabia estar sentindo-se ameaçado – Posso te dar bem
mais do que ganha.

- Tudo o que sei é que uma donzela foi seu pai visitar. Não é do vilarejo. Mas não pode ser a princesa, estava vestida de amarelo. Princesas de Eldorado não se vestem com a cor
da loucura. – aquela tradição seguiam com afinco.

E por mais que a tal moça não fosse a princesa, parecia seu dever saber mais. Seu coração bombeou por ouvir dizer de seu pai e a preocupação lhe tomou conta. Havia mulher envolvida nessa história.

Não pensou duas vezes antes de ir até sua antiga moradia, refletiu em todo o trajeto já gotejando suor e revirando o estômago. Seria novamente expulso? Ao menos ele o deixaria entrar para conversarem?

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