Capítulo 1

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Quase três meses desde que me mudei e ainda não aprendi que a porta frontal do prédio apenas abre com a chave. Em que mundo eu estou? Não quis incomodar meus vizinhos pelo que parecia a quarta vez só essa semana, então permaneci, no frio de novembro, do lado de fora. Desisti de esperar por alguém e voltei para o carro.
Por que foi que decidi deixar a chave junto com as chaves do escritório? Certo que parte dessa culpa também é de Crystal, que sempre pede emprestada e nunca devolve.
Por ironia do destino, November Rain soava na rádio quando finalmente avistei alguém usando o interfone. Esperei que abrisse a porta para que então eu saísse correndo e alcançasse a maçaneta no último segundo.
Sorri, agradecida, ao observar, já do lado de dentro, o loiro alto que havia salvado a minha noite.
-Olá. –Ele já havia apertado o botão do elevador.
-Oi. –Eu sorri, abrindo a bolsa para encontrar as chaves de casa. Felizmente estavam ali. –Você não é daqui, é? –Entramos no elevador. Eu e minha incrível capacidade de puxar assunto.
-Não. –Sorriu. –Vim visitar minha mãe. Aparentemente são vizinhas. –O loiro analisou assim que percebeu que eu não apertei outro botão quando ele selecionou o seis.
-Você é o filho da Senhora Hemmings? –Olhei-o, espantada e ele riu. –Achei que fosse mais novo.
-Assim você me ofende! –Ele fingiu estar bravo. Minha vez de rir. Eu e minha boca grande. –Quantos anos acha que eu tenho?
-Uns 25? –Fiz uma careta e ele gargalhou.
-Uau, acho que eu tenho que cuidar mais da minha aparência, algo não está certo.
-Desculpe, não foi o que eu quis dizer. –Sorri envergonhada e me apurei em sair do cubículo, que já estava ficando bem quente para o meu gosto, assim que ele abriu.
Os andares do edifício são bem abertos, de modo que haja um grande hall em cada um e os apartamentos, muitos, fiquem nas laterais. Eu vivia no 602, enquanto Liz, de quem eu acabei de conhecer o filho, no 604, bem ao lado do meu. Michael, namorado de Crystal, minha chefe, e um grande amigo meu, mora no 603, logo em frente.
-Tudo bem, eu entendi. Mas não pense que isso vai ficar assim. –Paramos um em frente ao outro, de lado às respectivas portas.
-E o que vai fazer, Hemmings? –Cruzei os braços, o encarando.
-Só sei que não posso transar com você quando minha mãe estiver em casa, ia ser constrangedor ela nos ouvir do seu apartamento. –Eu soltei uma gargalhada. Quem conhece uma pessoa e literalmente 5 minutos depois fala uma coisa dessas? E pior! A cara dele de quem estava convicto de que isso iria acontecer chegou me assustar. Ele até era interessante, bonito e sexy, mas eu não iria aceitar uma coisa dessas assim.
-Bom, então não se preocupe, isso não vai acontecer, nem que você insista até o último segundo. –Sorri, colocando a chave na porta, abrindo-a. Viramo-nos rapidamente para a porta ao lado, ao ouvirmos ela abrir.
-Ou vocês podem me avisar, então me certificarei de que não estarei em casa. –A loira aparece de dentro do apartamento e eu tenho certeza de que meu rosto parece um pimentão. Eles parecem perceber e dão risada, incrivelmente um riso bastante parecido. –Oi, filho. Chegou cedo. –Ela o abraça, com carinho. Sinto falta da minha mãe.
-Tive a sorte de chegar nesse horário, por favor me lembre de agradecer ao Cal por ter cancelado o ensaio. –Ele faz questão de me encarar, sem soltar os ombros da mãe, que se posicionou ao lado dele, com uma mão abraçando seu corpo e a outra em sua barriga. Eu permanecia brincando com os chaveiros em minhas mãos, buscando uma maneira de escapar dessa situação mais do que constrangedora.
-Anne é linda, não é Luke? –Ele assente e eu só consigo sorrir, sem saber o que dizer. Ela conseguiu o que queria. Nos apresentou, sem parecer direta. Essa mulher...
-Obrigada, Liz. Mas não é para tanto. –Coloco o cabelo atrás da orelha, envergonhada.
-Ah, mas é sim. –Ela solta o filho e vai até a sua porta, não tão distante. -Te espero para o café amanhã às 07:30. -Eu já ia arrumar uma desculpa para não a incomodar durante a visita do loiro, mas ela percebeu. –E nem tente negar, já comprei tudo. Comportem-se, crianças. –E, assim, fechou a porta.
Liz sempre foi muito atenciosa comigo, desde que nos conhecemos. Pouco tempo depois, conversando sobre finanças, decidimos sempre dividir o café da manhã (e quando eu viesse para casa almoçar), para não gastarmos tanto, já que ambas moramos sozinhas.
-Parece ser bem amiga da minha mãe. –Luke se encostou no batente da porta, de lado, continuando de frente para mim. Uou. Ele é mesmo bonito. Loiro, olhos azuis, muito, mas muito alto e, bem, tem um piercing preto no canto do lábio, o qual não pude deixar de notar. Ele pareceu perceber meu olhar, pois fez questão de morder o lábio bem ali, com os dentes perfeitamente alinhados.
-Ela é uma mulher fantástica. –Eu suspiro, saindo de meus pensamentos. Checo o horário em meu celular. –Desculpe, preciso entrar ou vou mesmo me atrasar. –Abro a porta e ele assente.
-Te vejo no café, então. –Sorri.
-Até amanhã, Hemmings. –Entro.
-Até amanhã, Anne. –Sorrio, fechando a porta.



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oi galerinhaaa

Resolvi já começar a postar mesmo sem ter terminado de escrever, quem sabe assim eu me inspiro e me obrigo a terminar, né? Hahahah deem seus feedbacks, estou começando agora e quero muuuito saber.

Obrigada por lerem!!

(Lembrando que essa história é de minha autoria)

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