Me estiquei pela cama a procura do corpo que me aquecia e me vi sozinha novamente , abri um olho e vi apenas que a pouca luz do dia entrava pelas persianas.
— Bom dia, meu amor. – sorri ao ouvir aquela voz grave atrás de mim.
— Bom dia. – me virei a tempo de ver o sorriso que havia me cativado. — Pensei que já tivesse ido para o trabalho.
— Daqui a pouco. – olhei para a toalha em torno da sua cintura, os cabelos pingavam pelo corpo e as gotas desciam pelo abdômen plano e definido. — Hoje eu quero tomar um café tranquilo com a minha esposa.
Suspirei e empurrei as pernas para fora da cama. Apliquei um beijo nos ombros largos de John e segui para a cozinha. Coloquei água para ferver enquanto olhava para a neve que caia calmamente pelas ruas, tornando cada lugar em uma fortaleza de gelo.
— Estranho. – sai de meus pensamentos e olhei para o envelope branco na mão de John .— Não diz quem enviou, não tem nada .
Meu coração sacolejou.
— Deve ser alguma brincadeira. – supus sentindo meu estômago revirar com a lembrança do rato.
— Vamos descobrir.– assim que ele abriu o papel me olhou curioso. — É para você.
— Deixe-me ver.
" VOCÊ VAI PAGAR PELO O QUE FEZ."
Coloquei a mão sob o peito assim que senti uma agonia me atingir em cheio. A ameaça foi feita com colagens de letras de revistas .
— Meu amor, deixa isso comigo. – puxou o papel da minha mão e me puxou para um abraço. — Vou pedir para que uma viatura vigie nossa casa e vou levar isso para alguns amigos. Talvez eu possa encontrar algo....
— Talvez isso não seja nada demais.– suspirei e forcei um sorriso.
— Clarice, como não? – John já estava deixando se levar pela raiva e eu podia ver isso em seus olhos. — Isso aqui é uma ameaça.– apertou o papel entre os dedos. — Não posso deixar que ninguém te ameace , você é minha prioridade e minha responsabilidade. Sua segurança depende de mim então, não me diga que isso é uma brincadeira por que não é!
Senti meu estômago aquecer ao ouvir aquelas palavras, podia sentir novamente a segurança ao meu redor. Me joguei em seus braços e abracei sua cintura com toda a força que pude .
— Eu te amo, jamais permitiria que algo ruim te acontecesse. – depositou um beijo no topo da minha cabeça e me fez sorrir.
— Vá se arrumar, o café está quase pronto. – avisei quando ouvi o assovio da chaleira avisando que a água estava no ponto. — Você me dá uma carona até a editora?
— Achei que teria que ir até lá só daqui uns dias. – sim, John conseguia se manter a par de tudo que acontecia sobre a minha vida. Apesar de tudo que acontecia.
— Sim, mas a Srª Roberts vai dar um jantar em sua mansão e pediu a nossa companhia. – comentei enquanto coava o café. — Acho que ela quer saber se farei outro livro como os outros.
— Inspirados na violência de Nova Iorque?
— Isso. – apoiei as mãos sobre a mesa e sorri. — Acho que somos uma inspiração romântica, Lavelle.
— Já te falei o que acontece comigo quando me chama assim? – murmurou em meu ouvido, já abraçando meu quadril .
— Lembro de algo. – me virei passando os braços sob seus ombros.
— Então vou ter que fazer com que você lembre. – abafei meu riso em seu pescoço quando suas mãos ergueram meus quadris até a mesa .
— Você vai se atrasar para o trabalho. – comentei quando senti sua ereção pressionar minha virilha.
— Nova Iorque sobrevive sem mim.
Dito isso puxei ele para um beijo lento e molhado, não precisamos de urgência. Apenas um do outro.A neve caía com calma pelas ruas, milhares de pessoas não se deixavam abater pelo frio, muito menos pela fina nevasca. A Srª Roberts apenas me orientou sobre novas idéias para o livro o que me deixou bem feliz. Eu já estava esperando uma de suas caras de negação quando lhe contei sobre o capítulo que havia acabado de escrever.
— Ora se não é minha escritora favorita!
— Tom. – tentei esconder a surpresa em mim, mas falhei. — Meu Deus quanto tempo.
— Realmente faz muito tempo. – me puxou para um abraço apertado. Tom era um homossexual que eu havia conhecido na faculdade, não o via já fazia uns 3 anos. — Tem um tempo para tomar um café com um velho amigo?
— Claro que sim. – sorri empolgada.
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Silence
RomanceUm homicídio acontece em um bairro pobre da cidade de Nova York. E o que todos pensavam ser apenas um acerto de contas, escondia algo maior por trás. E o tenente Lavelle precisa descobrir quando, onde e quem será o próximo. Porém seu caminho toma um...