Inazuma Beherri - Os relâmpagos em Sampa

Sangue nos olhos

Já se passaram algumas horas e Otávio Haizaki está ouvindo música ainda. Ele nem notou que já está na hora de ir jogar com os meninos. Quando ele nota isso, vai até o guarda-roupa pegar uma camiseta do Corinthians e um shorts para jogar. Enquanto está colocando a chuteira ele escuta algo vindo da rua.
- DESÇA DAÍ, SEU CORNO, DESÇA DAÍ.
Ele vai em direção a sacada para ver o que é.
- DESÇA DAÍ, SEU CORNO. - grita e canta Arthur - O QUE QUE HÁ?
- Ah, não. - diz Otávio vendo isso.
- VOCÊ CRIOU FOI GANHA, NÃO FOI ASA PRA VOAR.
- FILHO, SEU AMIGO TÁ TE CHAMANDO! - grita Heloísa, a mãe de Otávio, lá da cozinha.
- Com uma mãe dessas, quem precisa de inimigo? - diz Otávio para ele mesmo.
- VAI DESCER NÃO, CARALHO? - diz Arthur - EU VOU EMBORA E DEIXO VOCÊ IR SOZINHO.
- VAI PRO INFERNO E ME DEIXA EM PAZ, DESGRAÇA!
- AGORA SÓ DE RAIVA EU VOU SENTAR NA CALÇADA PRA TE ESPERAR, SEU OTÁRIO!
- PUTA QUE PARIU, MULEQUE CHATO! - grita Otávio - TÔ INDO, CARALHO.
Ele sai da sacada e vai em direção a escada para descer. Ele passa pela cozinha para dar tchau para sua mãe.
- Tchau, mãe.
- Tchau. - diz Heloísa - Não volte muito tarde, vc sabe que seu pai não gosta que você fique fora de casa até tarde da noite.
- Como se ele ligasse.
- Ele liga sim. Não diga besteira.
- Tanto faz. - diz Otávio indiferente - Tô indo lá.
- Se cuida.
Ele sai de sua casa e vê Arthur sentado na calçada.
- Eu não sei como eu não te matei ainda.
- Não teve uma boa oportunidade ainda, mas uma hora vai.
- Você é muito cara de pau.
- E você vive com cara de bunda. - diz Arthur - Sabe o que isso significa?
- Eu não acredito que você disse isso. - diz Diego chegando perto deles. Ele havia escutado a conversa, assim como a rua inteira deve ter escutado.
- Ah, eu disse.
- Tô achando que essa implicância esse tempo todo quer dizer alguma coisa... - diz Diego com sua famosa pose pensativa.
- É só pra encher o saco mesmo. - diz Arthur.
- Aham, tá... - diz Diego.
- Não tô entendendo o que tá acontecendo. - diz Otávio.
- Tá parecendo até o Caio. - diz Diego - Mas na nuvem que ele não existe.
- Falando nisso, cadê ele? - pergunta Otávio.
- A gente vai encontrá-lo já na quadra. - diz Arthur - Leu as mensagens não?
- Não, tenho mais o que fazer.
- Ui, ocupado. - diz Arthur - Tava batendo punheta?
- Tá interessado nisso por quê? - diz Otávio.
- Hoje vocês tão chato, hein?! - diz Arthur com uma expressão meio irritada.
- E você tá sempre chato. - diz Otávio - Na verdade, você é insuportável.
Ao ouvir isso Arthur faz um coração para Otávio na pura ironia.
- Depois a gente que tá estranho... - diz Diego.
- Vamos logo que eu não quero demorar muito lá. - diz Otávio que começa a ir a caminho da quadra.
- Tá bom. - diz Diego que o acompanha. Logo atrás vem Arthur também.
Eles não conversam muito no caminho por que Otávio está andando muito rápido, quase correndo.
- Anda devagar, caralho. - diz Arthur - Tá achando que é igual anime que os cara tão correndo igual doido e consegue conversar?
- A intenção é vc ficar quieto mesmo.
- Faz sentido. - diz Diego.
Eles continuam indo até que chegam na quadra, onde há alguns desconhecidos, Caio e Adriano. O time estava completo agora.
- Fiquei até triste de lembrar que vou ficar no gol. - diz Arthur.
- Ótimo. - diz Otávio.
- Finalmente vocês chegaram! - diz Caio.
- Só tem mais dois times, meu. - diz Adriano - Vai dar pra jogar bastante, meu.
Adriano tinha um vício de fala, sempre coloca "meu" no final das frases.
- Aqueles dois alí são da escola, não são?! - pergunta Diego ao grupo.
- Quem? - pergunta Otávio.
- Aquele de cabelo rosa e o maromba com ele.
- Ah, não. - diz Otávio - Esse cara não.
- Você conhece ele? - pergunta Caio.
- Sim, e eu o odeio.
- Oxe, assim de graça?
- Lógico que não é de graça, besta. - diz Diego - Pera... Cabelo rosa... Puts, esse é o cara do seu "chifre"?
- AH, NÃO. - diz Arthur que começa a rir desesperadamente.
- Ih, o cara vai virar um demônio agora. - diz Caio.
- Calem a boca. - diz Otávio sério - Vamos jogar essa merda logo.
- Eita, tá muito puto. - diz Arthur - Vai quebrar a canela do cara.
- Eu vou quebrar sua cara. - diz Otávio.
- Okay, vamos jogar.
Eles entram em quadra e começam a ver as posições de cada um. Como já previsto, Arthur vai para o gol, Adriano fica como fixo, Diego e Caio como Alas e Otávio como pivô. A primeira partida vai ser contra um pessoal que eles não conhecem e depois quem vencer vai com o time do Pedro, vulgo cara do cabelo rosa que é uma das causas do "chifre" de Otávio.
A partida começa e Otávio já parte pra cima e rouba a bola rapidamente. Ele se vê encurralado por dois defensores, então toca para Caio que está se movimentando no meio da quadra. Caio recebe e avança um pouco e toca para Diego que está na parte lateral direita da quadra. Ele olha pra área e vê Otávio marcado por dois. Ele sabe que isso não é o suficiente para para Otávio quando está possuído por seu demônio jogador. Diego cruza a bola alta para que ele cabeceie e é isso que ele faz. Otávio pula bem alto e acerta a bola com precisão. Não há nem chances para o goleiro, pois a bola bate no chão e entra.
- GOL, PORRA! - grita Otávio ao fazer o primeiro gol da noite. Ele sai comemorando e seus companheiros de time vêm até ele para comemorar também, menos Arthur que tá com cara de bunda no gol.
Otávio olha para Pedro com olhar desafiador e Pedro estranha tal ato, ele não se lembrava de Otávio, até porque Karen nunca havia comentado sobre Otávio com ele.
A partida prossegue e o time de Otávio faz mais dois gols. O sistema de partida dele tem como regra a partida durar 10 minutos ou até um time fazer 3 gols de diferença. Como estava 3x0 a partida havia acabado e agora era contra o time de Pedro.
- Agora é sua vez de perder. - diz Otávio para Pedro quando ele já estava em quadra para jogar.
- Perder? - diz Pedro - Eu não vim até aqui para perder.
Os dois se encaram novamente por momento até que Pedro se vira para ir para sua posição.
A partida vai começar.