Sansa I

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Antes mesmo da chegada de sua corte, Drogon aterrissou em meio ao pátio de Winterfell, mas não sem antes a sobrevoar de uma maneira que fez Sansa sorrir de canto. Quinze anos haviam se passado, mas Daenerys Targaryen continuava exibida, assim como seu grandioso dragão que estava muito maior do que da última vez que o vira, mas os Nortenhos não se assustavam mais com ele. Desde que não chegasse perto demais, é claro. Quando a rainha desceu, todos se ajoelharam, incluindo Sansa, seu adorado marido Holden Flint - um homem de cabelos e olhos negros, que vinha de uma das casas vassalas dos Stark - e seus filhos Theon e Margeary.

Daenerys certamente havia envelhecido um pouco, mas continuava bela, os cabelos trançados a moda dothraki, não usava coroa nenhuma no momento. Sansa sabia que ela sempre evitava as usar, o peso da lembrança de como a conseguira era pesado demais, e havia adotado as roupas negras em um eterno luto a Jon. O gibão que trajava era negro, e a capa era de um vermelho escuro, cor de vinho. Ela ergueu uma mão enquanto os olhos violetas encaravam Sansa com seriedade, era um claro sinal para que se levantasse.

- Winterfell é sua, Vossa Graça.

- Achei que não gostasse de se ajoelhar. - Daenerys provocou em tom de brincadeira, o que fez Sansa sorrir.

- Achei que dragões não gostassem do Norte.

As duas riram sonoramente e trocaram um abraço consideravelmente longo e fraternal antes de se afastarem para contemplar a mudança que os anos causaram. Sansa amava a mulher, mas a rainha era quase uma desconhecida. Não se viam a muito tempo, e o poder poderia mudar uma pessoa, embora não soubesse se isso se aplicava a Daenerys, ela parecia tão desconfortável como sempre.

A rainha se voltou para Drogon e assentiu, o dragão então levantou vôo e sumiu entre o céu nublado, enquanto a ela cumprimentava Holden, Theon e Margeary. Por um momento, o olhar dela se fixou no garoto e Sansa soube imediatamente o que ela estava pensando, os traços dele também a faziam lembrar de Jon, assim como de Robb, mas Dany não conhecera o filho mais velho de Ned Stark. Já Margeary, por sua vez, tinha os cabelos ruivos e os olhos azuis como a mãe. Uma lembrança dos Tully de Riverrum.

- Pelos sete infernos, estão tão crescidos...

- Já tenho 11 anos, Vossa Graça. - Theon disse orgulhoso. - Sou quase um homem feito.

- Quase. - Daenerys concordou gentilmente. - Está com 13, certo, Margeary ?

- Sim, Vossa Graça. - A garota disse meio incerta, olhando para a mãe primeiro, como se pedisse permissão para falar com a rainha.

Por um momento enquanto olhava em volta, a máscara dela vacilou e Sansa sentiu seu peito doer com a dor nos olhos de sua grande amiga. A coroa forçada a endurecera, felizmente não a tornara amarga, ela vivia para o povo e para o filho, mas somente para isso.

- Quero que me leve até sua cripta, Stark. - Daenerys disse e embora Sansa tivesse a amado por isso, também se perguntou se ela fazia alguma idéia do quanto soava parecida com Robert Baratheon, mas obviamente não o disse. Holden a deu um olhar interrogativo enquanto ela gritava por uma lanterna, afinal a corte nem havia chegado, mas aquela era a rainha, e se ela queria ir às criptas naquele momento, ela seria levada imediatamente. - Quero vê-lo, e prestar os meus respeitos.

Sansa sabia que ela falava de Jon, e as duas deixaram o pátio lotado pelos nortenhos que estavam ali para ver a rainha. Daenerys cumprimentou todos pelo qual passava e foi fácil para Sansa notar que ela era amada, mas ao mesmo tempo respeitada por também conseguir impor temor. Os nortenhos não gostavam de estrangeiros, era verdade, e não gostaram de Daenerys no início, mas os Outros mudaram isso. Como não gostar de uma mulher que tanto sacrificou para lutar ao lado deles ? Que priorizou o Norte durante todo o seu reinado ? Que em todas as vezes que estivera em Winterfell, ouvia a todos que quissessem falar com ela. Era a primeira rainha em muitos anos a pisar na Muralha e a dar a devida atenção após sentar-se no trono de ferro.

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