Verdade ou consequência. (Gablipe - Parte I)

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Sempre me considerei 100% hétero, mas depois daquele dia, não conseguia mais me ver da mesma forma, principalmente ao lado de um de meus funcionários mais próximos.

Tudo começou quando eu, Luccas, Gabriel, Bruno, "Ninguém liga I" e "Ninguém liga II" jogávamos cartas, que em um momento já estava chato, pois eu conseguia perder em quase todas as rodadas. Até que meu irmão gênio deu uma ideia um tanto absurda.

- Que tal colocarmos um desafio ou mico para o perdedor?

- Ah Lucas, vai a merda! Só porque eu tô perdendo.

- Na verdade é uma motivação para você não perder mais, sacou?

- Tanto faz.. que porra vocês querem que eu faça?

- Acho que devíamos colocar a heterossexualidade do Felipe a prova.

- Que porra isso significa, Lucas?

Todos riram da ideia e Bruno olhou de modo estranho para Gabriel. Naquele momento eu não havia percebido o porquê eles começaram a se olhar daquele jeito. Logo em seguida, Bruno cochichou no ouvido de Lucas que falou em voz alta o que havia decidido.

- Acho que o perdedor deve entrar em um armário ou cômodo escuro e quem tiver vontade de fazer qualquer coisa com ele, tem a liberdade e o tempo de sete minutos pra isso.

- Isso não é um tanto bizarro?

- Bom.. é só você começar a ganhar para não precisar fazer isso, Felipe.

Infelizmente o aviso de Bruno não adiantou muito. Acabei perdendo do mesmo jeito. E por causa disso, me trancaram vendado no meu próprio closet.

Não demorou muito para alguém entrar e me deixar nervoso. Será que eles estariam me sacaneando? Iriam me zoar e publicar um vídeo no YouTube?

Naquele momento tudo me passou pela cabeça, menos o que realmente era.

- Quem é?

Tudo estava em silêncio e ouvia somente uma respiração meio desregulada.

Aos poucos senti uma movimentação perto de mim e em seguida alguém sentando ao meu lado. Acariciou meu rosto de modo delicado. As mãos estavam frias e eram macias. Por um instante, tinha certeza de que era Bruna.

- Bru..? É você?

De repente, a mão recua mas eu a seguro no ar. Não sei porque fiz isso. No fundo eu sabia que não tinha como ser minha namorada, mas gostava do fato de não saber quem era ali comigo, naquele mistério.

Puxei aquela mão e comecei a beijá-la. Inconscientemente eu devia saber que não era ela e mesmo assim continuei com as carícias. Sem demora a pessoa veio em minha direção e esmagou seus lábios nos meus, me fazendo deslizar minhas mãos de seus braços para suas costas que eram grandes e fortes.

Naquele momento não quis parar para pensar que estava beijando um homem. Era simplesmente delicioso beijar alguém que não era Bruna, principalmente alguém do sexo oposto do dela e do mesmo que o meu.

Aqueles lábios desconhecidos me devoravam com vontade e mordiam minha boca de modo voraz, fazendo com que eu pausasse alguns segundos para recuperar o ar perdido.

- E-eu não acredito que estou beijando um homem. - Eu exclamei um tanto manhoso e sussurrado enquanto o sujeito descia seus lábios para meu pescoço, me fazendo fechar os olhos e agarrar sua roupa com vontade. Senti meu corpo se arrepiar com aqueles estímulos um tanto ousados. - Caralho.. i-isso é bom pra cacete..!

Em seguida, obviamente por causa do que eu havia dito, escutei uma risada baixa e maliciosa. Eu conhecia aquele tom de voz e aquela forma de rir. Mas eu simplesmente não foquei na preocupação que viria quando saísse daquele quarto escuro. Só queria sentir aqueles lábios nos meus mais uma vez.

Por isso, puxei seu rosto e já fui introduzindo minha língua naquela boca quente e tão irresistível. Em um impulso de, talvez tesão, aquelas mãos seguraram em minha cintura me puxando para seu colo.

A sensação de passividade era tão maravilhosa e assustadora ao mesmo tempo. Senti sua respiração chegar bem perto de meu ouvido e hesitar um pouco antes de tomar coragem para enfim me dizer algo.

- Fe-Felipe.. so-sou eu.. - Aquela voz extremamente conhecida soou no silêncio e me fez cair na real ao mesmo tempo em que foquei minha atenção para a voz feminina que me chamava do lado de fora do meu armário.

- Fê..? Cadê você?

Com o susto, acabei caindo dos braços fortes que me abraçavam. Tirei a venda e corri para a porta acendendo a luz, tentando não olhar diretamente para o ser que eu havia de agarrar às cegas estando metros de distância de Bruna Gomes, minha namorada.

- E-estou aqui, amor..!

- O que você está fazendo aí, Fê? - Bruna abre a porta de modo desconfiado e sorriu quando viu a pessoa que estava atrás de mim. - Ahh, oi Gabi..!

- Ahh sim.. eu estava escolhendo o que iria vestir.. com.. com o.. Gabriel. - Quando pronunciei seu nome, eu senti a burrada que havia feito. - Já saio pra gente sair, tá bom mozinho?

Fechei a porta e me encostei nela, fixando meus olhos nos olhos um tanto tristes de Gabriel.

- E-eu.. não sei o-o que.. porra..! Isso tá muito estranho e..

- Tá tudo bem, Felipe. Isso tudo é culpa minha. Desculpas por isso.

Aquilo foi bem deprimente.

Perdi um dos meus melhores funcionários.

Ele acabou se demitindo e eu me sinto mal até hoje.

O problema maior é eu ter descoberto que sou bissexual estando namorando.



As Aventuras Bissexuais de Felipe Neto pelo YouTubeOnde histórias criam vida. Descubra agora