Capítulo 13

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Estava exausta de andar, e a rua ainda era escorregadia. Quando Haiden me convenceu de ir até sua casa, jurando que era perto, caí no erro de acreditar nele. Estávamos andando há mais de meia hora, e nada de chegar na bendita casa. Minha perna doía como sempre, e para piorar, ele não falava comigo. Estava sempre um passo à frente, evitando a qualquer custo minha companhia. Se ele me repelia tanto, por que me convidou para irmos juntos?

- Talvez se você correr, a gente chega mais rápido. - Exclamei em sua direção. Ele olha para trás.

- Não posso correr. - Deu de ombros.

Bufei com mais raiva de mim do que dele. Não fazia nem 24 horas que havíamos firmado o tal acordo, e eu já me arrependia amargamente. Andamos mais alguns quarteirões, até que Haiden para no meio da rua. Como se tivesse dúvida sobre qual seria sua casa, ele olha de um lado para o outro. Minhas mãos tentavam se esquentar dentro do moletom.

- Não vai me dizer que se esqueceu onde mora? - Aproximei.

- Na verdade não. É que eu tenho um vizinho que tanta me agredir toda vez que me vê. Estou checando se ele está por perto.

- Nossa sua vizinha é super agitada. - Ironizei.

- Dá um tempo.

Paramos em frente a uma casa que julguei ser a dele. Era uma das menores do bairro, mas parecia ser bem aconchegante. Mas não foi ela que me chamou a atenção.
No fim da rua o céu parecia se estender ao infinito. Mesmo nublado fiquei encantada de finalmente ver o mar de tão perto e em como ele se estendia no horizonte.

- Espera ai, você mora de frente para praia?

- Por que a surpresa? Não conhece o mar?

- Claro que conheço. Só não imaginei que você morasse tão perto dele.

- Nossa! Você como sempre esperando tão pouco de mim - deu de ombros - vem comigo.

O segui. Mas com um pouco de peso na consciência. As vezes dar voz aos meus pensamentos pode ser um péssimo caminho.
Ao entrar reparei no assoalho de madeira, bem gasto e com pequenos buracos abertos. E os móveis da sala eram bem antigos, como se nunca tivessem sido trocados. Eu odiava essa maninha de reparar em tudo.

- Já chegou filho?

Uma moça saiu da cozinha ao nosso encontro. Mas ela não era uma desconhecida pra mim.

- Oi Martha. - Acenei timidamente. - Lembra de mim?

- Meu Deus Gia como você cresceu! - Exclamou levando a mão à boca. - Vem cá, me dá um abraço.

A abracei sentindo um pouco da vergonha diminuir. Quando morava em Louisiana, Martha era como uma segunda mãe pra mim. Ela sempre me defendia dos meninos, e até de minha própria mãe, se precisasse. Chamava-a de tia e tudo.
Era estranho como a ausência e a distância, acabava com os laços mais íntimos de afeto.

- Ah cresci um pouco - dei de ombros - ou talvez muito.

- Ai é tão bom ver você. E como está bonita - disse alisando meu rosto - não está filho?

Olhei para ele, que só respondeu com um aceno de cabeça.

- Não liga pra ele. Mas me conta, como andam as coisas? E Rachel está bem? - E sem me dar tempo de responder, Martha questiona: - E Jimmy? Não o vejo a tanto tempo.

Um silêncio constrangedor tomou conta do lugar. Martha parecia mesmo interessada na resposta. Encarei Haiden de soslaio que parecia um pimentão de tanta vergonha.

- Mãe? - Martha olha para ele, que recebe um aceno negativo de cabeça. Foi o suficiente pra cair em si.

- Ai meu Deus - leva a mão à cabeça - Gia me perdoa. Que falta de respeito a minha.

Pelos seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora