Azo Advento

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25.06.2007 - 07:25am - South Korean
Seoul - KM Hospital University

— Você tem certeza de que não quer ver Kang Sohye, filho? — Mamãe acariciava minhas costas com doçura e lentidão.

  Neguei pela milésima vez, ainda sem explicar os motivos por detrás da minha decisão. Essa seria a última vez que gostaria de ouvir seu nome real. Essa seria a última vez que gostaria de lembrar do início de tudo ... eu faria nosso próprio início, mesmo que eu soubesse lá no fundo que uma vivência jamais poderia ser apagada de nossas memórias. Essa era a minha chance e minha maneira de me desvincular daquele dia. Daquele maldito e ainda assim adorável dia ...

  Meus lábios se abriram em um sorriso não feliz, mas ainda sim grande o suficiente para fazer quem visse acreditar que estava de fato tudo bem dentro de mim. Mamãe me olhou preocupada e meu riso de desespero continuou saindo de meus lábios, meu nariz ... da minha alma, logo acompanhada por um choro de lágrimas pesadas, que inundavam meu rosto mesmo que minhas mãos as enxugassem com rapidez e brutalidade.

— Ela não para, mamãe! — Olhei minha mãe angustiado, passando meus dedos sobre meus olhos ao mesmo tempo em que tentava demonstrar segurança. — Por que elas não param? — A força usada em minhas mãos contra a minha pele, fazia todo redor dos meus olhos se irritarem, provocando uma vermelhidão preocupante.

  Mamãe, agora com o olhar tão mais sofrido que o meu, me puxou para o seu colo e me permitiu chorar eu seu peito como uma criança recém aprendida a andar. Parecia que eu havia tomado um tombo em meu primeiro passo e ela correu ao meu encontro para me levantar, me por em seu colo, bater a poeira e me colocar novamente no chão para tentar outra vez.

— A vida é dolorida, meu bem. — Dava tapinhas em minhas costas, encaixando meu maxilar em seu pescoço.— As vezes teremos mais sorrisos do que choro, e em certos momentos a alegria vai aparentar apenas mais um sonho distante. Essa é a sua vida e a da Sakura. Vocês terão de encontrar a felicidade juntos, um ao lado do outro, sendo a âncora que irá segurar seus barcos. — Me afastou, posicionando meu olhar rente a sua visão — O fio vermelho que te conecta a uma alma gêmea, a alguém do qual o destino estará para sempre entrelaçado, é ela. É a Sakura que contém o fio que conecta direto em seu coração. Não adianta qualquer tentativa de separação ... é o destino de ambos pertencerem um ao outro. Então, filho, tenha coragem e seja forte, huh?

  As mãos finas e quentes da mamãe acalentavam minha alma e chegava a soar mágico o poder que ela tinha sobre mim. Quando olhava seus olhos, era como se eu pudesse ser um super-herói. Era como se eu pudesse dar um giro em volta do universo em questão de segundos.

   Sorri em concordância, retirando com delicadeza suas mãos da minha face, colocando-nos novamente em seu colo.  Agora eu sabia o que fazer sem ter medo, preocupação ou qualquer que fosse o sentimento que me fazia hesitar.

O suicídio - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora