Up Until 2011

78 7 0
                                    

Está tudo bem, mesmo quando a escuridão se envolve ao meu redor. Está tudo bem, porque nós estamos juntos.

— Oh My Angel, Chai

South Korean - Seoul

Residência Uchiha
Sem horários - Sem dia - Apenas relatos

Mas que ... — Querendo xingar, mas ao mesmo tempo socorrer, corri em direção a Sakura que tinha em seus pulsos um novo corte.

Era o trigésimo no total. Contando nos braços, pernas e alguns em seu abdômen. Ela era incansável, insaciável, não parava nunca. Três anos... três anos e nada havia mudado, desde o formigamento em meu peito até mesmo nas imprudências que Sakura esbanjava em sua vida. Eu estava preparado para uma tentativa única de suicídio por ano. Era assim que eu era treinado em todas as sessões de psicólogo que eu me sentia na obrigação de frequentar após sofrer pelo sofrimento da Sakura.

Mas naquele ano...

Estávamos próximos ao Natal. Meu aniversário naquele ano havia sido pacífico. Eu abrira mão de festas e comemorações para que tivesse ela ao meu lado. Sabia que seu coração se escondia em uma capa escura durante esse tempo. Sabia que ela não aguentaria aqueles sentimentos estando só. Foi por isso que abri mão de inúmeras coisas para que ela pudesse ficar bem. E naquele dia, naquele mês tudo havia sido, de alguma forma, então apenas acreditei no fundo do meu coração que tudo iria melhorar desde que eu estivesse ao seu lado.

Tolo!!

Mês seguinte, em uma avenida movimentada, enquanto comprava um guarda-chuva em um dia de tempestade, inúmeros sons de buzinas e o corpo pequeno e magro da garota bem ao meio da pista me tornaram completamente cego. Fiquei com raiva e isso me irritava, pois sabia que eu não tinha o direito. Eu não tinha que cobrar nenhum tipo de empatia a mim quando ela não tinha empatia nem por si mesma.

O erro de quem tira sorrisos de um depressivo é acreditar que se tornará o motivo pela qual fará a pessoa ficar. Mas no mundo real, ela não fica e isso me machucava profundamente.

— Droga! — Esbravejei, soltando das minhas mãos o guarda-chuva que havia comprado para que pudéssemos dividir.

Corri feito um desesperado por entre os carros, por pouco não sendo atropelado por um automóvel de coloração prata, do qual um rapaz xingava entre plenos pulmões a imprudência do jovem que se jogava no mesmo dos carros. A minha imprudência.

Foda-se! Quem não podia morrer era ela.

O capuz encharcado sobre sua cabeça me mostrava pouco da sua pele. Eu odiava quando ela fazia isso pelas minhas costas, quando eu estava longe o suficiente pra não conseguir salva-la. Puxei seu pulso com força, fazendo-a virar para mim e então sua cabeça colidiu contra o meu peito, ao mesmo tempo em que segurava com força seu rosto próximo ao meu coração. O som do seu choro me cortava como inúmeras adagas fincadas em minha carne. Eu me sentia perdido. Eu sempre acaba me sentindo assim no fim das contas.

— Você vai morrer! — Ela gritava entre soluços e lágrimas que se misturavam com a chuva, encharcando nossas roupas enquanto nos mantínhamos no meio da pista, do qual muitos carros passavam em alta velocidade e pouco deles paravam com curiosidade, na tentativa de descobrir o que estava acontecendo.

Me irritava o fato de que nenhum deles realmente se importavam com o perigo de se ter uma moça jogada a deriva numa pista movimentada de Seoul. Peguei seu rosto sobre minhas mãos, fazendo-a encarar meus olhos completamente avermelhados pelo choro que escapava sem comando da minha visão.

— Não era isso o que você queria fazer? — um riso nervoso escapuliu dos meus lábios, tamanha a descrença em tê-la se preocupando comigo quando há poucos segundos se aprontava para partir, eternamente — Não vá sozinha. Não faça isso entre os becos novamente! — finalizei com um choro desesperado.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 18, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O suicídio - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora