18h18 no relógio

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 Engraçado como sempre mandavam um eu te amo quando as horas batiam os números iguais, e hoje nem o contato um do outro eles têm mais, é triste a separação de dois jovem que já foram inseparáveis. Pense, os primeiros dias, como eram mágicos, o primeiro abraço quente, o primeiro beijo.Foi como cena de filme, o ônibus balançou e seus rostos colaram, ela sem nem perceber apenas beijou-o. 

 Depois que os lábios se cruzaram em meio a uma meia-conversa, quase jogaram tudo para o alto, as paredes do apartamento tremeram quando se jogaram contra ela com tanta voracidade, aquele beijo nunca mais saiu de suas mentes.  Mesmo que ela tenha cochilado no meio da transa, aquela noite foi boa e assim que seus olhos se cruzaram na manhã seguinte o clima era palpável, no fundo eles sabiam que logo teria a mais incrível relação de amor, só não imaginaram a forma dolorosa na qual terminariam.

 Os primeiros momentos, no qual moraram juntos, foram de descobertas, ela descobriu o que era e que também podia amar, que sim, que tinha mesmo ao seu lado alguém no qual ela amou sem pensar, sem economizar suor para demonstrar. E o pior, que ele aceitaria e retribuiria o carinho, saber que era recíproco era essencial. Eles foram mais que namorados, foram amigos, eles choraram nos piores momentos e deram boas gargalhadas nos melhores, e isso tudo, juntos.

 Hoje, ela sente falta não do agora, mas de quem ele era, de quem ele foi quando estava com ela, pois só o fato de ele estar ao seu lado fazia com que se acalmasse, seus surtos perdiam força, se mutilar não era mais necessário, ela só precisava de sua presença e aquela sombra que a assombrava deixava de incomodar. Esta na qual a preocupava, eram diversas as vezes em que tinha um mal súbito, que a fazia sentir medo, ele foi seu porto seguro até o dia que as ondas a levou para longe onde se perdeu em alto mar. Se perdia em pensamentos, noites mal-dormidas a faziam quase ter de gritar, as vezes ligava, mas do outro lado da linha sempre era muito difícil de escutar. 

-Eu te amo, você é gostoso, eu te amo, você é gostosooo, eu te amoooo..

-Ah, esse dia foi legal, você ficou tri-bêbada

-Claro que sim neah, queria que aquilo não tivesse acabado, não dessa forma.

-Mas é assim minha querida, um dia tem que acabar.

-Mas queria que não. 

-Dessa vez, não vá chorar.

 E as lágrimas escorrem fora de controle. Sua mente se tornou sua única amiga na maioria dos momentos. As noites quentes se tornaram frias, e o que era luz se tornou escuro e sem vida. Não conseguia dormir sem que passassem horas de dor.



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 O dia uma hora precisava acordar, e foi ás 6h40 que Estella finalmente abriu os olhos. A primeira coisa que fez foi colocar a água no fogo para fazer um café, foi ao banheiro se lavar antes que a água fervesse, depois fez um queijo quente, pegou o celular mas não tinha nenhuma mensagem mas se lembrou que havia combinado com Lilydin para que se encontrassem. Lilydin era melhor amiga de Estella, se conheciam desde o colegial e eram muito íntimas, mesmo que tivesse mais de ano que elas não se viam, a amizade nunca acaba.

 Estella só se tocou que o queijo estava queimando quando viu a fumacinha saindo do grill, ficou pois entrou em devaneio lembrando de como era a escola, como as duas se divertiam, adoravam gozar dos colegas quando estavam juntas.

-Esses burgueses se acham né miga. -dizia Lilydin

-Novas, principalmente a Sara, só por que é gostosinha fica lá se exibindo. -Estella

-Caralho mulher você é uma vergonha, PQP, quem é você ??? O que fizeram com a minha amiga? -risos

-Ah para, ela tem uma dona raba bebê.

-Meu Deus que nojo Estella, ela é mó feia.

-E burra também, mas é gostosinha.

 Sempre foi assim, elas nunca se importavam com quem poderia ouvir, ou julgá-las, diziam tudo em voz alta. Faziam tanta palhaçada que muitos as chamavam de loucas, até porque, no fundo elas realmente eram. Tenso era quando estavam na TPM, sempre em sincronia, e essas duas causavam, discutiam no final da aula todo mês.

-Oh minha filha, hoje você tá irritante e com gosto né não!?

-Ah vai se foder Estella!

-Saaaaaaai Ridícula.

-Sai daqui você sua gorda.

 Estas discussões sempre acabavam com risadas, muitas vezes sem motivo algum, apenas porque eram elas mesmas uma com a outra, porque podiam e podem.

Tuuuutuuuuuuutuuuuuuu fazia o telefone até que.

-Porra Estella, são 7 da madrugada, e hoje é domingo caralho.

-Idaí? Acorda, você vai vir ou não maldita?

-Eu vou mas podia me deixar dormir mais né.

-Claro que não, se deixar você dormir filha, entra em coma, não te conheço né. Quer que te busco?

-Ah não, eu já estou levantando okay, em 1 hora estarei ai.

-Esperandooo, sua vaca.

-Abusada, também amo você.


 Ás 8h Lilydin toca á campainha, ele teve certeza de que era a casa da amiga, até porque o cheiro da erva dava de sentir de longe. A casa era grande e bem decorada, mas nada muito luxuoso, e a coleção de boings estava espalhada pela casa, a amiga não pareceu nem um pouco surpresa.

-Ainda fumando essa porcaria? Mas até que você tá se dando bem, ta trabalhando com o que?

-Se eu te contar vou ter que te matar, mas digamos que eu tenha negócios a cuidar.

-Seeei, virou puta foi?

-kkkkkkkk não, mas cafetina seria uma boa, você seria a primeira recrutada.

-Ah amiga, to apaixonada.

-Conta uma novidade please!

-Ele ta morando comigo.

-É o que? Eu não lembro de permitir essa palhaçada. -disse Estella bastante zangada.

-Relaxa, ele é o coreano mais fofo que eu já conheci e é cheio da graanaaaaa.

-Credo interesseira.

-Esperta neah, não sou mulher pra sustentar macho né amiga!

-Ahram sei. E ele ta aonde mesmo?

-Em casa.

-Tu mal o conhece o cara neh, tem noção de nada não?

-Câmera 24h na casa toda amor, e vem tudo pro meu celular, to sempre de olho.

-Uuuuuuh, ta atenta a garota.


 Nisso a manhã fluiu, elas colocaram o papo em dia e nem perceberam o quanto o tempo passou, elas almoçaram num restaurante por perto e assistiram filmes o resto da tarde. Lilydin já tinha planos para elas á noite então decidiram relaxar mais em casa durante o dia.

 Ás 20 horas as duas já estavam prontas, Lil-chen, o namorado de Lilydin as buscou e foram para uma Pub de rock, chegando lá um amigo os estava esperando, e este não tirou os olhos de Estella.

 A meia noite os quatro foram para a casa de Estella, compraram cerveja e continuaram a festa por lá.

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