~ Capítulo 3 ~

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Capítulo 3

Jamile olhou para os lados mais uma vez. O medo estampado em cada uma de suas células. Tinha conseguido a ajuda de um morador da cidade que a levou escondida na carroça para fora da cidade. Aparentemente, o povo também estava apiedado do infeliz destino da jovem.

Dali, foram longas horas de caminhada até outra cidade onde pegaria um ônibus que a levaria para o ponto de encontro que havia marcado com Amin em outra cidade ainda mais remota. Acreditava que daria tudo certo.

Para não chamar a atenção das pessoas, ela e Amin tinham decidido seguir rotas diferentes em dias diferentes a fim de se encontrarem. Ele tinha ido mais cedo. Ela, por sua vez, encontraria com ele num ponto de acerto que haviam marcado. Era muito arriscado e o casal queria ficar junto ainda que fosse perigoso.

As pernas de Jamile doíam quando ela descansou sobre uma poltrona do ônibus e descansou. Estava completamente vestida com uma burqa e carregava um papel antigo de seu pai que permitia que ela viajasse sozinha. O cansaço era tão grande que Jamile acabou adormecendo por boa parte do caminho. Quando acordou, pediu a Deus que a protegesse nessa empreitada. Queria que o senhor entendesse que Amin era o seu noivo pré-destinado e não Khaled e sua maneira bruta com aquele pai inescrupuloso que a insultava. Não, Jamile não merecia um infeliz destino desse.

Saltou do ônibus olhando para os lados. Não havia muita movimentação onde tinham combinado de se encontrarem. Estava também a noite e Jamile procurou a loja de conveniência de faixada vermelha da qual Amin havia a dito que eles se encontrariam para finalmente começarem uma nova vida. Suspirou de alívio quando viu Amin parado no canto da loja, próximo de um beco escuro que mais fantasmagórico ficava na noite escura e fria.

Jamile sentiu os pelos do braço eriçarem, mas tentou não pensar nisso. Era o medo de que fossem descobertos e que seu amado fosse morto e ela entregue ao seu algoz. Era um futuro temível do qual ainda não estavam livres por estarem ainda relativamente próximos da aldeia onde moravam. Afinal, quatro horas a mais não era assim tanto tempo.

― Jal! ― Ouviu Amin dizer e correu para os braços dele recebendo um abraço apertado. Seu coração retumbava no peito agora que via seu homem e lágrimas escapavam de seus olhos enquanto ela agradecia pela empreitada ter dado certo. Ao menos o mais certo que poderia dar até aquele momento.

― Amin! Deu certo! Oh, Deus! Deu certo! Para onde vamos agora? ― Perguntou a jovem encabulada. Amin negou com a cabeça fazendo Jamile franzir o cenho sem entender.

― A gente não vai para nenhum lugar, por enquanto Jal. ― Ele engoliu em seco e tomou as mãos de Jamile nas suas. A jovem não entendia o contato que não era costume entre os dois e por isso ficou olhando os dedos entrelaçados enquanto ouvia Amin falar comedidamente:

― Jal, você sabe que eu te amo, não sabe? ― Ela sabia, só não entendia porque falar aquilo quando os dois estavam tão expostos na rodoviária. ― E sabe que continuarei te amando sempre... mas...

― Mas...? ― Jamile arqueou uma sobrancelha sem entender.

― Minha família está com sérios problemas financeiros e sérias dividas com os Al Bir... Eu fui obrigado pelos meus pais, eu... Não... Eu decidi, na verdade, salvar a minha família e eu... ― Jamile não deixou que Amin continuasse. Entendera tudo o que ele dissera e por isso mesmo um medo abrupto de sofrer as consequências do seu ato perpassaram suas células em segundos. Quando viu, estava já retirando suas mãos das mãos de Amin e virando-se abruptamente para correr e fugir dos seus possíveis castigos por ter fugido ou ao menos pensado em abonar sua relação com os Al Bir e se casar com Amin se ele a quisesse.

Como tinha sido tola. A dor estampava sua face. Lágrimas ameaçavam romper por sobre ela e seu coração parecia errar algumas batidas no peito.

Não queria acreditar no que via com os próprios olhos. O seu melhor amigo, o seu primeiro amor, não havia se importado com seu sentimento genuíno é adorável. Não. Em nome do dinheiro e do status, tinha a abandonado à própria sorte e esperado que ela sobrevivesse por conta própria.

Era dor demais para seu coração aguentar.

Nunca pensara que Amin fosse a trair de uma maneira tão brutal. Lágrimas irromperam pelo canto dos olhos e Jamile tentou fugir. Se debateu nas mãos dos capangas dos Al Bir e mordeu todas as mãos que viu pela frente enquanto chutava a esmo. Não queria, não podia ser pega. Os Al Bir seriam impetuosos no trato com ela! Isso se não sofresse castigos brutais que naquele momento sequer conseguia pensar!

― Desacorde ela! ― Alguém gritou. Jamile arregalou os olhos tomada de pavor e até tentou se desvencilhar daqueles homens que a entregariam de qualquer jeito para o seu algoz, mas a falta de ar se fez presente, seus membros começaram a perder a força e, quando deu por si, estava caindo no abismo dos pesadelos, esperando por seu futuro incerto e pelos muitos sonhos quebrados que viriam a seguir.

Seriam longos dias pela frente.

Devagar e sempre vou continuando aqui

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Devagar e sempre vou continuando aqui... Estou tentando escrever sempre que posso (só tenho horário uma vez na semana, uma hora para isso), mas uma hora consigo terminar esse conto...

Espero conseguir postar um capítulo por semana! 

Vamos lá!

Quem estiver acompanhando, me diz o que está achando =D

Bjinhoos

Diana.

A bela JamileOnde histórias criam vida. Descubra agora