~ Capítulo 4 ~

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Capítulo 4

Seu corpo parecia ter corrido uma maratona de tão dolorido que estava.

Sua mente parecia nublada e por isso mesmo ela demorou a perceber que havia alguma coisa muito errada com o local onde estava deitada, muito mais espaçoso que sua cama de solteiro e muito mais macio do que o colchão de palha no qual costumava se deitar. Abriu os olhos assustada e então tentou se levantar da cama, mas percebeu que seu corpo não respondia direito aos seus comandos, tudo parecendo extremamente mole para o seu gosto.

― Vejo que enfim acordou, não é mesmo? ― Tentou se levantar ao ouvir a voz de um Al Bir, mas seu corpo não respondia direito. Com medo, abriu os olhos e encarou o rapaz.

Khaled parecia tranquilo sentado numa poltrona com um livro a tiracolo. As sobrancelhas grossas estavam levemente crispadas e pela sua carranca ele não parecia nada feliz. Jamile bem sabia o porquê. Tinha acabado de fugir do seu casamento com o rapaz e não teria sido encontrada se não fosse pela traição de seu amigo e antigo amor: Amin. Uma traição sem precedentes que ainda lhe apertava o coração.

Com dificuldade, conseguiu virar o rosto para o lado de modo a não encarar seu futuro esposo. Khaled, contudo, não ligou. Voltou sua atenção para a janela e respirou fundo tentando alcançar um controle que pouco lhe corria nas veias.

― Não tem importância. Sua mãe está arrumando as suas coisas e você ficará aqui em segurança enquanto não nos casamos. As coisas estão já quase certas, então você só terá que aguentar uma semana. ― Jamile franziu o cenho. Não entendia o que o homem queria dizer com isso. Acabou virando o rosto novamente para Khaled apenas para inquerir:

― Aguentando uma semana? ― Khaled suspirou.

― Sim. Como medida de segurança, será vinte e quatro horas vigiada depois que o efeito do medicamento terminar. Precisamos ter certeza que não haverá uma segunda vez para que você fuja. Se não fosse por aquele moleque insolente, eu...

― Ele não é... ― Mas Jamile se calou ao perceber que por hábito ia defender Amin. Agora, ele não merecia nada seu. Nem sequer uma visita ao seu caixão quando morto. Ele tinha contaminado todo o coração de Jamile que outrora achara que o amara.

A dor era tão forte e a deixava tão esgotada e vazia que ela simplesmente sentia como se não houvesse mais nada do que uma enorme escuridão a sondar seus passos futuros. Não havia vontade de continuar vivendo. Todos os seus planos tinham morrido com Amin e com a ideia ilusória de que poderia ter uma vida boa com o seu melhor amigo. Ainda parecia que as raízes desse sentimento estavam sendo queimadas dentro do coração dela e, talvez somente por isso, ainda doesse muito pensar em Amin.

― Sabe, Jamile... Me pergunto se você queria fugir com aquele bastardo por estar apaixonada por aquele tolo... O que ele te fez para convencer você de agir tão tolamente assim? Porque não é possível que você tenha se sujeitado a poder morrer nesse percurso somente por um amor idiota e infantil... ― Khaled se levantou da poltrona e se sentou ao lado de Jamile na ponta da cama. Jamile não ousou o olhar enquanto ele falava. ― Ele beija bem? É isso? Queria experimentar mais desse pecado? ― Jamile sentiu toda a cor do rosto sumir.

Não se lembrava de ter essa experiência toda com Khaled como ele supunha ter, tampouco que ele falasse de forma tão íntima com ela. Ainda mais que perguntasse algo desse tipo. Só havia beijado Amin há muito tempo, quando ele se despedira para lutar por um tempo pelo país e não sabia se o veria mais. Depois, eles acharam melhor aguardar para quando se casassem e Jamile até tentou guardar o gosto e a sensação do seu primeiro beijo com Amin, mas a verdade é que a experiência tinha sido tão rápida e desajeitada que a única coisa da qual se lembrava era de saliva, dentes, língua e um emaranhado de tudo.

― Não tem importância... Mas lembre-se, Jamile, se ousar fugir novamente... ― O olhar de Khaled naquele momento muito lembrava o olhar do pai dele e num ato impensado Jamile virou o rosto para o lado para não encarar o futuro marido, mas Khaled puxou o seu rosto novamente na direção dele segurando sua mandíbula. ― Eu a mato, ouviu bem? ― Jamile engoliu em seco e assentiu. Não sabia dar uma resposta satisfatória, muito menos esperava pelo que viria a seguir.

Quando percebeu, Khaled havia tomado seus lábios emendando com sua língua que já adentrava sem receios a sua boca. Ainda paralisada, Jamile arregalou aos olhos ao perceber como seu corpo idiota reagia ao beijo surpresa, arrepiando-se e apertando-se em partes que não deviam responder àquele homem estúpido! Não! Ele não podia surtir um efeito desses nela. Não quando ela tinha decido odiá-lo pelo resto da vida dela.

Num ato impensado, Jamile percebeu que sua mão havia virado o rosto de Khaled. Ele demorou a tomar partido da vermelhidão do rosto e, quando o fez, interrompeu o beijo num rompante saindo rápido do quarto com passadas largas e uma batida forte da porta. Jamile respirou aliviada por ele não ter revidado e batido nela, como era costumes de alguns homens mais velhos da sua aldeia.

Finalmente, conseguiu respirar e voltou sua atenção para o quarto onde passaria uma longa semana. Perguntou-se onde estavam seus pais que ainda não haviam aparecido, mas aquela cama era muito mais macia do que qualquer cama que houvera deitado alguma vez na sua vida e, quando deu por si, foi vencida pelo sono.

 Perguntou-se onde estavam seus pais que ainda não haviam aparecido, mas aquela cama era muito mais macia do que qualquer cama que houvera deitado alguma vez na sua vida e, quando deu por si, foi vencida pelo sono

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Eita que as coisas logo se agitam mais! =)

Espero que estejam gostando! Ainda não tenho ideia de quantos capítulos será esse conto, mas a ideia de ser no máximo 15000 palavras está andando no caminho certo! Espero conseguir acabar logo! Assim que eu conseguir, posto todos os capítulos que faltarem de uma vez =)

Bjinhoos

Diana.

A bela JamileOnde histórias criam vida. Descubra agora