Capítulo 03

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  Estava numa rodoviária, com um revolver apontado para minha cabeça, eu não podia morrer agora.

_Por favor, não me mate, eu não sei o que tá acontecendo com vocês, mas não é motivo para sair matando...

_Você não é como os outros - ela abaixou a arma e saiu andando.

  Ela não queria me matar? Por quê? Como ela?

_Parece uma pergunta idiota, mas por que você não me mata?

  Ela tornou a apontar a arma para mim.

_Não me compare aquelas bestas, desgraçado!

_Desculpa, desculpa, não foi o que eu quis dizer.

  Ela abaixou a arma por um minuto.

_Espera, eu não conheço você?

_Acho que não...

_Você é o amigo do Ricardo.

  Me recordava agora do que se tratava.

_Você é moça que trabalha no bar!

  Começamos a ouvir rugidos estranhos, e batidas na porta da rodoviária.

_Não é seguro conversar por aqui, venha comigo.

_Para onde?

_Encontrar os outros!

  A medida que andávamos, eu via que possíveis entradas, como dutos de ar, janelas, entre outros, estavam bloqueados, alguns com máquinas de refrigerante, outros com tábuas de madeira.

  A moça do bar, seguiu até um banheiro, a placa dizia que era feminino, ela abriu a porta, entramos e ela fechou. Era um banheiro com boxes de banho do lado direito, do lado esquerdo, na entrada porém dentro do banheiro, havia uma pia e um espelho, um pouco mais a frente, duas fileiras de assentos. Estavam sentadas no assento, uma senhora e uma criança que abraçava a senhora, por um momento hesitei, mas elas pareciam estar normais. Notei que havia um homem, Paulo também estava lá.

_Paulo!

_Rick!

  Eu olhei para a senhora e a criança. O que elas tinham? Não. O que elas não tinham? Por que elas estavam normais? Por que as outras não estavam normais. Enquanto parecia estar em segurança, tentei parar de pensar nisso.

  O homem estava de terno, no canto do banheiro, não falava com ninguém, ficava apenas tremendo, com um olhar fixo, deveria estar traumatizado com a realidade.

_Já que estamos seguros. Essa senhora se chama Maria, e essa mocinha é a Laura. A propósito, como era mesmo seu nome?

_Rick.

_Jéssica.

_Prazer em conhecê-la, ei, onde está o Ricardo?

  Ela não respondeu, Paulo abaixou a cabeça, também não falou nada.

_Por quê vocês... Não me digam que... Isso não... - havia entendido, não segurei minhas emoções - droga Ricardo!.

_Eu sinto muito, ele era um bom homem.

_Como isso aconteceu?

_Havíamos saído do bar, estávamos de carro, Ricardo dirigia e Paulo ia de carona atrás. Uma moça de repente saltou na frente do carro, Ricardo saiu para ajuda-la. Rapidamente ele percebeu que aquilo, não era simplesmente uma mulher. Ela o mordeu na perna, ela o derrubou. Sai rapidamente do carro e atirei nela. Eu a matei, Paulo saiu do carro e me ajudou a levantá-lo.

  Paulo escondeu que estava chorando.

_Como eu dizia, o som do tiro atraiu mais três delas. Tivemos de correr. Com a perna ferida, Ricardo corria mancando. Uma delas conseguiu segurar suas pernas, e o fazer cair. Ia voltar para ajudá-lo. Ele disse para eu correr, as outras o pegaram, começaram comendo suas pernas, por um momento pude ver seus olhos, de cor preta e vermelha, suas últimas palavras para mim foram: Me mate!. Pude acabar com sua dor, usando meu revolver. Lá ficou ele, com aquelas aberrações rasgando seus estômagos. Seguimos em frente a e viemos parar aqui.

_Seguiram a rua? Três mulheres? Rasgando os estômagos?, aquele homem em frente à minha casa era... - de pensar, me dava enjôo, fui à uma das privadas vomitar.

  Após algum tempo, quando parei de vomitar, me sentei em frente a Jéssica, tinha de focar no que tinha de fazer agora.

_Vocês conseguiram preparar esse lugar tão rapidamente.

_Na verdade quando chegamos, o lugar já estava bloqueado, procuramos por todo o lugar mas, só encontramos essas pessoas, e pelo que a senhora Maria disse, esse homem que correu por toda rodoviária, bloqueando portas e janelas.

_Eu entrei pelas portas da frente, estavam abertas.

  Nesse momento o homem se levantou e saiu do banheiro, desesperadamente, por um momento achamos estranho, depois o seguimos, ele estava pregando tábuas na porta.

_Você está bem? O que está fazendo?

  Ele se virou para nós, estava com uma expressão assustada, que dava mais medo, à que ele provavelmente sentia.

_Elas já estão aqui dentro!

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