2 • Carpe noctem

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A voz de comando de um alfa com outro não surtia efeito de submissão, mas sim de hierarquia na matilha, ainda mais por Bora ser uma lúpus.

- Mais uma aberração. - O alfa cuspia enquanto era revistado por Jaebum. Ambos não eram policiais de verdade, mas possuíam porte de arma pela periculosidade do trabalho. Para os alfas que estavam sendo abordados, eles seriam da tropa de elite, se fosse preciso.

Bora se aproximou do homem caído em posição fetal, se baixou e tocou em seu ombro. Ele se encolheu mais ainda, com medo. - Tá tudo bem, não fique com medo. - Afagou o ombro do ômega com cheiro bom, que tirou a mão do rosto para olhá-la. - Ninguém mais vai te machucar. - Olhou na volta e viu que o grupo havia fugido, deixando Jaebum com um deles.

- Eu vou ter um papo com esse infeliz, raposinha. Pego um taxi depois. - Jaebum puxava o alfa marrento consigo. - Leve ele ao hospital, acho que está com o nariz quebrado. - Se referiu ao ômega ainda caído no chão.

Bora assentiu, puxando o ômega junto à si para levantar. Quando estavam de pé ela pode ver que ele era fora dos padrões. Se não fosse pelo cheiro doce, o acusaria de alfa no instante. Ombros e costas largas estavam escondidos pela camisa social branca, suja de sangue. O cabelo loiro era bem hidratado, harmonizava com o rosto bem definido e os lábios grossos. Foi descendo o olhar por ele e vê-lo todo sujo, tinha quadris largos e uma bunda avantajada. Mais um passivo, pensou. Levantou o olhar novamente e viu que o ômega a encarava.

Jin estava um pouco desorientado pela dor no corpo, principalmente no nariz. Só se lembrava de ir até o estacionamento esperar um amigo que chegaria, mas foi parado por um grupo de alfas que invocou com seu cheiro forte. Não deveria ter ido para balada logo após um cio, mas era aniversário de um de seus irmãos.

- Vamos! - Sentiu a mulher segurar seu braço, o puxando lentamente. Quis falar que seus parentes estavam dentro da balada, mas a tosse com sangue o doeu a cabeça, fazendo com que Bora se assustasse e o puxasse rapidamente até seu carro.

A alfa dirigiu até o hospital, vendo o ômega ao seu lado gemer de dor a cada balanço do carro. Sentia dor por ele, mas nada podia fazer, a não ser levá-lo até ajuda médica.

- Eu não sei o nome dele. - Insistiu para a moça da recepção, após darem entrada no hospital municipal. - Não tem nenhum documento com ele, já procurei em tudo e ele tá muito desorientado até para escrever.

A recepcionista beta a olhou com pena. - Moça, não podemos negar atendimento à ele, porém sem documentos ele não fica internado. - Concluiu.

- Tudo bem, desde que ele não sinta mais dor. - Bora terminava de preencher as papeladas do hospital, enquanto pensava no ômega cheiroso do nariz quebrado.

Jin sentia sua cabeça doer a cada enfiada de pinça dentro de seu nariz. O médico limpava com gazes o que podia, para poder suturar o cortado e imobilizar o quebrado. Quando terminou tudo, o levou para uma bateria de exames, verificando se havia algo quebrado.

- Só quebrou o nariz e vai ficar com hematomas pelo corpo durante alguns dias. - O alfa mostrava o receituário para Bora, que prestava atenção. - Ele tomou remédio para dor, por isso está sonolento. Uma boa noite de sono e amanhã estará inteiro. - O médico se despediu, deixando os dois sozinhos na recepção.

Bora olhou para o ômega babando na cadeira de rodas e pensou no que fazer. Ele não tinha documentos, não conseguia se comunicar com ninguém. Resolveu levá-lo para seu apartamento, que comprara para ter sua liberdade com Taemin, mas que atualmente não usava muito, pois preferia dormir em seu antigo quarto na casa de seus pais.

Teve dificuldade para colocá-lo no carro e maior ainda para ir até o 9º andar de seu prédio. Entrou com ele e o colocou com cuidado na poltrona da sala. Foi até o quarto e pegou roupa de cama, forrando o sofá com um lençol e o colocando deitado ali. Retirou os sapatos e meia dele, a calça e a camisa, o deixando apenas de cueca.

HARU | Jin [BTS] ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora