Prólogo (Clara)

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— O quê vocês querem comigo? — minha voz saiu assustada e continha certo medo nela.

Não era para menos, afinal, eu estava em um beco escuro com pessoas desconhecidas e encapuzadas, que estavam me seguindo desde o momento que saí de casa para ir a escola.

Me perguntei mentalmente — porquê não tinha coragem de perguntar tal coisa em voz alta. — o porquê daquelas pessoas estarem monitorando todos os meus passos e ações. Logo depois de fazer tal pergunta, mil respostas para aquela situação estar acontecendo apareceram para mim, mais nenhuma das respostas pareceram certas.

Eu nunca fiz mal a ninguém, sempre fui alguém simpática e gentil, tirava notas boas na escola — principalmente em português, por conta de meus poucos erros ortográficos e gramáticos. —, ajudava minha mãe em algumas tarefas domésticas de casa, arrumava minha cama sem ninguém precisar chamar minha atenção, aturava meu irmão mais velho e sua chatice infinita e era voluntária todo final do mês em um asilo para idosos.

Pecados, suspensões, brigas, atritos? Nunca me envolvi em tais coisas, agora sobre pecados... Bom, todos fazem algo que pretendem esquecer em algum determinado momento de suas vidas mundanas.

Viu, Deus? Sou uma pessoa do bem, mesmo que seja ateía e não acredite no senhor, ó todo poderoso.

Aquelas pessoas na minha frente claramente não eram de Deus. Talvez fossem seguidores de alguma entidade satânica que punia pessoas que não seguem os ensinamentos de Deus ou do Diabo.

Realmente, preciso parar de assistir e ler coisas que têm tópicos falando sobre o sobrenatural. Afinal, bruxas, vampiros, transformos, lobisomens, fadas, híbridos e sereias não existem nesse universo! E acho que em nenhum outro.

— Não queremos lhe machucar, criança.

Me surpreendi um pouco com a rapidez que consegui identificar quem estava falando aquilo. Era um homem, pude perceber isso pela grossura — pela primeira em todos os meus anos de vida desde que descobri como os bebês são feitos, não maliciei essa palavra. Deve ser pelo fato de eu estar em uma situação bem... Estranha. — de sua voz.

O frio da noite estava fazendo meus pelos se arrepiarem, senti vontade de não ter ido para a escola hoje e ter faltado alegando para minha mãe estar doente e sentindo dores pelo corpo, pelo menos estaria segura em casa, e o fato de aquelas pessoas desconhecidas estarem junto de mim nesse momento não ajudou muito, porquê elas não me faziam me sentir segura — ainda mais em um momento como esses, já que eles podem ser assassinos contratados para me matar.

Ignorei a sensação de inutilidade que se apossou de meu corpo e observei curiosa quando o homem retirou seu capuz azul marinho, me deixando ver que era um senhor e que já tinha a idade um pouco avançada. Ele era careca no topo da cabeça — e eu juro que riria disso se não estivesse nessa situação. — e tinha uma barriguinha redonda, assim como a maioria dos caminhoneiros têm.

Sebastián! Não era para se revelar a moça! — olhei para a pessoa que tinha falado aquilo e me surpreendi quando ela fez a mesma coisa que o senhor: retirou o capuz, mostrando sua face irritada e seus belos cachos, que a davam um ar de aventureira e que modelavam seu rosto um pouco anguloso. Ela aparentava ter mais ou menos minha idade e parecia ser a chefe do esquema, o que me surpreendeu ainda mais.

Ah, que isto, Anastacy! Sua mãe deixou bem claro que podíamos fazer o que achasemos melhor! — como se não fosse mais me surpreender, percebi que eles estavam falando em espanhol. Eu sabia falar essa língua e a entender, porque minha mãe morava na Espanha antes de vir como imigrante para o Brasil.

— Vocês não deveriam ficar brigando, quando deveriam estar me dando respostas.

Me amaldiçoei internamente quando falei aquilo, e, ainda por cima, em espanhol. Suas cabeças se viraram automaticamente em minha direção e eu estava desejando que eles não me matassem só por falar aquilo.

Te dar respostas, eu ouvi isto bem? — a garota soltou uma risadinha irônica. — Estamos aqui para concluirmos a missão que nos foi dada, não para lhe darmos as respostas que almeja.

— Não seja tão rude com ela, Anastacy. A garota não sabe o propósito para tudo isto estar ocorrendo. — murmurou o homem.

— Mais eu preciso saber ao menos algo! — argumentei, esquecendo naquele momento que aquelas pessoas podiam me matar na hora que desejassem. — Eu lhes peço, apenas me respondam uma única coisa, então! — negociei.

— O que, criança? — indagou o senhor, ignorando o olhar incrédulo da garota sobre sua figura.

— Quem é a pessoa que mandou vocês fazerem sei lá o que, comigo?

— Precisamos obedecer as ordens de nossa chefe suprema. Ela é a toda poderosa, a que tem poder suficiente sobre nós para nos forçar a aceitar suas ordens, mandatos, acordos e negociações. Somos apenas meros peões em suas mãos. Meros fantoches e marionetes que a obedecem sem nem pensar duas vezes, e que se a desobedecem, precisam aguentar toda sua ira. Nossa Lady é a que nos dá magia. O tamanho de seu poder e força é incomparável. Antes era conhecida por todos os seres sobrenaturais que vagam pelos arredores do mundo por ser filha única de seu pai e também por ser a única de sua espécie. Ela tem os olhos maldosos do diabo, mais isso não assusta ninguém, apenas atraí cada vez mais as pessoas para a vida dela. Sem ela, não seríamos nada, ou talvez seríamos, mais iríamos ser meros humanos, pessoas que se importam apenas com futilidades e que não têm um propósito de vida tão fantástico quanto o que temos agora.

— Qual o nome dela? — perguntei maravilhosada, imaginando como essa mulher poderia ser e o quanto poderosa ela era.

Hope Clara Mikaelson.

E foi tudo isso que ouvi, porquê no momento seguinte, meus olhos se fecharam e senti minhas pernas fraquejarem.

Hope Clara Mikaelson?, pensei, antes de ficar inconsciente.

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⏰ Última atualização: Jul 25, 2019 ⏰

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Companheira | TVD and TO.Onde histórias criam vida. Descubra agora