Eu ligo de novo a tela do celular, 1:07, segundos se passaram e nada, a agonia que minhas pernas passam pelo meu corpo não diminui, minhas mãos não param de passar pelo celular e eu estou apenas tentando dormir.
Decido de levantar, pego um copo de água na pia e sento no sofá e enquanto termino meu copo me pergunto o que se passa pra me impedir de dormir, segundos depois sinto meu rosto molhado
Porque estaria chorando?
Imagens passam pela minha mente e tento afastá-las junto com as lágrimas. Por isso pego o celular e cometo mais um erro desta e de outras noites; Facebook.
Começo a passar pelo feed e vejo os sorrisos daqueles que um dia foram próximos a mim e me pergunto o que eu fiz pra perder a possibilidade de saber o motivo de todos aqueles sorrisos. Uma ponta de inveja me toca o estômago e com ela uma ânsia terrível pelo sentimento já conhecido, por não ter aquele sorriso, por querê-lo e querer tomar daquelas pessoas que eu tanto admirava.
O que eu fiz de errado?
Olho o celular, 01:34, minhas pernas não param, olho ao redor e vou lavar a louça, limpo a mesa e o balcão, varro e passo pano no chão, o tic tac na parede chama meus olhos , 02:12, o sentimento de derrota me bate e desabo em frente a tv desligada, minha mente não para, a culpa me consome por ser assim, por não ter o sorriso e a espontaneidade daquelas fotos, pela busca ridícula pela aprovação e medo da opinião alheia. Os soluços em certo momento é a única coisa que ouço, minhas roupas estão molhadas, crio coragem pra me levantar e vou me trocar, 03:00, me deito novamente olhando para o teto.
03:05
Sinto minhas pernas em aflição novamente olho a hora, fico frustrada e começo a pensar em tudo o que há pra fazer, em todos os problemas que sei que boa parte ou não me cabe ou não consigo resolver, reparo que estou levantando novamente em direção à sala.
Paro na cozinha e abro a geladeira em busca de algum lanche, nada me traz vontade, me recordo de quanto tempo que meu apetite mudou. Decido ficar com um copo de Danone que mais tarde vai ficar pela metade enquanto procuro algo que atraia minha atenção a ponto de desligar meus pensamentos para dormir, tenho o impulso de olhar a hora mas recuo pois sei que já se foi mais uma noite inquieta e o dia se aproxima sem se preocupar. Paro em um filme romântico e novamente me pego comparando minha vida com uma ficção e dê certo modo fico feliz com os primeiros sorrisos da madrugada.
4:24
Me pergunto se sou a única que passa por isso em algum momento do dia e sabendo onde isso vai dar anseio por um sinal de sono. Me recordo do meu pai em uma cena do filme clichê que prendeu minha atenção, neste momento exatamente me lembro do atrito que tínhamos e do arrependimento que senti quando o vi sendo carregado tendo o último vislumbre da luz do dia.
4;32
Ouço barulho de água e sei que alguém acordou, deito no sofá para parecer estar dormindo pois a última coisa que minha mente precisa é de sermões por ter ficado acordada a noite inteira. Os passos se encerram ao longe e sei que quem quer que tenha sido já dormiu.
05:12
Pego o controle e desligo a TV, sigo caminho novamente para a cama afastando qualquer pensamento conflitante com a esperança de ter uma boa luz de sono.
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Vidas _
ContoHistória na qual publicarei contos de minha própria autoria Obs: cada capítulo será um conto sem ligação alguma com os demais