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O veículo estacionou. Os propulsores abaixaram deixando uma pequena poeira ao seu redor. Althon Frossard saiu de seu carro de cor neutra, confiante. Suspirou firme e sorriu ao observar o grande laboratório em sua frente. Por fim, ingressou em sua nova jornada.

— Dr. Frossard, o senhor precisa ver. O ratinho simplesmente desapareceu. Foi lindo. Mágico. Esplêndido! — dizia Clary, a mais jovem dentre todos os pesquisadores do laboratório.

— Talvez ele tenha explodido. — sorriu apontando para o jaleco branco da garota com respingos avermelhados em determinado ponto enquanto caminhavam em um extenso corredor de pouca decoração.

— Dr. Frossard e seu olhar perfeccionista. Eu acabei me sujando com óxido férrico. Então, não! Ele não explodiu. Os batimentos cardíacos permaneceram em funcionamento por alguns minutos antes de desaparecer seja lá em que dimensão. — retribuiu o sorriso. Clary Lightwood, apesar de seus 25 anos, demonstrava uma inteligência acima da média. Outro atributo acima da média era sua beleza. Com cabelos cacheados de tom acajuzados, curvas voluptuosas e pequenas sardas em seu corpo, a garota arrancava suspiros por onde passava. A cereja do bolo ficava por conta de seus grandes olhos azuis.

— E os outros testes? — arriscou.

— Estávamos aguardando o senhor. As cobaias estão prontas. Injetamos o soro AuKr280,765 e todos estão em estado de modorra. Inclusive o gato. — sorriu novamente. Desta vez, tocando seu ombro no dele. Era nítido a afinidade entre os dois e, claro, o desejo de ambos. Althon Frossard, apesar do típico jeito nerd, tinha uma boa aparência.

— Ótimo dra. Lightwood. Não vejo a hora de enviar o gato e dizer para o almofadinha do dr. Presley: "Gato de Schrödinger, comprovado". — gargalhou. Realmente o dia era de comemoração.

Percorreram o corredor e desceram as escadas até chegarem em uma grande porta de correr com uma placa amarela escrita em preto com os dizeres "ÁREA DE RADIAÇÃO: Somente pessoal autorizado". Clary logo puxou seu cartão de acesso preso em seu bolso do jaleco e aproximou-se do mecanismo de leitura. Uma luz verde acendeu e um suave bipe foi ouvido fazendo aquela porta em aço inoxidável se abrir. — Vamos? Ah! E, antes que me esqueça, jamais imaginei ver você de cavanhaque. Na verdade, é a primeira vez que vejo seu rosto com sinal de barba. Você sempre costuma fazê-la diariamente. — umedeceu o lábio — Ficou muito bem em você. Assim como esse novo corte de cabelo. Te deixou mais jovial. — finalizou ela com uma piscadela.

O portão metálico se abriu revelando um amplo galpão de no mínimo 1000m². Além das dezenas de aparatos médicos, notebooks e equipamentos eletrônicos, o galpão abrigava um acelerador de partículas e um estranho tanque negro contendo quatro macas com três seres humanos em cada e um gato.

O ambiente estava preenchido por centenas de pesquisadores e cientistas do mundo todo que trabalhavam naquele projeto remetendo imediatamente a um campo repleto de formigas brancas. Vez ou outra indivíduos engravatados surgiam na imensidão dos jalecos monocromáticos. Eram os investidores, pessoas empolgadas demais em lucrar com a eficácia do projeto, enquanto outras, transpareciam a tensão pelo dinheiro investido e o prazo se esgotando.

Althon entrou confiante, afinal, toda pesquisa fora gerida por ele. Não só a gestão, mas a equação final para que tudo aquilo pudesse ocorrer. Um burburinho começou a se formar, então, pode se notar a salva de palmas despreparadas de um pequeno grupo de cientistas. O tom aumentou. Gritos pode ser ouvido. Por fim, Althon foi ovacionado por todos. Todos não. Pois sempre havia os invejosos e orgulhosos demais para assumir tal vitória.

— Por que o atraso? O resultado não lhe agradou? —Johnson Presley aproximou de sua desavença declarada.

— Eu... atrasei propositalmente para aumentar a ansiedade de todos. — não perderia a oportunidade de ser sarcástico.

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