O deus dos mortais

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A escuridão no quarto era de certo algo que atrapalhava a visão mas o abajur sobre a mesa deixava claro que se encontrava marcado na pele de Helena. Ali,no antebraço,a marca dos dois triângulos se manifestava. Pelos poucos segundos que conseguiu ver,antes de sua mãe cobri-la, Krys observou os estranhos símbolos ao redor se questionando se seriam realmente os mesmos que reconhecia do estranho que desafiou.

Por alguns instantes que pareceram minutos Helena a olhou surpresa. Após um longo suspiro ela escondeu o braço por debaixo da mesa e voltou a perguntar com uma voz ainda mais serena do que antes.

— Então… ele tinha alguma coisa que lhe chamou a atenção?

Krys a observou ponderando dizer a verdade ou não. Depois do que tinha visto na cozinha,na mesa de jantar e agora não sabia se podia mais contar com a verdade.

— Infelizmente,eu não vi nada mais do que já contei a você. - Ela disse,se afastando da mesa. — Mas se eu me lembrar de algo vou te contar.

Ela se abaixou e deu um beijo na bochecha de Helena. Em seguida se dirigiu para a porta já aberta do escritório. Sentia o suor escorrendo pelo seu rosto a cada passo que dava. Tinha que ligar para Thomas,precisava conversar com ele. Precisava contar o que tinha visto.

Foi quando já puxava o celular do bolso que ouviu a voz de Helena soando às suas costas.

— Qual foi a sensação,Krys?

Ela parou. O celular ainda em mãos. Krys então se virou para encontar com uma mulher cabisbaixa. Os olhos fixos no chão.

— A sensação? - Ela perguntou confusa.

Mas Helena pareceu não ligar. Nem mesmo levantou os olhos para olhar para ela. Sua voz tinha perdido a essência. Agora,era fria e rasgada como se mal quisesse dizer aquelas palavras.

— Eu sempre perguntei a eles. Sempre tive a curiosidade de saber. Mas todos os oito me diziam que era uma sensação horrível. Falavam de como a sede de sangue tomava conta,como se seu ser não desejasse nada mais do que a morte daquele demônio interior.

Krys paralisou. Era quase como se ela estivesse falando de…

— "Naquele momento,naquele pequeno momento,nada mais importa do que matar aquela coisa" me dizia um.

— Como diabos você sabe diss-

— " É como se o pior da sua natureza se formasse na sua frente". Me dizia outro.

Krystal foi até ela. Tentou de todas as formas chamar a sua atenção. A sacudiu,até mesmo chamou pelo seu nome. Mas parecia que não ia funcionar como da última vez. Por um momento achou que sua mãe estivesse ficando louca. Talvez realmente estivesse…

Ela falava coisas que não faziam o menor sentido. Falava sobre "os oito" sem parar. Até que disse uma coisa que fez o coração de Krys gelar.

— Ela é tão jovem…por que agora? Ele não merece morrer tão jovem…ela merece uma vida melhor…ela merece uma vida melhor…ela vai viver...

— Eu não vou morrer, mãe! Eu tô aqui. Eu tô bem aqui com você. Me ouve.

Ela segurou as mãos de Helena com as suas. Sua pele estava gelada,suas mãos estavam tremendo e seus olhos impassíveis ainda encaravam o chão. Ao não saber o que mais fazer, gritou pelo seu pai.

Enquanto ele não chegava e por mais duas horas, assistiu sua mãe chegar a loucura sem poder fazer nada. Sem palavras de conforto que a acalmasse. Sem sequer poder olhar nos olhos. Era como um fantasma preso no mundo criado em sua mente.

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⏰ Última atualização: Jul 27, 2019 ⏰

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