Por esses tempos aconteceu algo que me deixou muito puto. Raul aporrinhou meu namorado com uma conversinha meio despeitada que o fez bloquear meu amigo no seu celular, pois não se sentia confortável com suas investidas.
Mas passou...
Patrick ainda vinha pro meu lado nas ocasiões em que nos reuníamos e por isso e outros motivos, fomos nos isolando e optando pelos encontros de casais ou apenas nós dois. Nessa última opção o saldo era sempre positivo no final mesmo que eu e Marcelo nos estressássemos um com o outro no calor de alguma discussão momentânea.
Mas fazemos parte de grupos de pessoas festeiras que adoram se reunir semanalmente na casa de um, no sítio do outro, no bar do outro, onde os solteiros vão também e além destes, algum amigo, filho, primo que tá visitando, ex colega que estudou junto no exterior, colega de trabalho recém separado e por aí vai... no meio disso tudo, desse povo todo estamos sempre juntos.
Vanda fez aniversário e convidou poucos amigos para um encontro aconchegante em sua própria casa, então alguém teve a ideia de oferecer um espaço maior, no caso, Jonas que tem uma propriedade em São João Batista, um sítio bem bonito que possibilitaria um encontro maior de pessoas. Nós, amigos mais próximos organizamos algo bacana que a deixou muito feliz.
Sexta à noite uns podiam e outros não, domingo ninguém estava afim de ir, no sábado, um número maior de pessoas poderia ir então fechou e a partir de então, cada um de nós ficou incumbido de algo.
Eu acordei cedo e saí a procura das melhores tainhas e claro, ia preparar e assar. Sempre me sobra o peixe. O foda pra mim é limpar e não esperava que Marcelo me ajudaria com isso, pois Raul me disse que ele nunca fazia nada quando eventos assim eram organizados. Aí resolvi perguntar pro meu namorado sobre o porquê de ele não ter ajudado o Raul na época em que o telhado precisou ser trocado.
— Ah, porque eu trabalho sábado e domingo até tarde, né João. E a gente tinha brigado uns dias antes porque ele falou que o tal de Guto era parceiro dele nessas horas. Também disse que tu ia correndo pra ajudar se precisasse e me chamou de rato como seu tivesse feito corpo mole. Olha, ninguém vai muito com minha cara, então tudo que ele falava de mim servia pra todo mundo descer o cacete pelas minhas costas. Um dia, na frente do Braz e o Túlio ele me distratou quando comentei com ele, sobre vender aquele imóvel. Foi super seco.
— Me lembro disso...
Nem devia ter tocado no assunto. Mas pra provar que nunca serei perfeito, eu toquei.
Marcelo disse que tentaria sair umas oito horas da noite da loja, pois sábado para ele é o dia que mais vende e eu pelo menos fui compressivo.
— De certo vão falar de mim e que uso a mesma desculpa pra não ajudar a preparar as coisas.
— Se falarem pra mim, dou uma cortada na cara. — Respondo. Conhecendo cada vez mais o Marcelo, o entendo melhor e sobre fazer corpo mole, sinceramente não combina com um homem que tem comércio e atende junto com suas duas funcionárias de segunda a segunda.
Sua loja abriria como sempre, às quinze horas então ele almoçaria conosco, mas sobre o café da tarde e jantar, Marcelo não estaria presente e como me prometeu, se esforçaria para sair às vinte.
— Vamos fazer assim, eu te levo e depois te busco. — Falo quando organizo as coisas no meu porta malas.
— Fica fora de mão. Não precisa se preocupar senão tu não pode beber pra pegar a estrada.
— Então tu me leva e fica com meu carro. De noite traz. Senão não posso beber do mesmo jeito.
Ele quase teve um tróço quando falei sobre ele ficar com minha caminhonete. Para o Marcelo isso foi meio que uma prova de amor segundo ele e fez questão de fofocar com minha filha que ficou enciumada e fazendo chantagem comigo.
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Dois Escorpianos
RomanceFinalizado! Antes da leitura deste conto, posso sugerir a leitura de Amor Capricorniano, pois é proveniente daquela história. Mas se preferirem, também podem ler apenas este. Dois corações que foram partidos apoiam-se e tentam construir uma nova r...