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I beg

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I beg

Meus dias tem estado cheios, ou pelo menos eu tento mantê-los assim. Agenda cheia, reunião em cima de reunião drenava minha energia para fora do corpo, busco chegar em casa tão tarde e esgotado que tudo que faço é tomar banho e cair na cama.

Sozinho.

No começo quando eu tinha raiva e ciúmes correndo por minhas veias era mais fácil encarar a solidão de uma casa vazia, mas hoje quando tudo que tenho é saudade se tornou torturante abrir essa porta e não vê-los, não ouvi-los e não saber deles todos os dias.

Meu silêncio grita no meu peito.

O mais doloroso é que eu precisei entrar em choque para começar a entender as coisas que aconteceram nos últimos anos quando vivíamos juntos. Hoje vejo claramente que não há nada que ela não fizesse por mim.

Nada.

Suas saídas noturnas, todas as vezes que ela chegou a nossa casa com cheiro de bebida, seu trabalho no clube, as ligações de números desconhecidos. Eu conheci o inferno através das suas atitudes. Passei meses a fio sozinho dentro daquela casa cuidando da nossa filha imaginando que ela tinha outro homem em sua vida, sofrendo imaginando que ela tinha outro lugar para chamar de casa. A angústia de saber que seja lá o que acontecia era mais importante que eu, que nossa filha. Mais importante que nós.

E eu implorei que ela ficasse tantas vezes, mesmo que não me amasse mais, que ficasse por nossa filha. Por amor a nossa filha.

Eu implorei.

Eu orei e não faço isso.

Nada adiantou, eu não via amor em seu olhar tinha apenas pequenos vislumbres de quem um dia foi a mulher por quem me apaixonei. Eu queria fazer ela voltar, queria fazer ela entender que era minha vida e que eu seria o que ela precisasse. Mas a cada tentativa de aproximação ela me empurrava mais e mais para fora. Para longe dela e de tudo que um dia tivemos. Depois de um tempo sem saber lidar com ela eu desisti.

Eu me entreguei e aceitei tudo que ela tinha para me dar, mesmo que fosse quase nada. Ela oscilava entre tudo e nada e eu me apegava a pequenas coisas, as pequenas migalhas que mostravam que ela estava perto, tão perto de voltar a ser mulher que eu conheci.

Me apegava só para sofrer o dobro quando ela me afastava de novo e eu aprendi passando pelo inferno que esperança pode ser uma coisa perigosa. Ela me trancou em um manicômio e jogou a chave fora.

Seus doces lábios derramando lindas mentiras.

A verdade é que fomos imaturos mentindo e machucando um ao outro e tanto eu quanto ela aprendemos isso da pior forma.

Com a dor e a saudade.

Eu tenho a banda, sucesso, dinheiro e nunca me senti mais vazio e infeliz sem ela, sem a família que construímos juntos. Nunca imaginei experimentar a angústia de entrar em uma casa cheia de silêncio, em ver meus filhos em dias determinados. Minha vida virou de cabeça para baixo e agora eu vou lutar para arrumar, mas não sei por onde começar. Se ela ao menos me desse uma maldita pista.

Wasted Love / Rebirth - hesOnde histórias criam vida. Descubra agora