Mandrake & T. Patas Leves

111 3 0
                                    


É dia de Lua Púrpura no Norte da Peça do Fogo! No Pavillan Nahiman existe uma pequena cidade no aramalto de Nãts chamada Caixinha de Areia. Hoje é dia de festa mas o povo da cidade está muito desanimado, aquela cidade exala um desânimo sem fim. Já está chegando uma pequena carruagem sem taunos puxada por magia antiga, dentro se encontra Mandrake e o gato T. Patas Leves, ambos olhando através da pequena janelinha da carruagem para todo aquele povo desanimado. Mandrake sorri para o Patas e diz: 

– Chegou a hora gato, vamos encantar! T. Patas Leves imediatamente levanta de seu acento e com a carruagem ainda em movimento responde em forma de dancinha ridícula, que já se tornara tradição entre os dois.

– Tcha tcha tcha tcha tcha huul – rebolou o gato usando a patinha e o quadril!

Finalmente a carruagem para no centro da cidade, Mandrake e Patas descem e PLIM! Ela imediatamente começa a se moldar em forma de uma tenda roxa com detalhes dourados na borda, é claramente possível notar um desenho do brasão Maine Coon do Pavillan Battistella desenhado a mão em cima da tenda. Mandrake sem perder tempo puxa uma garrafa de vidro e começa a falar dentro dela, sua voz ecoa por todo o centro da cidade.

– Anahie, eu sou Mandrake o rei dos brigadeiros! Somente hoje eu irei despertar os seus sonhos e desejos mais profundos, qualquer tristeza hoje irá desaparecer! Vocês agora me perguntam, como? Imediatamente começa a gerar uma concentração ao redor da tenda.

– Como Mandrake? Queremos saber – gritou o povo! – Muito simples meus afels, basta apenas uma bocada nesses deliciosos brigadeiros que a magia irá fluir dentro de seus corações – disse mandrake, com um sorriso encantador.

– Mas lembrem-se! Não comam agora, pois essa degustação deve ser feita na calmaria de suas casas durante a noite, pouco antes de dormir, e ainda digo mais, essa amostra não irei cobrar! – Disse Mandrake sorrindo para o povo. Mandrake tinha tanto jeito com as palavras que deixou todos ao seu redor encantados, curiosos e fascinados. Logo em seguida Mandrake começou a distribuir os seus brigadeiros para o povo, enquanto isso T. Patas Leves fazia pequenas apresentações de ilusionismo para divertir quem estivesse disposto a gastar um pouco do seu tempo com aquele gatinho charmoso. Dentre os interessados naquele espetáculo de brigadeiro e mágica, estava o prefeito Marambanã Nahimãn com sua bela esposa Agata Nahimãn e o comandante protetor da cidade, Alanpul Justis Nahimãn, que de vez em quando se dirigia a algum soldado próximo para perguntar se estava tudo sob controle.

Quando nós estamos nos divertindo as horas passam voando, o cair da noite se aproximava da pequena Caixinha de Areia, é chegada a hora das pessoas retornarem para suas casas. Novamente em um passe de mágica a tenda do Mandrake se molda retornando a forma de carruagem, o homem e o gato decidem estacioná-la em uma pequena praça próximo dali onde eles estavam.

O calar da noite! É inexplicável o quão bela é a lua cheia púrpura, que nos fascina, nos hipnotiza com sua luminosidade, a mesma lua que no passado inspirou os primeiros povos a escreverem suas epopeias. Nessa noite púrpura e calada, todos aqueles que aceitaram os brigadeiros do Mandrake resolvem degusta-los, alguns sentados em suas camas, na sala e outros na cozinha. Todos que provaram o seu sabor imediatamente começaram a mergulhar em um oceano de sonhos e prazer, POR NOVE GATOS! A sensação é muito forte, vendo de fora nota-se que as pessoas se encontram em um estado de transe, elas não se mexem, estão duras, ficam ali, paradas como uma estátua com um leve sorriso em suas faces.

O girar de uma maçaneta, de uma grande porta de madeira, a porta se abre mas não tem ninguém, naquela casa mora o prefeito com sua esposa e filhos, todos se encontram em estado de transe devido aos brigadeiros que provara minutos atrás. Misteriosamente as jóias, moedas de ouro entre outros itens de valor começam a flutuar de uma forma estranha, em questão de segundos elas desaparecem. Esse fenômeno estranho aconteceu em várias casas da cidade nessa noite.

Dentro da carruagem Mandrake aguarda ansioso por algo.

– Falta pouco, muito pouco e AGORA! – Gritou Mandrake, vendo a porta da carruagem se abrir sozinha.

Revelando-se aos poucos era T. Patas Leves segurando uma mala marrom e gorda, cheio de jóias, moedas de ouro e itens valiosos, Patas dá um suave miado e diz:

– Ah, estamos mais ricos – gargalhando logo a seguir. Surreal é a risada de um felino!

– Patas! Conseguimos mais uma vez, agora é hora de ir embora, vamos já! Antes do amanhecer – disse Mandrake. A carruagem imediatamente começou a andar em direção a saída da cidade, a cada minuto ela se distanciava até ficar fora de vista.

Ao amanhecer, o povo acorda cansado porém feliz, com uma sensação de leveza. Porém durara pouco, foi só descobrirem que seus pertences haviam sumido que a cidade começou a ser tomada por uma onda de desespero somado a um sentimento de raiva e confusão. Em meio a todo o caos no pequeno palácio da lei, o comandante Alanpul tenta acalmar as pessoas que querem entender o que aconteceu.

Passa-se meio ciclo lunar e nada de respostas, a cidade fica tomada por intrigas e desconfianças, de um lado o prefeito desconsolado pelo prejuízo imenso que a cidade teve, do outro o comandante tentando entender o que realmente aconteceu naquela noite. Dias depois, o povo se encontrava estranho, estavam sorrindo pelas ruas! Coisa bem incomum naquela cidade.

– Tok tok!

– Quem é? – Perguntou o comandante Alanpul.

– Abra em nome da lei da Coroa do Sol – disse uma voz engraçada.

O comandante resolve abrir a porta do palácio da lei para receber o dono da voz, que imediatamente se depara com um senhor magrinho de estatura baixa, cabelos grisalhos que se mistura as madeichas loiras, em seu boné é possível ver o brasão da Coroa do Sol. O mais inusitado é o gato que esta apoiado em seu ombro, um gato branco acinzentado de patinhas curtas, o felino costuma ficar com as patinhas frontais apoiada na cabeça do senhor, engraçado e ao mesmo tempo encantador. Direto ao ponto o homem se apresenta como Pípi, um investigador da capital Coroa do Sol, o felino em seu ombro é Terulio, o gato da lei.

– Fomos informados que várias pessoas dessa cidade tiveram seus pertences desaparecidos de uma forma inexplicável – disse Pípi com semblante sério.

– Sim senhor, porém não conseguimos solucionar o caso, respondeu o comandante Alanpul coçando a cabeça. 

– Olha, meu caro comandante da cidade Caixinha de Areia, no mesmo dia desses acontecimentos eu aposto que horas antes apareceu um homem com um gato em uma carruagem vendendo brigadeiros do amor.

– Brigadeiros místicos senhor Pípi – corrige o comandante.

– POUCO IMPORTA! – Respondeu Pípi, já nervoso. Esses brigadeiros possuem magia felina! Essa magia vem de um livro antigo roubado de Ahnahie, esses dois meliantes usam a magia para aplicar furtos em toda a Peça do Fogo, enquanto um hipnotiza com os brigadeiros, o outro mais tarde rouba as casas com seus poderes de ilusionismo assim que as vítimas entram em estado de transe – disse Pípi, sentindo-se o mais inteligente dos homens.

– Faz total sentido, fomos enganados e iludidos, COMO EU PUDE SER TÃO TOLO! – Gritou o comandante puxando seus cabelos.

– Sem mais delongas, estamos atrás desses dois para leva-los até a Coroa do Sol, onde serão julgados pelos seus crimes, tem alguma informação para me ajudar? – Perguntou Pípi.

– Eu não sei, pois no outro dia eles já haviam partido, mas no que eu puder aju...

Antes de terminar a frase, o investigador virou as costas e foi embora com o gato nos ombros sem dar nenhuma satisfação. O mais intrigante que Pípi havia observado naquele dia foi que a cidade estava muito feliz, logo ele pensou:

Tolos, são roubados e ficam felizes, como se nada tivesse acontecido, vai ver essa cidade sempre foi assim, feliz... 

– Pois bem Terúlio, vamos continuar nossa busca, na próxima vez chegaremos antes deles – disse Pípi, sentindo-se o mais inteligente dos homens.


Tõrmita: Os Contos de BrigadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora