A chave de Tulipa Lovehopecatt

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Que noite chuvosa! É digno de bom senso mencionar que tal noite soa romântica para os místicos da Peça da Água, noite que galga em sua peculiaridade insana, onde pais e mães de jovens crianças excêntricas amam ler histórias para os seus filhos antes de dormir, livros de cabeceira como; a lendária cidade de Gizamamuke, a lenda de Patin Paw, A Princesa Primrose e o Capitão Savage são típicos para fermentar a imaginação mística e fantasiosa de jovens crianças sonhadoras.

O cheiro da madeira molhada misturada com a grama verde dos campos nos dias chuvosos trazem lembranças de uma infância feliz e recheada de sonhos lúcidos... Assim lembrara Tulipa Lovehopecatt enquanto olhava através da janela do seu quarto para a noite chuvosa, ao seu lado uma companheira de infância, a gata Trankas Rabo De Chave, uma belíssima fêmea de pêlo branco, listras pretas em todo o rabo, profundos olhos azuis e uma bela coleirinha vermelha com um pingente dourado em formato do brasão da família Lovehopecatt.

 Órfã de pai e mãe, a jovem Tulipa é a única herdeira da fortuna dos Lovehopecatt, ela vive em uma mansão fria com o seu cruel tio Ravus Lovehopecatt; um velho rabugento de longos cabelos brancos encaracolados, de pele suavemente parda puxada para o branco, o velho já era enrugado devido ao peso da idade e das marcas de sua amargura e crueldade, o energúmeno é do tipo que maltrata os gatos da rua com sua bengala sempre que pode, homem bronco e estúpido com sua bengala negra e seu sobretudo azul jamais haveria de ter um gato guardião. Ravus odiava Tulipa por algum motivo desconhecido, Tulipa não tinha muita escapatória, o velho tio era seu tutor e tinha controle sobre a jovem, ela até que tentou fugir algumas vezes daquela mansão, todas em vão, afinal o velho Ravus era muito astuto, ele sabia que ter a guarda de sua sobrinha fazia com que ele pudesse manter a sua riqueza e sobrevivência, o velho era tão malandro que sempre arrumava um jeito para impedir Tulipa de tomar posse do que era seu por direito. O Velho era realmente desprezível!

Nem sempre foi assim, a jovem Tulipa era muito feliz na infância, enquanto os seus pais ainda eram vivos todos viviam alegres na mansão Lovehopecatt, aquele belo palacete branco com telhado roxo e pontudo que se localizava quase na entrada da cidade, até de longe era possível avistar aquela maravilha que faziam olhos forasteiros brilharem de puro encanto, fascínio e felinissidade. Pelo menos era assim até a chegada de Ravus, o irmão mais velho do pai de Tulipa, é estranho de entender... mas o pequeno mundo fantástico dos Lovehopecatt começou a ruir, primeiro o pai de Tulipa viera a falecer de uma doença no coração, poucos anos depois mergulhada em uma imensidão de tristeza, a mãe de Tulipa já apresentava fortes sintomas da melancolia da água, não foi possível salvá-la, creio que ela morreu de amor... ou melhor, da ausência dele. Dali para frente Tulipa se tornou órfã de pai e mãe, o tio Ravus tornou-se o seu tutor e as coisas começaram a piorar mais ainda. O comportamento de Ravus ficou amargo e a partir disso a jovem Tulipa tornou-se vítima da amargura alheia.

Tulipa refletia sobre a vida todas as noites olhando através da janela de seu quarto para a rua iluminada. A jovem ficava imaginando como seria o mundo longe daquela casa... longe daquela cidade... longe daquela vida. Para consolar a sua alma triste ela vendia flores, belíssimas flores que colhia todos os dias do jardim da mansão Lovehopecatt, um belo costume que na infância ela fazia com a sua mãe. A mãe de Tulipa era apaixonada por tulipas, a sua favorita era a rainha da noite, do amor pelas flores ela batizou a sua única filha com o nome de Tulipa, ela era a sua felicidade, sua pequenina rainha da noite, logo não era de se estranhar como a Jovem Tulipa desde criança amava a cor roxa. Uma criança amável que adorava brincar pelo imenso jardim de flores... Tempo bom que não volta mais, pensara Tulipa Lovehopecatt, a rainha da noite...

Em seus sonhos ela sonhara com uma carruagem...

Sua falecida mãe ensinara um único feitiço, não era preciso ser uma bruxa para tal feito...

Tõrmita: Os Contos de BrigadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora