Parte 3: Samurai vs Raposa

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O samurai salta em direção a sua oponente e desfere o primeiro golpe. A espada faz um movimento transversal e corta o ar sem atingir o alvo. A kitsune, num movimento ágil, esquiva para o lado e evita a perigosa lâmina. Logo em seguida, com grande rapidez, parte para o ataque mirando o rosto do samurai com suas garras afiadas.

O samurai desvia do golpe e, aproveitando o ímpeto selvagem da kitsune, que claramente não calculou a força do ataque, espera que corpo da oponente passe ao seu lado para logo em seguida agarrar sua cauda e derrubá-la no chão. Não perdendo tempo, faz um segundo movimento na intenção de perfurar as costas da kitsune com a katana.

Para sua irritação, a jovem raposa consegue rolar para o lado e impedir de ser empalada no solo, mas não sem antes baixar sua guarda. Nesse momento o samurai avança e desfere um poderoso chute no tórax da kitsune.

A guardiã do bosque sente seu corpo ser arremessado alguns metros para trás e chocar-se contra uma árvore. A dor em seu peito é grande, dificultando a respiração, mesmo assim levanta-se ofegante e encara seu oponente.

- Você não é párea para mim. Seus movimentos são lentos e de fácil leitura. Desista enquanto ainda vive e vá embora – disse o guerreiro samurai.

A kitsune continuou parada, olhando fixamente para o guerreiro. Concentrando-se em respirar devagar, sentiu a dor no peito diminuir enquanto pensava no que fazer. De fato tinha percebido o quanto o humano era forte. Se demorasse demais num combate direto, não haveria chance alguma de vitória.

Olhou mais a frente para ver o segundo samurai. O mesmo segurava o pequeno goblin pendurado pela camisa. Achava que a criatura estava desacordada, mas para sua surpresa o goblin levantou a cabeça com dificuldade. Com o rosto bem machucado, seu olhar cansado e triste gritava silenciosamente um pedido de socorro.

A cena tocou o coração da guardiã. Precisava fazer algo para salvar aquela vida.

Decidida, a kitsune procurou algo no bolso do kimono e tirou de lá uma pequena esfera. Saltou, apoiando-se na árvore logo atrás com as garras dos pés e impulsionou-se para frente com velocidade. E no meio do caminho seus olhos mudaram de cor. Dos naturais dourados para um vermelho intenso.

- Tola – o samurai fez um movimento com a espada e o ar começou a rodopiar velozmente em volta da lâmina. Com outro movimento brusco, cortando o ar, o guerreiro disparou uma rajada de vento em forma de meia lua.

A kitsune arremessou a esfera e uma explosão de fumaça branca encheu o ar. Logo em seguida a lâmina de vento atingiu o local onde estaria o alvo e explodiu, levantado poeira e folhas para todos os lados e dissipando a fumaça branca.

- Bomba de fumaça? Está brincando comigo, raposa? Vai se arrepen...o que?

O guerreiro foi surpreendido quando de dentro da nuvem de poeira e fumaça, alguns metros ao lado, surgiu uma criatura diferente. Não era mais a kitsune que vinha em velocidade ao seu encontro, mas sim uma grande raposa branca de olhos vermelhos e dentes a mostra.

Observando a cena, o samurai que segurava o goblin também ficou surpreso com o que viu.

"Então essa é a Forma Ancestral dos kitsune? Achava que só os mais experientes a possuíam. Pelo jeito me enganei".

A grande raposa já estava frente a frente com o guerreiro. O samurai não teve tempo de concluir o golpe que pretendia com a espada, pois sua lâmina foi abocanhada pela fera e retirada de sua mão.

A raposa não parou em nenhum momento e saiu em disparada com a katana entre os dentes. Seu alvo agora era o segundo samurai. Seu principal objetivo agora era salvar a pequena criatura de pele verde. Não sabia o porquê, mas a troca de olhares entre eles despertara algo estranho, uma espécie de chamado.

Enquanto a grande raposa branca se aproximava rapidamente do seu objetivo, o segundo samurai largou o goblin no chão e sacou duas kunais, pequenas facas, do cinto e as arremessou com precisão. A raposa arregalou os olhos e tentou desviar, mas sem sucesso. As armas atingiram seu corpo fazendo-a perder o equilíbrio, seu sangue molhou o solo do bosque. Mas o pior aconteceu depois.

Depois de ferida pelas kunais, a kitsune foi arremessada para cima quando uma forte explosão sacudiu o chão atrás de si. Seu primeiro oponente tinha lançado sua poderosa magia de vento, a mesma que utilizara contra o goblin no rio.

Jogada a metros de distância, a raposa caiu ao solo e voltou a sua forma híbrida. Sentindo sua consciência se perder, lutou para se manter em pé, mas o esforço foi em vão.

Sua última visão foi a do primeiro samurai se aproximando com a espada em punho. O fim parecia ter chegado. Sua única tristeza foi não ter ajudado o pequeno goblin.

E de repente tudo ficou escuro.

A Sociedade da LançaWhere stories live. Discover now