O samurai salta em direção a sua oponente e desfere o primeiro golpe. A espada faz um movimento transversal e corta o ar sem atingir o alvo. A kitsune, num movimento ágil, esquiva para o lado e evita a perigosa lâmina. Logo em seguida, com grande rapidez, parte para o ataque mirando o rosto do samurai com suas garras afiadas.
O samurai desvia do golpe e, aproveitando o ímpeto selvagem da kitsune, que claramente não calculou a força do ataque, espera que corpo da oponente passe ao seu lado para logo em seguida agarrar sua cauda e derrubá-la no chão. Não perdendo tempo, faz um segundo movimento na intenção de perfurar as costas da kitsune com a katana.
Para sua irritação, a jovem raposa consegue rolar para o lado e impedir de ser empalada no solo, mas não sem antes baixar sua guarda. Nesse momento o samurai avança e desfere um poderoso chute no tórax da kitsune.
A guardiã do bosque sente seu corpo ser arremessado alguns metros para trás e chocar-se contra uma árvore. A dor em seu peito é grande, dificultando a respiração, mesmo assim levanta-se ofegante e encara seu oponente.
- Você não é párea para mim. Seus movimentos são lentos e de fácil leitura. Desista enquanto ainda vive e vá embora – disse o guerreiro samurai.
A kitsune continuou parada, olhando fixamente para o guerreiro. Concentrando-se em respirar devagar, sentiu a dor no peito diminuir enquanto pensava no que fazer. De fato tinha percebido o quanto o humano era forte. Se demorasse demais num combate direto, não haveria chance alguma de vitória.
Olhou mais a frente para ver o segundo samurai. O mesmo segurava o pequeno goblin pendurado pela camisa. Achava que a criatura estava desacordada, mas para sua surpresa o goblin levantou a cabeça com dificuldade. Com o rosto bem machucado, seu olhar cansado e triste gritava silenciosamente um pedido de socorro.
A cena tocou o coração da guardiã. Precisava fazer algo para salvar aquela vida.
Decidida, a kitsune procurou algo no bolso do kimono e tirou de lá uma pequena esfera. Saltou, apoiando-se na árvore logo atrás com as garras dos pés e impulsionou-se para frente com velocidade. E no meio do caminho seus olhos mudaram de cor. Dos naturais dourados para um vermelho intenso.
- Tola – o samurai fez um movimento com a espada e o ar começou a rodopiar velozmente em volta da lâmina. Com outro movimento brusco, cortando o ar, o guerreiro disparou uma rajada de vento em forma de meia lua.
A kitsune arremessou a esfera e uma explosão de fumaça branca encheu o ar. Logo em seguida a lâmina de vento atingiu o local onde estaria o alvo e explodiu, levantado poeira e folhas para todos os lados e dissipando a fumaça branca.
- Bomba de fumaça? Está brincando comigo, raposa? Vai se arrepen...o que?
O guerreiro foi surpreendido quando de dentro da nuvem de poeira e fumaça, alguns metros ao lado, surgiu uma criatura diferente. Não era mais a kitsune que vinha em velocidade ao seu encontro, mas sim uma grande raposa branca de olhos vermelhos e dentes a mostra.
Observando a cena, o samurai que segurava o goblin também ficou surpreso com o que viu.
"Então essa é a Forma Ancestral dos kitsune? Achava que só os mais experientes a possuíam. Pelo jeito me enganei".
A grande raposa já estava frente a frente com o guerreiro. O samurai não teve tempo de concluir o golpe que pretendia com a espada, pois sua lâmina foi abocanhada pela fera e retirada de sua mão.
A raposa não parou em nenhum momento e saiu em disparada com a katana entre os dentes. Seu alvo agora era o segundo samurai. Seu principal objetivo agora era salvar a pequena criatura de pele verde. Não sabia o porquê, mas a troca de olhares entre eles despertara algo estranho, uma espécie de chamado.
Enquanto a grande raposa branca se aproximava rapidamente do seu objetivo, o segundo samurai largou o goblin no chão e sacou duas kunais, pequenas facas, do cinto e as arremessou com precisão. A raposa arregalou os olhos e tentou desviar, mas sem sucesso. As armas atingiram seu corpo fazendo-a perder o equilíbrio, seu sangue molhou o solo do bosque. Mas o pior aconteceu depois.
Depois de ferida pelas kunais, a kitsune foi arremessada para cima quando uma forte explosão sacudiu o chão atrás de si. Seu primeiro oponente tinha lançado sua poderosa magia de vento, a mesma que utilizara contra o goblin no rio.
Jogada a metros de distância, a raposa caiu ao solo e voltou a sua forma híbrida. Sentindo sua consciência se perder, lutou para se manter em pé, mas o esforço foi em vão.
Sua última visão foi a do primeiro samurai se aproximando com a espada em punho. O fim parecia ter chegado. Sua única tristeza foi não ter ajudado o pequeno goblin.
E de repente tudo ficou escuro.
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A Sociedade da Lança
FantasyAiori, filha do líder dos Momoke, um poderoso clã de samurais. Kiha, uma kitsune do antigo Bosque das Cerejeiras. Gurin, goblin proveniente da grande cadeia de montanhas chamada Escudos Rochosos. Orinsuke, jovem samurai pertencente a um dos clãs per...