Silêncio

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 Te assustei com o final da história anterior? Poxa... Na verdade eu não ligo.

Mas estou aqui ainda por um motivo. O jovem Steve me fez lembrar de uma outra história interessante, deixe-me conta-la a você.

Conheci uma vez dois amigos. Muito unidos, muito íntimos e entendiam muito bem. Esses também se dedicavam a ajudar pessoas e a fazer caridade como forma de encontrar a paz de espírito. Em especial, pessoas deficientes auditivas.

Essa história se passou em algum lugar na América do Norte, num lugar relativamente frio e com cara de cidade grande, onde esses dois amigos se conheceram, cresceram e se formaram.

Não me recordo bem sobre a faculdade que fizeram, mas sei que se formaram juntos. Era algo relacionado a área de saúde e essas coisas. Se formaram com horas, e como já haviam combinado, abririam seu próprio centro de tratamento.

Alguns anos se passaram e fundaram uma espécie de "hospital" voltado pare pessoas surdas ou com problemas de audição variados. A maior parte das pessoas ali presente (estando internadas ou não) haviam passador traumas, acidentes, doenças... Coisas como essas que os incapacitaram de escutar.

Trabalhavam duro também para que em um futuro próximo essas pessoas pudessem passar por cirurgias ali mesmo no centro de tratamento e conseguissem voltar a escutarem colo naturalidade. Infelizmente isso se mostrava ainda meio longe, mas não se desanimavam.

Os amigos, apesar de pensarem de forma muito parecida, tinham suas personalidades até bem diferentes.

Will, diminutivo de Willian, era o fofo. Sempre sorridente e generoso, apagava o que estivesse fazendo para ajudar outra pessoa. Tinha um bom humor incomparável! E em questão de relacionamento era até bem ciumento, mas nada que fosse possessivo.

Ray, diminutivo de Raymon, era um tanto quanto ranzinza. Vivia para fazer bondade com os outros e sempre estava disposto a ajudar quem precisasse, mas tinha um temperamento meio irritante... Era um pouco grosseiro, mas nada ofensivo. Era gentil, honesto, mas pecava em paciência.

Eles quase nunca brigavam. Se entendiam em conversas mais sérias e tudo se resolvia. Haviam alguns conflitos por causa do Centro de Tratamento, mas nada que não se resolvesse no mesmo dia.

Tudo para a concretização do plano de disponibilizar as cirurgias ia bem. Até que...

Um belo dia surgiu uma proposta de uma rede de hospitais para comprar a clínica. O pessoal da empresa interessada garantiu que implementaria a área cirurgia, mas com mais limitações que o planejado pelos amigos. Novos funcionários estariam encarregados dos pacientes lá internados e novos atendentes de primeiros socorros. Até pra pessoas que simplesmente procuravam consultas em otorrinolaringológicas.

E o que já era de se esperar, Will e Ray começaram um conflito interno. A discussão quanto o futuro do seu hospital se sucedeu por uns dois meses, o que tornou as brigas cada vez mais sérias.

Will declarava fortemente que não poderiam abrir mão de seu centro de tratamento, afinal, as pessoas de lá e os pacientes recorrente de consultas contavam com eles. Ray, por outro lado, pensou na fortuna que poderia angariar com a venda. Talvez investissem em um novo lugar ou apenas poderiam investir em uma aposentadoria precoce.

É claro que, assim como Will, Ray queria muito ajudar as pessoas, mas acreditava que por mais que não fosse da forma que gostariam, elas poderiam estar sendo ajudadas. Will não queria saber! Esse era seu sonho, e nele continuaria!

Certo dia, eles se encontraram no escritório do Centro. Will chegou um pouco atrasado devido ao trânsito daquele dia. Ao entra na sala viu Ray sentado em sua mesa com uma pequena pilha de papéis em sua frente. Curioso, Will perguntou do que se tratava e foi surpreendido com a resposta.

Raymond havia assinado os papéis para a venda do hospital. Já não suportava mais o estresse que aquela briga o causará e decidiu pôr um fim naquilo tudo da forma que julgou ser a melhor possível. Apesar disso, mal sabia o que tinha acabado de fazer...

Will se exaltou como nunca antes na vida e avançou na mesa de seu amigo. Bateu com tanta força na mesa que foi possível ouvir a madeira estalando num movimento de quebrar. Berrou e o chamou de estúpido e incompetente.

Ray obviamente não deixou barato e gritou tudo de volta a seu parceiro.

A adrenalina subiu alto em seus corpos e eles já estavam à beira de começar uma briga física. Ali mesmo, em um lugar cheio de pessoas internadas e precisando de ajuda. Onde a briga por causa do dinheiro faltava mais alto em um dos lados.

Raymond se exaltou a um ponto extremo e mandou o amigo sair de sua frente no mesmo instante. Will não aguentava mais aquela situação toda. Pegou sua bolsa e agasalho e saiu da sala pisando forte.

Em menos de 3 minutos já estava em seu carro e saindo do estacionamento, sem se quer olhar para trás. Momento então que Ray olhava pela janela e sentia uma forte dor de cabeça. A briga havia o exaltado de uma forma que podia sentir seu sengue ferver correndo pelas veias e sentiu sua boca ficar seca.

Mal havia o carro de seu amigo saíra do estacionamento e seu peito já se apertava e o coração doía.

Não era remorso, era um ataque cardíaco!

Ray era cardíaco a muito anos, devia a problemas de pressão e exposição a muito estresse no trabalho. Havia ouvido recomendações médicas de não se expor a situações as quais pudesse ter picos de adrenalina por algum tempo para que sua pressão se estabilizasse, mas adivinha só o que aconteceu... Verdade, você acabou de ler!!!

O pobre homem caiu no chão de joelhos, com uma mão o apoiando e outra segurando seu peito. Gritou alto! O mais alto que conseguia! Tentou chamar atenção de alguém para que o ajudasse, mas... Como bem sabe, era um centro de tratamento para SURDOS!

Ray ficou lá. Se contorcendo no chão frio, clamando por ajuda, mas no fundo... Sabia que ninguém o ouviria...

Sabe qual é a sensação de se estar sozinho numa sala praticamente toda fechada e não ter ninguém para te ouvir gritar? Quer dizer... te ouvir TENTAR gritar...

Quando seu coração está parando, dizendo que a sensação de dor é como ter seu órgão comprimido por uma mão muito bruta. Seu sangue não circula direito e você começa a ter falta de ar intensa devida à falta de oxigênio sendo bombeado. Isso é para você leigo que lê, imagina para um profissional da saúde que sabe o que está acontecendo e já espera pelo seu fim.

Não havia o que fazer. E com forme sua visão embaçava e seu peito ardia, Raymond sentisse cada vez mais próximo de ficar na mesma temperatura daquele chão...

Não deveria lhe contar essa parte, mas, ao sair do escritório, Will deixará a porta aberta. Considerando que o consultório ficava em um corredor relativamente movimentado, seria bem possível que alguém o visse e o ajudasse. Mas se isso aconteceu, se chegaram a tempo ou se ele sobreviveu sozinho ao ataque... Bom, vai da sua imaginação.

Uma coisa eu lhe garanto, não foi nada bom não ter quem o ajudasse, ou simplesmente, que pudesse escutar seu grito de socorro. 

Não Leia Essas Histórias Antes de DormirWhere stories live. Discover now