Não Leia Essas Histórias Antes de Dormir

Caçador

 Dessa vez, vou lhe contar uma história que aconteceu longe do hemisfério Norte da terra. Quem sabe nessa daqui eu não consiga fazer com você ou o pobre Ray sofreu... Um baita ataque cardíaco!

Me diga uma coisa (em sua mente é claro): você gosta de animais?

Cachorros e gatinhos fofinhos são fáceis..., mas e animais com garras e dentes um pouco maiores, ou simplesmente com mais fome...?

Essa história se passa a muito tempo atrás. Em uma tribo africana a qual eu não me lembro onde geograficamente suas terras se encontram hoje. Mas isso não importa muito para nossa história.

Um jovem, filho do chefe de sua tribo, estava na fase de sair e trazer sua primeira caça para casa. Acho que se tratava de rito de passagem ou coisa do tipo, nunca liguei muito pra tradições. Mas enfim, seu nome era Gahiji, que em dialeto africano significa "caçador".

Talvez ele já tenha sido predestinado pela família a se tornar um caçador de respeito e garantir o sustento da tribo. Vá entender...

Mas como eu estava dizendo, Gahiji devia sair e trazer uma bela caça, a condição era que fosse maior que seu próprio corpo, e que no mínimo fosse mais rápido ou mais forte que ele. A maior parte dos rapazes conseguiam, e como ele treinava desde que se entendia por gente, essa não seria uma tarefa tão difícil assim.

Acordou cedo no seu "aniversário". O "calendário" da tribo na época era mais ou menos medido por época de chuvas e secas, sendo assim, ele tinha entorno de 17 anos para o nosso calendário gregoriano atual. Jovem para morrer, mas não para caçar. Louco a realidade de outras culturas não é mesmo?

Sol a pino. Era hora da caçada. Pela hora de maior temperatura no dia, é o momento que a maior parte dos animais diurnos saem para se alimentar e tendem a ficar mais próximos de fonte de água. Horário perfeito para uma caçada.

Em meio a um círculo de membro da tribo, Gahiji recebeu marcas na pele com alguma "tinta" deles e passou por todo um ritual de preparação e transição da fase da vida... Nada de muito bizarro. Rituais comuns que facilmente são vistos até hoje como por exemplo a "primeira" ida para um bar na vida adulta ou o primeiro apartamento, mas é claro, com outra pegada.

Gahiji empunhava nada mais que uma lança, dada por seu pai a ele e se cobria com nada mais que suas vestes de couros e tinturas tradicionais. Virou as costas para a aldeia e foi em direção a mata aberta com postura de um cavaleiro medieval, jurando voltar apenas com uma carcaça de animal em mãos.

Pôs-se a andar em meio a arbustos e graminhas rasteiras a caminho de um grande lago na região. Era quase uma tática ninja de aproximação sobre a grama crocante. Qualquer barulho afastaria qualquer animal ali por perto. Já pensou que jogo de perseguição uma caçada desse tipo de ser?

Se posicionou estrategicamente atrás de uma árvore em meio ao mato e observou antílopes se aproximando. Não era exatamente como matar um leão, por exemplo, mas já seria uma caça digna de um nobre caçador. E Gahiji já havia matado equinos até maiores do que as presas que estava ali em sua frente, nada que pudesse impedi-lo.

Bom...

Eu lhe disse que era uma hora do dia para caçar, não foi? O ser humano tem uma mania horrível de não se ver como uma outra espécie de animal qualquer, como eu disse no conto do nosso pobre Steve.

Um pequeno grupo de leoas havia saído para caçar cedo naquele dia e, naquele momento, deviam presa com Gahiji.

Lutar contra leões não fazia parte do ritual e nem era muito esperto de sua parte. Tendo isso em vista, Gahiji decidiu que seria mais inteligente de sua parte se afastar e procurar caças em outro lugar ali perto, ou até mesmo esperar para que as leoas fossem embora.