ATO XV: todos os lados do dado.

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"Chorar é diminuir a profundidade da dor. — Shakespeare."

Daremos uma pequena pausa em nosso protagonista — cuja toda a sua vida parecia ruir diante de seus olhos, tal qual uma teia de aranha — e vamos focar em seus, antagonistas, por assim dizer. Oras, eles também são centro da trama embora atuem de maneira diferente do garoto chamado Lee Felix.

Hwang Hyunjin. Menino dos olhos belos, sorrisos cativantes, voz aveludada e de coração grandioso. Ele, por sua vez, percebeu que possuir um grande coração nem sempre têm pontos positivos. Sentia-se traído — não apenas pelo menino que chamou de namorado — mas também pelo menino que taxava como melhor amigo.

Chegou em sua residência de maneira devastada. As lágrimas caiam de maneira copiosa e Hyunjin sentiu-se como uma pequena criança que acabara de ralar o joelho.

Nayeon foi a primeira a vê-lo em tal estado e o menino rapidamente correu até os braços da garota. Esta, por sua vez, se surpreendeu ao ver Hyunjin assim, logo ele que era tão feliz e contente.

Isto é, ele seria, se ainda tivesse o coração inteiro.

Ela o levou até o quarto que dividia como Momo, ofereceu água ao mesmo e pediu que este explicasse o que aconteceu. As lágrimas impediam que sua visão observassem com clareza Nayeon a sua frente, toda via, contou a ela o que aconteceu.

— Você deixou Lix se explicar? — foi a primeira coisa que perguntou assim que Hyunjin terminou de contar a história. O rapaz lhe olhou com evidente confusão no olhar e a menina suspirou em clara chateação. — Oras, a situação é delicada mas existem dois lados da mesma moeda. É uma espécie de lei da vida.

— Eu não deixei que ele se explicasse com exatidão. Felix falou muitas coisas conforme discutíamos. — revela meio incerto a menina sentada na beirada da própria cama. — Ele ficou com o cara que eu gostava, me sinto traído e sujo.

— Hyunjin, entendo que você está magoado e machucado com tudo. — Nayeon começa a falar enquanto suas mãos brincavam com os dedos de Hyunjin. — Mas temos que ouvir o outro lado. Perdoar é uma coisa, porém ouvir é essencial. Há quantos anos que você é amigo do Felix?

— Há cerca de quase cinco anos. — ele comentou sorrindo meio sem graça. Aos poucos, foi entendendo onde Nayeon queria chegar. — Ele ainda era uma criança quando o vi. Digo, eu também era. Ele tinha o cabelo preto, usava óculos estranhos e pagava de hétero do rolê. — riu diante da antiga memória que logo se fez nostálgica.

— E a quanto tempo conhece Changbin?

Hyunjin olhou para vários locais antes de responder a pergunta da menina, sabia que ela certamente tinha razão.

Nayeon sempre conseguia ter razão.

— Há quase um ano. — disse, finalmente. — Ok, você me pegou. O tempo de amizade que tenho com Felix equivale a mais do que coloquei por cima de Changbin.

— Devemos saber administrar o que temos. Seja amor, paixão ou amizade. Não devemos julgar os demais só porque não sentimos o que eles sentem, devemos ter consciência para analisar todos os lados do dado. Changbin errou, Felix também e você, certamente. Agora, converse com seu amigo e ajeite as coisas. — Nayeon fala se aproximando do rapaz. O arruma em sua própria cama, lhe cobre com um lençol e sussurra perto do ouvido deste: — Descanse um pouco, vai ser melhor assim.

[...]

— VOCÊ O QUE? REPETE! — a voz de Jisung sobe algumas oitavas assim que Changbin explicou ao amigo sobre toda a história ocorrida a horas atrás. Afastou brevemente o celular da orelha e massageou a área. Jisung irritado parecia com aqueles roedores das árvores quando mexiam em seu alimento. Não queira ver. — Fala de novo.

— Eu beijei o Felix e Hyunjin chegou minutos depois. Eles brigaram por minha causa. — retornou à falar ao amigo. Com medo de outro surto vindo deste, logo afastou o aparelho eletrônico. Este, por sua vez, não fez nada, e Changbin conseguiu escutar algumas palavras.

—... Por que você tá gritando, Sung? Eu tava no quarto vizinho e escutei. — diz outra voz do outro lado. Jisung demora longos minutos para voltar a ligação e enquanto ele discutia com esse alguém — que Changbin não havia focado tanto — decidiu fazer um macarrão instantâneo. Enquanto murmurava uma letra de alguma música internacional, parou no centro da cozinha e indagou:

— O que o Minho tá fazendo aí contigo?

Changbin sabia que Jisung havia viajado por conta de sua avó doente e também sabia que a senhora morava na Malásia — ou achava que fosse isso, não prestou tanta atenção nessa parte da explicação do amigo — e que ele só voltaria em meados de setembro.

— Ele veio me visitar. Mas o assunto não é esse, é sobre as merdas que você tá fazendo sem eu aí. — retrucou sério. Ouviu uns murmuros vindo de Minho e parecia que ele tentava acalmar Jisung. — O que você tinha na cabeça quando beijou o Felix? Okay que o Felix é um gato, com todo respeito Minho, mas isso não te dá o direito de beijar ele sabendo que você namora. Quer dizer, namorava, né. Tadinho do Hyunjin, o bebê não merece. — ele falava com bastante emoção na voz, demonstrava os sentimentos em questão e Changbin sentiu um peso a mais em seu coração. O sentimento da culpa. — Você é um idiota sem escrúpulos e um garoto frio do caralho que fez isso. Minho, gostaria de dizer algo?

— Isso não me diz respeito. Mas você foi um idiota de marca maior, Changbin. Eu vou pra cozinha preparar algo para a gente, volto depois. — um silêncio se perdurou e Changbin ouviu um barulho de beijo.

Coloca a ligação no viva voz e começa a preparar o seu alimento. Embora comida o deixasse feliz, agora ele se sentia triste e ferido. Só que o problema maior era que Changbin sabia ser o culpado de todo esse caos.

Ah, que culpa ele tinha se havia se apaixonado por Felix e acabado nutrido sensações por Hyunjin? Mas este sabia que era paixão, carinho mútuo e respeito. Ele mesmo sabia que seu maior amor era Felix, o menino de belas sardas que se assemelhavam as constelações.

Constelações que certamente ele não chegaria a tocar. Não sabendo que arruinara uma amizade e quaisquer chances de ficar com Felix.

— Espere um tempo e converse com eles depois. Eles merecem explicações e pedidos de desculpa bons, ouviu? — a voz de Jisung se faz presente novamente no cenário, Changbin quase se esquecera do amigo e da ligação que havia feito. — Eu vou desligar, se cuida e tenha juízo, menino.

Às vezes parecia que Jisung era o mais velho dentre os dois — embora fosse um pouco bobo em algumas cenas, Jisung é um bom rapaz — e sempre tentava ajudar o amigo. Vira e mexe ajudava com problemas do coração, como se ele fosse um cupido com feições de esquilo. Auxiliava em alguns deveres escolares, ou simplesmente falava até não poder mais sobre sua paixão — agora, pelo visto resolvida — por Lee Minho, jogador da escola.

Pensando sobre o que faria diante dos problemas, Changbin se acomodou em seu sofá — sabendo que a mãe só chegaria mais tarde — e enquanto comia formulava algum plano bom o suficiente para convencer tanto Lee Felix de seu amor antigo — parecia garoto de conto de fadas, mas não focou tanto nisso por ora — e Hwang Hyunjin de que merecia o seu perdão.

[...]

a idade deles girava em torno dos 12/13 anos mais ou menos. E aí meus amores, como estão? Eu ando bem, só preocupada com a porcaria do enem mesmo sabendo que ele é em novembro, fazer o que né. Enfim, obrigada a todo o carinho colocado aqui, vocês são incríveis❤

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